A Prefeitura de Curitiba deu um bom motivo para estragar o Natal dos proprietários de 11 lotes no entorno do estádio do Atlético. Na última quinta-feira, o município publicou decreto que prevê a desapropriação dos terrenos para a conclusão das obras da Arena visando ao Mundial. Com isso, os moradores e comerciantes envolvidos terão até o fim do ano para decidir como lidar com a situação, já que o processo será retomado, com intensidade, no início de janeiro. A intenção do poder público é ter a área liberada em três meses.
"Esse decreto é apenas uma questão legal declarando a utilidade pública da área. Ninguém será obrigado a sair de casa correndo, só estamos efetivamente dando início ao processo", explicou o secretário municipal para Assuntos da Copa, Luiz de Carvalho. Depois de um intervalo para as férias de fim de ano, os trâmites serão reiniciados no dia 2 de janeiro. Os proprietários serão chamados para discutir valores e prazos. "Todos terão liberdade para expor suas ideias, sugestões. Será democrático, com diálogo", complementou o secretário.
Além de confirmar que as conversas entre as duas partes interessadas se tornarão mais frequentes e de ressaltar a busca pelo diálogo, Carvalho admitiu que pode ser preciso endurecer a negociação caso não haja um acerto. "Vamos conversar até um limite", afirmou ele. "Todos já sabiam que teriam de deixar os terrenos", acrescentou, rapidamente. Como o poder público pretende colocar as áreas à disposição dos operários para a finalização da Arena em três meses, há uma alternativa já prevista no decreto para agilizar a desapropriação. Segundo o documento, a Prefeitura pode decretar urgência para tomar posse dos lotes.
Uma das pessoas afetadas pelo processo, a fisioterapeuta Sandra Bellasco, dona de uma clínica na Rua Buenos Aires, reclamou da forma como o caso está sendo conduzido. "Tivemos apenas um contato inicial, depois não falaram mais nada. Só queria respeito e uma indenização justa", disse, em entrevista à Rádio CBN. "Não é só valor. Tenho de ter condições de conseguir um espaço igual ao que eu tenho hoje e na mesma região. Minha clientela é toda daqui", finalizou.
Luiz de Carvalho negou que os donos dos terrenos tenham ficado excluído das negociações. Ainda segundo ele, ninguém será financeiramente prejudicado, o que mesmo assim pode não ser suficiente para quem mora no local há décadas. "Além do valor de mercado, há a questão sentimental, que é difícil de mensurar. Essa sim é difícil de valorizar. É como a perda de um ente querido", opinou. "Mas é uma obra de interesse público", decretou.
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