A derrota para o Marília não provocou estragos apenas no time do Coritiba, que não conseguiu o título antecipado da Série B na noite desta sexta-feira (16) em Curitiba. Uma briga generalizada entre torcedores e policiais transformou a Rua Mauá, principal acesso do Estádio Couto Pereira, em uma verdadeira praça de guerra. Três policiais e dezenas de torcedores ficaram feridos.
A confusão começou, segundo relatos de policiais e torcedores, após a tropa que fazia o policiamento do local ter sido alvejada por pedras e garrafas. A reação foi rápida. Bombas de efeito moral e balas de borracha foram usadas para atacar a multidão.
"Eles (a polícia) saíram atirando em todo mundo e para todo lado", reclamou o coxa-branca Júlio Pecuch. "A polícia não distinguiu quem era da confusão e quem não era. Eu fui atingido por uma bala de borracha quando estava encostado na parede tentando fugir da briga. Chegaram gritando e disseram corre, corre, pedi pelo amor de Deus para não atirarem, mas eles não me ouviram", disse o torcedor Fernando Serafim, de 27 anos, enquanto mancava com muito sangue na perna esquerda, amparado por quatro primos.
O auxiliar-administrativo Leônidas Camilo Júnior estava no banheiro do estádio no momento em que a confusão começou. Quando voltou, não conseguiu encontrar a mulher e a filha, que ficaram do outro lado do cordão de isolamento formado pela polícia. Ele diz ter se deparado com uma guerra campal.
"Era só gente que queria ir embora e não estava provocando ninguém e acabaram apanhando muito. A minha esposa tentou voltar para me encontrar, mas um policial engatilhou uma espingarda calibre 12 no rosto dela e a mandou sair da frente. Eu vi um senhor que pediu à polícia para sair do estádio ouvir como resposta: Ninguém mandou você vir em estádio onde só tem vagabundo, relatou.
O confronto ocorreu exatamente no momento em que os torcedores que saíam do estádio tiveram que voltar para dentro das arquibancadas, causando pisoteamento de outras pessoas no corredor de acesso.
"Vi mães e crianças chorando, muita gente machucada", disse o torcedor Rodrigo Papov, que esperava a confusão terminar para sair do Alto da Glória ao lado da esposa e de algumas amigas.
Informações extra-oficiais da Polícia Militar revelaram que havia uma rixa entre a PM e algumas pessoas que estavam na Rua Mauá, mesmo antes do fim dos jogos. Três policiais e dezenas de torcedores (atendidos por quatro ambulâncias que trabalhavam no jogo) ficaram feridos.
Torcida organizada
O conflito poderia ter sido ainda maior. Aproximadamente duas horas após o encerramento do jogo, cerca de cem policiais se posicionaram para entrar na sede da torcida organizada Império Alviverde, do lado de fora do estádio, na esquina das ruas Mauá e Amâncio Moro. O presidente da torcida, Luiz Fernando Corrêa, e o advogado Raul Rangel conversaram com os policiais e os convenceram a desistir da ação.
"Na segunda-feira vamos entrar com uma medida judicial junto à Secretaria da Segurança Pública. A Império não pode ser tratada com tanta covardia e desrespeito", avisou o advogado.
A reportagem procurou os responsáveis pela operação policial, mas não conseguiu contato. Os policiais envolvidos não quiseram dar entrevistas.
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