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A Prefeitura do Recife informou nesta sexta-feira (14), a quatro meses da Copa do Mundo, que a cidade não vai realizar o Fifa Fan Fest, evento da entidade máxima do futebol nas cidades-sede do campeonato, com recursos públicos.

O Fifa Fan Fest tem uma estrutura de palcos e telões para a transmissão dos jogos do Mundial e apresentações de artistas. No Recife, poderia acontecer no Marco Zero ou no Cais da Alfândega, ambos na região central da cidade.

Ao tomar conhecimento de que a Fifa estaria garantindo patrocínio da iniciativa privada para os eventos em São Paulo e no Rio de Janeiro, a administração do prefeito Geraldo Julio (PSB) cobrou tratamento igual.

A festa foi inicialmente orçada pela prefeitura em R$ 20 milhões e um contrato, que segundo o município é confidencial, foi assinado com a Fifa na administração do prefeito João da Costa (PT).

De acordo com o secretário municipal de Esportes e da Copa do Mundo no Recife, George Braga, o valor foi reduzido para R$ 11 milhões com o corte de atrações e de dias de evento. Braga disse que negocia com a Fifa desde o início de 2013.

"A Prefeitura do Recife não tem recursos públicos para colocar [na festa]. Com as notícias de que, no Rio e em São Paulo, com a ajuda da Fifa, estariam sendo viabilizados recursos privados, achamos que o Recife precisa ter um tratamento igual. O Recife não tem [verba] e não vai fazer um investimento desse porte no Fifa Fan Fest", disse Braga. "Se a Fifa organizar com recursos privados, vai acontecer".

Segundo o secretário, a notícia foi dada à Fifa na quinta. O contrato secreto, diz Braga, não prevê multa por quebra e ele espera não haver retaliação da Fifa por causa da decisão.

"Sempre tivemos uma relação equilibrada [com a Fifa], civilizada, mas nem sempre confluindo interesses", disse o secretário. Braga negou que haver conotação política na decisão de não realizar a festa com verba do município administrado pelo PSB, mesmo partido do governador Eduardo Campos, que deve enfrentar a presidente Dilma Rousseff nas eleições deste ano.

A decisão foi tomada logo depois de Dilma dizer que esta será "a Copa das Copas" e de o presidente da Fifa, Josepfh Blatter, afirmar em entrevista à Folha de S.Paulo que esta será "uma grande Copa do Mundo". Além disso, o provável candidato à Presidência da República tem adotado discurso de consonância com os protestos pelo país. Um dos temas das manifestações é justamente "Não vai ter Copa".

"Não é uma forma de protesto. É uma forma de nos posicionarmos", afirmou. "Não temos nenhuma restrição à Copa do Mundo".

A prefeitura disse ter procurado os patrocinadores da Fifa para buscar investimentos, mas, segundo Braga, não houve resposta até o momento. Agora, o secretário disse que cabe à Fifa contatar os patrocinadores. "Preferimos deixar nas mãos da Fifa", declarou.

Ele negou que a decisão também tenha relação com as festas de São João, tradicionais em todo o Nordeste. Reportagem do jornal "Valor Econômico" de hoje diz que a prefeitura quis evitar "choque de patrocinadores", já que a Fifa delimita um perímetro em que só pode haver menção aos apoiadores da competição. Braga disse que os investimentos em obras viárias e dos centros de treinamento estão garantidas. No entanto, ele não soube dizer quanto a prefeitura está investindo em ações ligadas ao mundial.

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