Córdoba - Mesmo após o empate sem gols com a Venezuela na estreia, o técnico Mano Menezes dizia não pretender mudar muita coisa na seleção brasileira por causa da "filosofia de trabalho" estabelecida. Ontem, porém, tornou o time uma salada no 2 a 2 com o Paraguai, pela segunda rodada da Copa América.
A equipe, que havia começado a preparação para a Copa América com uma ideia de jogo definida, apostando no quarteto ofensivo Ganso, Robinho, Neymar e Pato, se tornou um quebra-cabeças. Dois jogos depois, é impossível dizer como enfrentará o Equador na quarta-feira, partida que se tornou decisiva.
Muito por culpa do quarteto, é verdade. Tanto que Robinho foi o primeiro a perder o lugar, Neymar foi muito mal ontem e Pato voltou a perder chances claras. Ganso continua sumido a maior parte do tempo, mas deu os passes para os dois gols.
Substituto de Robinho, Jadson havia sido testado no treino secreto de quarta-feira em Los Cardales e sua presença entre os titulares surpreendeu. "Era a mudança mais segura. Testamos diante da Escócia, com Lucas, Ramires, Elano [no lugar de Ganso] e Jadson. Precisávamos fazer algo diferente", explicou Mano, que viu um time muito previsível contra a Venezuela. "A ideia era trazer mais um jogador ao meio para ganhar o setor, alguém com capacidade para compartilhar com o Ganso a armação", acrescentou.
A equipe demorou a se acertar. Jadson errava a maioria dos passes, mas foi bem em dois lances capitais, primeiro deixando Pato na cara do goleiro e depois abrindo o placar. Mano o tirou no intervalo, com a justificativa de que havia tomado cartão amarelo e corria risco de expulsão.
Porém jamais esperava tomar dois gols em falhas feias da elogiada defesa que já não era superada há quatro partidas. "Arriscamos demais em um setor que não podemos arriscar. Pode custar um preço alto e custou", cutucou Mano Menezes, sobre a bola perdida por Daniel Alves e que resultou no segundo gol e o obrigou a colocar o time novamente à frente.
Apesar de não criar mais chances, foi salvo pelo gol de Fred aos 44 minutos. Salvo, mas nem tanto. A torcida hostilizou o treinador, que chegou a dar tchau de forma irônica ao público que reclamava na arquibancada.
Segundo a avaliação de Mano, a equipe evoluiu em relação ao primeiro jogo, e vai melhorar mais no próximo. Difícil é saber, ou ele conseguir explicar, em qual momento da confusa partida viu a evolução.
Os jogadores agora já nem pensam em uma apresentação brilhante. O importante é vencer de qualquer maneira o Equador para assegurar a vaga. "É preocupante, sim", admite o volante Ramires, percebendo no decorrer do discurso a verdadeira gravidade da situação. "Mas uma hora vamos encaixar. Aliás, uma hora não, tem de ser agora, porque só tem mais um jogo e precisamos ganhar para seguir..."