Moraci Santanna, durante treinamento do Atlético: Preparação física vai além dos trabalhos do dia-a-dia| Foto: Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo

Futuro incerto

Um dos responsáveis diretos pelo renascimento do Atlético no Brasileirão, Moraci ainda não sabe o que o futuro lhe reserva. "Quando vim para cá, acertei com o Edinho (Nazareth, ex-diretor de futebol) um contrato até o final do ano para ajudar a manter o Atlético na primeira divisão. Ainda não conversamos sobre o futuro. Acho que todos estão (eu, diretoria e o próprio Geninho) esperando que a situação do clube finalmente se resolva para conversarmos".

Mas, como um alento para a torcida, Moraci se diz contente com o trabalho desenvolvido e se mostra disposto a ficar. "Eu estou satisfeito com o meu trabalho até aqui. Minha relação com a diretoria é maravilhosa e sinto que há uma confiança no meu trabalho, o que facilita para conversarmos sobre a renovação. Vamos esperar o fim do campeonato para pensarmos mais sobre o assunto", disse. (ELK)

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Parceria de Moraci (à direita) com o técnico Geninho é um dos segredos do sucesso do Atlético nas últimas rodadas
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Ferreira, Valencia e Alan Bahia. Os três jogadores do Atlético Paranaense são os melhores exemplos da evolução física da equipe no Brasileirão 2008 desde a chegada do preparador Moraci Sant’Anna. Bicampeão Mundial pela Seleção Brasileira, ele chegou ao clube junto com o ex-treinador Mario Sérgio para tentar recuperar a precária condição física dos jogadores atleticanos. Mário Sérgio saiu, mas ele ficou com a chegada de Geninho. O contrato da dupla com o rubro-Negro termina no fim do ano e ainda não há definição sobre a permanência. Quando chegou, o que Moraci encontrou foi assustador.

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"Realmente. Quando cheguei aqui, a situação estava muito complicada. Tínhamos 13 jogadores no departamento médico, o que é bastante anormal. O que mais me preocupou, após as avaliações que pude fazer, o que mais me deixou angustiado, era ver os jogadores naquela situação e não poder fazer nada de imediato para melhorar. No curto prazo, emergencialmente, não havia o que ser feito. Se eu puxasse demais o ritmo dos treinos, mandaria mais gente para o DM", disse Moraci, por telefone, à Gazeta do Povo Online.

O método de trabalho que mais se encaixou às necessidades do grupo de jogadores atleticanos foi decidido e precisou da participação de todos para dar certo. "Usamos o equilíbrio nos trabalhos, apesar de termos tido que assumir alguns riscos no começo. Tínhamos que forçar um pouco e sabíamos que mais jogadores poderiam voltar ao DM, como realmente aconteceu. Mas hoje, com o time em evolução, percebemos que valeu a pena".

Aos poucos o departamento médico do time foi esvaziando e nesta semana chegou a um momento quase inédito na temporada: apenas Renan segue em tratamento (além de Nei, operado, que só volta ano que vem). "Depois desse primeiro momento, com base na nossa experiência e nas condições que tínhamos, mantivemos um ritmo de trabalho forte, mas sem exageros, aliado a trabalhos táticos e técnicos. A sintonia com o Geninho foi fundamental e o equilíbrio foi a chave do nosso sucesso momentâneo".

Hoje, os jogadores têm se mostrado em um outro nível de preparo físico, bem diferente daquele encontrado por Moraci. "Não só o Ferreira está melhor, mas o Alan Bahia, o Valencia e a maioria dos jogadores. A evolução é sensível. Quando paramos de jogar quinta e domingo, o grupo todo melhorou. Do jogo contra o Vasco, que foi super desgastante, para o contra o Sport, que marcamos o gol da vitória no final, eles responderam muito bem e comprovaram essa evolução".

O "dedo" do Moraci

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Além de cuidar da preparação física do clube no dia-a-dia, Moraci Sant’Anna foi além. Para ele, é preciso conseguir um algo a mais para se alcançar o objetivo traçado. "Toda vez que você faz uma programação, leva em conta que os jogadores envolvidos são atletas profissionais. Quando você recebe um jogador pela manhã, espera que ele tenha se alimentado e descansado bem durante a noite, para daí sim responder aos treinos da maneira esperada. Mas nem sempre isso acontece".

Controlar essas variantes se revelou uma missão complicada. "Quando eles comem no CT, a comida é balanceada e controlada pela Cris, nossa nutricionista. Fora dali é difícil controlar. Para complicar, hoje a maioria dos jogadores é casado e muitos deles têm filhos pequenos. Por vezes, um choro fora de hora, pode comprometer uma boa noite de sono. Para diminuir esse tipo de coisa, quando temos jogos domingo, chegamos a concentrar na quarta-feira para termos jogadores inteiros no dia do jogo".

A preocupação de Moraci com o extra-campo foi ainda mais além. "Já conversei com todos, do roupeiro ao presidente, sobre preparação física. Para você ter um idéia tive uma conversa com o pessoal que trabalha com o gramado da Arena da Baixada. Chegou um momento que a grama estava alta demais e prejudicava o desempenho dos jogadores, já que tivemos vários jogos com o gramado molhado e pesado. A grama ficava com 3,2 cm e pedi para baixar para 2,8 cm (risos). Nessa hora vale tudo", diverte-se.