A declaração do secretário estadual da Copa do Mundo, Mario Celso Cunha, de que o Atlético acabaria não precisando pagar o empréstimo do BNDES para a conclusão da Arena, veio à tona após a apresentação de um estudo que previa um cenário sombrio caso o clube abraçasse o projeto. Assinado pela S.I.M. Consultoria e Sistemas, o parecer revelava, em junho de 2010, um "ônus financeiro mensal inviável".
A Gazeta do Povo obteve detalhes do encontro envolvendo conselheiros, dirigentes, técnicos e até o prefeito Luciano Ducci (PSB).
À época, a reforma do estádio estava orçada em R$ 153 milhões e os moldes de pagamento eram diferentes. O Furacão teria de arcar com praticamente tudo o governo do estado e a prefeitura cederiam somente os títulos de potencial construtivo, que teriam de ser negociados pelo clube.
O valor total da obra cairia para cerca de R$ 122 milhões com possíveis isenções fiscais de 20%. Desse montante, o BNDES financiaria 75%, ou R$ 91,5 milhões, e exigiria garantias reais. A diferença sairia do caixa atleticano. E, só de pagamento do empréstimo, o Atlético gastaria R$ 1,4 milhão ao mês por 15 anos.
Uma série de outros encargos entrava na conta. Como o exílio de dois anos da Arena ou 64 partidas como mandante em outro estádio de Curitiba. Calculou-se R$ 80 mil de aluguel de campo atualmente, o Rubro-Negro paga R$ 50 mil ao Paraná para utilizar a Vila Capanema. No total: R$ 3,2 milhões.
Além disso, cogitava-se a possibilidade de perder 70% dos rendimentos com os sócios. No balanço de 2010, o Atlético apresentou R$ 10,8 milhões de receita anual com os associados. Passaria a contar com somente R$ 3,2 milhões.
Foram incluídas também despesas com a mudança da administração do clube para outro local, fechamento da academia, do estacionamento e dos camarotes da Arena, etc.
Ainda foi abordada a chance de estouro de orçamento verificado no último Mundial, na África, no Pan-Americano do Rio, em 2007, fenômeno recorrente nos grandes eventos esportivo. Por fim, que são raros os estádios que geram lucro.
Tudo isso fez Marcio Schwab, responsável pelo levantamento, declarar ao término da apresentação: "É um passo muito difícil de ser dado. A nossa avaliação é de que isso poderá colocar em risco não só a Arena, o clube como um todo".
A seguir, Mario Celso Cunha tomou a palavra. "Eu achei a exposição superpessimista. Parece que o Atlético vai falir e vai ter que vender tudo", declarou o então vereador e coordenador do evento da Fifa na Câmara Municipal de Curitiba.
Um ano depois, quando Mario Celso Petraglia venceu a concorrência para tocar a obra, com um discurso extremamente otimista para os conselheiros do clube, o cenário era outro. Atlético, prefeitura e governo já haviam combinado de dividir em partes iguais os custos da Copa.
Nas reuniões que antecederam a decisão, o atual presidente rubro-negro previa R$ 114.536.500 anuais em novas receitas com a Arena reformulada. E, mais recentemente, os conselheiros aprovaram a oneração do CT do Caju como garantia para o empréstimo do BNDES instruídos por um estudo feito pela empresa de consultoria e auditoria BDO (Binder Dijker Otte International).
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