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Censura

Ferramenta é proibida em outros esportes

As preocupações com o Twitter não são apenas da CBF – e da Fifa. Nos quatro anos de existência, a rede social já sofreu restrições de algumas entidades esportivas, como as ligas americanas NBA (basquete), NFL (futebol americano) e a ITF (Federação Internacional de Tênis).

Todas proíbem o uso da ferramente durante as partidas e em períodos diversos de antecedência. O maior temor é uma possível influência nos jogos, seja psicologicamente, ou até como uma forma de comunicação com o torcedor.

Mas há outros problemas que envolvem a rede e podem influenciar, indiretamente, nos resultados das partidas. Um deles ocorreu com Kaká. Após a eliminação do Real Madrid na Liga dos Campeões, o assessor de imprensa do atleta criticou o técnico do time espanhol, o chileno Manuel Pellegrini, pelo Twitter. As declarações repercutiram na Espanha e Kaká deixou de usar seu perfil por quase dois meses. Voltou comemorando a convocação para a Copa do Mundo.

Outra preocupação é a facilidade de falsificar um usuário. Em busca rápida, se encontra o perfil do centroavante Nilmar. No Twitter dele, a rotina na Espanha, brincadeiras com o Grêmio, conversas com o ex-companheiros de Internacional e até vontade de encerrar a carreira no Beira-Rio são relatadas. Só há um detalhe: de acordo com o assessor de imprensa do jogador, Nilmar não tem conta cadastrada.

O mesmo ocorre com Dunga. A CBF já chegou a divulgar uma nota oficial afirmando que o técnico não tem Twitter, mas os perfis continuam aparecendo.

  • Confira os jogadores que possuem perfil no twitter

A curta estada da seleção brasileira em Curitiba prevê exames fisiológicos, treinamentos físicos e – atenção – uma reunião para definir como os jogadores po­­derão utilizar o Twitter no período da Copa do Mundo. Será no CT do Caju que o técnico Dun­­­­ga e a CBF definirão se existirá um limite na comunicação por meio da rede social de microblogs criada em 2006, que permite enviar e receber textos com até 140 caracteres.

Pela sua agilidade e fácil acesso, a ferramenta, febre do mo­­mento na internet, sempre é preo­­­­­­cupação em grandes eventos esportivos. A CBF garantiu que não proibirá o uso do Twit­­ter, mas Dunga quer se certificar de que por ali não vazará nenhuma informação importante relacionada aos bastidores do elenco. Ironicamente, o treinador já foi clonado em alguns perfis falsos (leia mais nesta página).

Por enquanto, o assunto é tratado somente como precaução. Apenas cinco jogadores con­­vocados já têm contas na rede: Ka­­ká, Júlio César, Grafite, Gil­berto Silva e Luís Fabiano. Entre eles, apenas o último utili­­za o recurso como uma espécie de diário.

No Sevilla, o centroavante fa­­zia exatamente o que preocupa Dun­­ga: contava o dia a dia no clu­­be. Por meio de seu celular Blackberry, uma espécie de mi­­cro­­­computador que também edita textos e acessa a internet, o jogador informava, praticamente em tempo real, o que estava ocorrendo nos bastidores do clube espanhol.

Em uma de suas últimas "twitadas", por exemplo, o Fabuloso escreveu diretamente do encontro de confraternização do Se­­villa. Avisou para seus mais de 40 mil seguidores: "Churras do time...nao tem aquela picanha mais ta muito bom...(Sic)".

Os demais usuários da seleção parecem não oferecer muito pe­­rigo. As frases mais utilizadas são para cumprimentar, agradecer, motivar ou elogiar.

Kaká, o campeão de audiência, com mais de 560 mil seguidores, se comunica principalmente com outros esportistas fa­­­­mosos, como Ronaldo, e tem uma predileção pelo automobilismo, trocando frequentes elogios e agradecimentos com To­­ny Kanaan, Rubens Barri­­chelo, An­­tônio Pizonia, Felipe Mas­­sa, Lu­­cas Di Grassi, entre outros. Gil­­berto Silva mantém a mesma li­­nha, porém se preocupa mais em responder aos fãs. Grafite faz o mesmo, mas com amigos. Júlio César resolveu entrar na rede após a convocação. Em uma se­­ma­­­­na, já conseguiu mais de 3.800 seguidores.

Até a Copa, outros jogadores deverão fazer como o goleiro da Inter de Milão. Seja por exigência de patrocinadores ou por vontade própria. Mesmo sem estar con­­vocado, a entrada de Ronaldo na rede social exemplifica uma das preocupações da CBF. Por um contrato com a operadora Claro, o Fenômeno terá de usar o Twit­­ter durante todo o período da Co­­pa. Mas gostou da brincadeira e até já se meteu em discussões virtuais com jornalistas.

É esse tipo de acesso aos atletas que arrepia ainda mais os ca­­belos do técnico Dunga. Para ele, apenas 140 caracteres po­­dem fazer ruir todo o castelo de segurança montado pela CBF.

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