Apesar das estimativas otimistas de que o fluxo turístico induzido pela Copa do Mundo possa trazer uma receita adicional de R$ 1,7 bilhão somente para setores de alimentação e compras em todo o país, é provável que os comerciantes inseridos perto dos locais das partidas tenham pouco acesso aos lucros tão alardeados pelo menos nas vésperas e dias dos jogos. Como parte das exigências impostas pela Fifa, o comércio nas proximidades dos estádios será proibido nestes dias, e ficará restrito às lojas oficiais e patrocinadores da Copa.
A área de restrição, chamada oficialmente de zona de exclusão, pode variar em cada cidade, dependendo de onde o estádio está inserido. Ainda não há definições sobre a abrangência da área, mas estima-se que em Curitiba ela deva chegar a um raio de 2 quilômetros ao redor da Arena da Baixada. Além de proteger os patrocinadores oficiais, a medida seria uma forma de garantir a segurança nas praças esportivas, restringindo a presença de ambulantes e visitantes sem ingressos. O município, porém, aguarda um parecer da Fifa sobre como será feita a demarcação e quais quadras e ruas serão afetadas. "O nosso estádio está numa área totalmente urbana e residencial, o que é bastante peculiar. Vamos estar bastante atentos a isso, afinal temos de atender também o comércio local, os nossos empresários que vivem aqui. O que a Fifa quer é proteger os seus parceiros comerciais, que são os principais patrocinadores do evento", relata o secretário municipal para Assuntos da Copa, Luiz de Carvalho.
As proibições não se referem somente ao comércio, mas também à publicidade nos arredores. Nas vésperas e dias dos jogos, a Fifa exige que anúncios publicitários ou qualquer tipo de identificação comercial, fora a dos patrocinadores oficiais, sejam retirados ou cobertos.
NegociaçãoUma das responsáveis pelos projetos e ações relacionados à Copa em Curitiba, a engenheira do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Susana Lins Affonso da Costa, defende que ainda é cedo para se especular como serão implantadas as restrições. Segundo ela, o instituto aguarda instruções da Fifa, que estaria revendo, como é de praxe, regras e procedimentos adotados nas últimas Copas. Susana garante, porém, que comerciantes e moradores serão ouvidos e inseridos no processo.
"Essa questão ainda será trabalhada. Qualquer ação será feita de uma maneira acordada com todo mundo, tentando minimizar ao máximo os impactos nessa área", afirma.
DefiniçãoIppuc, Associação Comercial do Paraná e município não têm um levantamento do número de comércios estabelecidos no entorno da Arena que poderiam ser afetados pelas restrições. Mesmo com a apreensão de alguns comerciantes, as definições sobre a zona de exclusão ainda devem demorar a sair. Na última Copa do Mundo, na África do Sul, as regras de restrição de comércio e publicidade próximo aos estádios só foram definidas menos de um ano antes do início da competição.
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