Mário Sérgio, ex-técnico do Inter, falou, no programa Arena SporTV, que se sentiu ofendido por eu lhe ter chamado de Professor Pardal. Não quis ofendê-lo. Apenas repeti, com ironia, o que tantos dizem, que ele inventa demais.
Já chamei Adílson Batista de Professor Pardal, e ele não se ofendeu. Aliás, foi o próprio técnico quem primeiro falou que agiu como um Professor Pardal, ao fazer uma estranha substituição em um jogo do Cruzeiro. Adílson Batista é hoje um dos principais treinadores brasileiros. De vez em quando, tem uma recaída.
Uma coisa é o técnico que inventa demais, que faz alterações inexplicáveis, que acha que só ele entende de futebol, e que começa e termina a carreira como Professor Pardal. Outra é o treinador inquieto, criativo, que sabe muito, que tenta soluções diferentes, algumas no momento errado. Este, com o tempo, vai se tornar um grande treinador. No início de carreira, é difícil separá-los.
Mário Sérgio, no mesmo programa, disse que me deu apoio quando comecei a trabalhar de comentarista, na TV Bandeirantes. É verdade. Não só ele, como Gérson e Rivellino, companheiros na seleção de 1970, que também me apoiaram.
Por termos trabalhado juntos, Mário Sérgio reclamou de minhas críticas e ainda, mesmo sem dizer textualmente, me cobrou uma dívida por ter me tratado bem. Alguns (poucos) treinadores, dirigentes e atletas também já reclamaram. Por eu ter sido um atleta, acham que eu deveria ser menos crítico, mais condescendente, como fazem alguns ex-atletas comentaristas.
Por ter sido um jogador importante da história do Cruzeiro, alguns dirigentes já reclamaram de minhas críticas e de minha ausência em eventos do clube. Não vou a esses e a outros encontros, no Cruzeiro e em outros lugares, porque não quero perder a liberdade e a independência de criticar e elogiar.
Esses jogadores, dirigentes e técnicos que reclamam confundem passado com presente, relações profissionais com corporativismo, o que não faz mais sentido, pois parei de jogar há 37 anos. Tenho outra atividade e a obrigação de ser imparcial. De minha carreira de jogador, muitos atletas atuais só sabem que atuei ao lado de Pelé.
As mesmas duras críticas, feitas por comentaristas que não foram atletas, são geralmente mais aceitas e toleradas que as minhas.
O mundo do futebol é parecido com o da política e de parte da sociedade. O Brasil é o país da troca de favores, do "é dando que se recebe", das patotas, do corporativismo e do nepotismo.
Cada vez mais, as pessoas não se preocupam em ter amigos, ser amadas e ter bons relacionamentos pessoais. Querem ser admiradas, bajuladas e ter ótimas relações profissionais. Só pensam na carreira e no sucesso.
A troca interesseira de favores é caminho para a corrupção, outra praga nacional. O corrupto se relaciona muito bem com outro corrupto. Adoram trocar panetones. O corrupto costuma ser tão social, tão gentil, que até parece ser sério. Para diminuir bastante a corrupção, não bastam duras leis. É necessário também diminuir a promiscuidade social.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada
Deixe sua opinião