Faltam apenas cinco rodadas. O Brasileirão, como nos anos anteriores, está emocionante, equilibrado e indefinido. As chances de um pretensioso analista acertar as previsões são as mesmas do vidente e gente boa Alex Escobar.
Se os analistas acertarem, vão dizer: Não falei? Se errarem, falarão que o futebol é uma caixinha de surpresas.
Felizmente, acabou a onda no Brasil de se jogar com três zagueiros. Até o São Paulo. Como o adversário costuma ter apenas um atacante fixo, não é necessário ter um terceiro zagueiro nem um volante-zagueiro. O lateral ficou menos sobrecarregado, já que não necessita mais de avançar durante todo o jogo. Isso é feito pelo atacante, pelo lado. Ele e o lateral formam a dupla, na marcação e no apoio.
Outro motivo de não se jogar mais com três zagueiros foi que os técnicos assistiram ao Mundial e não viram uma única grande seleção jogar dessa forma.
A postura preferida dos times brasileiros é a mesma de Dunga e de outras seleções que vimos na Copa: recuar, marcar e contra-atacar. Foi o que fez o São Paulo contra o Cruzeiro, apesar da lentidão de Fernandão. Lucas, excelente jogador, pela direita, e Dagoberto, pela esquerda, recuavam, marcavam e chegavam rapidamente à frente.
Mas se os dois times pensarem do mesmo jeito, um esperando o outro, o futebol fica chato, sem contra-ataques e decidido apenas nas jogadas aéreas. Espero que não seja assim nos jogos decisivos de hoje. Todos os times precisam arriscar.
Por outro lado, diferentemente do que vimos na Copa, com muita troca de passes curtos e seguros, para manter a posse de bola, em um ritmo lento, os times brasileiros adotam a estratégia do vapt-vupt, de muita correria, pressa e bola para frente.
Por falta de qualidade técnica e/ou orientação dos treinadores, os jogadores morrem de medo de perder a bola.
Prefiro a filosofia do Barcelona, de diminuir o espaço entre a defesa, o meio-campo e o ataque, de marcar mais à frente, de pressionar quem estiver com a bola, de defender não dando a bola para o adversário, de trocar muitos passes e de esperar o momento certo para acelerar e tentar a jogada decisiva. Nem sempre é a melhor solução, mas é que mais encanta.
Um time precisa saber o momento certo de aumentar e de diminuir o ritmo, de agredir e de reter a bola. Assim funciona o coração, sístole e diástole, contração e relaxamento. Assim é a vida.
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