O Coritiba vive uma semana de muita expectativa e tensão. No jogo deste domingo, fora de casa às 16h contra o São Caetano, o time alviverde joga sua sorte na elite do Campeonato Brasileiro. Se não vencer, o clube estará praticamente rebaixado para a Série B em 2006.
Caso isso aconteça, o Coritiba pode tirar algumas lições de suas próprias experiências e buscar inspiração em alguns grandes clubes do futebol brasileiro que caíram, mas voltaram a brilhar.
Campeão mundial na segundona
Só quem esteve lá para resumir as dificuldades enfrentadas e as soluções encontradas. Rebaixado no Campeonato Brasileiro de 2004, o Grêmio faz uma boa campanha na Série B e está a um ponto do retorno à 1.ª divisão. O presidente Paulo Odone explica qual é o grande segredo para a superação. "Além de uma administração consciente, o clube tem que contar com a solidariedade do torcedor. Ele, somente ele, é quem pode trazer um time do fracasso para a glória".
O vice-presidente de patrimônio do Grêmio, Flávio Vaz Neto, numerou as principais dificuldades de se disputar a 2.ª divisão. "A perda de receita é impressionante. Só em direitos de transmissão os valores caem 50%, assim como a verba dos patrocinadores que são obrigatoriamente renegociados",disse.
Por fazer parte do Clube dos 13, o Grêmio teve direito a uma verba muito melhor do que outros times que disputaram a Série B em 2005. Caso o Coritiba não consiga permanecer na 1.ª divisão, a verba de R$ 11 milhões deve ser reduzida pela metade. "O baque financeiro é realmente o principal problema. No caso do Grêmio, o quadro social sofreu muito com a inadimplência dos sócios. Só depois de um exaustivo trabalho dos nossos colaboradores a situação se inverteu", comentou Neto.
E os que mais sentem a queda para a segundona são os torcedores. Diretor Consular do Grêmio uma espécie de funcionário voluntário do clube para propagar o time em várias cidades do país, inclusive do mundo - Irno Bordignon dá uma dica fundamental para os torcedores do Coritiba. "Espero que isso não aconteça com o Coritiba, mas caso a segundona vire realidade, a primeira coisa a se fazer é aceitar que o time caiu. Digerir o inevitável, para depois pensar no que deve ser feito".
De acordo com o torcedor, a união é a grande receita do sucesso. "É preciso que seja feito um trabalho irmanado entre todas as pessoas ligadas ao time. O apoio da torcida é fundamental e o torcedor tem que ajudar, se integrar e entregar ao clube", alertou. O quadro associativo do Grêmio, após a mobilização, passou de 5 mil a maioria de inadimplentes, para 17 mil ativos.
Porém, o maior desafio enfrentado pelo Grêmio foi a montagem do time, segundo o vice-presidente de patrimônio. "O valor dos salários, como de todas as despesas, são reduzidas ao máximo, ou pelo menos na mesma proporção que a receita diminui. Isso faz com que o departamento de futebol se desdobre para encontrar bons jogadores, com preços acessíveis e que aceitem jogar a 2.ª divisão", disse Neto.
A reorganização financeira também foi apontada por Flávio Vaz Neto como uma das soluções par ao problema da 2.ª divisão. "Nesse quesito o Coritiba está bem. O trabalho de readequação das finanças foi nossa prioridade. A folha salarial dos funcionários e jogadores, por exemplo, é intocável, assim como os compromissos com nossos fornecedores". E concluiu: "Precisamos, antes de tudo, de uma gestão profissional no futebol. Chega de amadores".
Estrela mais solitária do que nunca
A má administração do clube de futebol foi apontada como fator preponderante para o rebaixamento do Botafogo, assim como o do Grêmio. Na pífia campanha de 2003 do clube carioca, os jogadores acumularam 8 meses de salários atrasados. Já os funcionários chegaram a ficar 18 meses sem receber. O presidente do clube carioca, Bebeto de Freitas, amenizou a situação do Coritiba. "Nós estávamos quase falidos, diferente do Coritiba. Nossa situação, sem querer comparar, era muito mais difícil e mesmo assim conseguimos vencer. Caso caia, tenho certeza de que o Coritiba volta para a elite rapidamente", disse.
A torcida, mais uma vez, foi apontada como o grande trunfo do Botafogo. "Fundamentais, sem dúvida fundamentais. Buscamos alternativas como pacotes, carnês, venda de cadeiras e ingressos antecipados. Isso ajudou, além do emocional, a reequilibrar as finanças", concluiu.
Exemplo caseiro de superação
O ex-presidente do Paraná Clube, Ênio Ribeiro, viveu na pele a dureza e as dificuldades de disputar uma segunda divisão do Campeonato Brasileiro, em 2000, quando jogou o módulo amarelo, foi campeão e subiu para a divisão de elite do nacional.
Ainda na gestão de Ribeiro, o Tricolor ficou à beira de retornar para a segundona. Em 2002, o clube escapou da degola apenas na última rodada, quando empatou com o Figueirense, em Florianópolis. As equipes rebaixadas em 2002 foram: Botafogo, Palmeiras, Portuguesa e Gama.
"Eu vivi um ano de segunda divisão (2000) e foi terrível, muito difícil. A mídia se afasta os patrocinadores desaparecem, é uma experiência horrível", explicou o ex-dirigente que preferiu não se manifestar sobre o risco do Coritiba de cair para a segunda divisão. "Quem não ajuda não atrapalha, mas precisa ter esperança até o final".
O medo de voltar para a segunda divisão era mais com a questão financeira, de acordo com Ribeiro. "Tinha muito receio de cair, não éramos do Clube dos 13 e perderíamos todos os diretos de tevê em 2003. O Paraná já tem baixas bilheterias e sem a verba da televisão as dificuldades seriam enormes", desabafou o ex-presidente.
No caso do Coritiba, como faz parte do Clube dos 13, em caso de cair para a segunda divisão perderá 50% dos recursos de transmissão da tevê, que hoje são de R$ 11 milhões anuais.
Apoio de coirmãos
O atual presidente do Paraná, José Carlos de Miranda, afirmou que toda a diretoria paranista está torcendo para o Coritiba permanecer na primeira divisão. "O futebol paranaense vai perder muito com a queda, se acontecer, do Coritiba. É o time mais tradicional do Paraná, com maior torcida, mais títulos. Será muito ruim. Nós já passamos por essa situação e eu sei como é difícil", explicou Miranda.
Já o presidente do conselho deliberativo do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, foi procurado pela reportagem da Gazeta do Povo Online, mas não quis comentar a situação do coirmão.
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