Mobilidade
Greve do metrô para locomotiva do Brasil, mas governo é otimista
O presidente da CBF, José Maria Marín, exaltou São Paulo como "locomotiva do Brasil" no encerramento do Comitê Executivo da Copa de 2014. Ontem, uma greve de metrô fez a locomotiva parar, despertando temor de que uma nova paralisação provoque o caos na chegada à Arena Corinthians para Brasil x Croácia, quinta-feira, abertura do torneio. Risco rechaçado pelo governo federal. "Não contamos com essa hipótese [de greve]", afirmou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
O ministro demonstrou também confiança na finalização do Itaquerão. Com a arquibancada temporária do setor Norte ainda em obras, o estádio não tem laudo do Corpo de Bombeiros. "Quando o último assento for colocado, o laudo estará liberado", garantiu.
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O estádio da abertura da Copa de 2014 encolheu. A Fifa informou, ontem, que a Arena Corinthians terá 61,6 mil lugares disponíveis no Mundial. São 6,2 mil assentos a menos do que a capacidade prevista de 68 mil.
"É preciso lembrar que capacidade bruta e capacidade líquida são coisas diferentes. Tínhamos de descontar assentos mortos, sem visão, e aqueles que serão inutilizados para não atrapalhar a geração de imagens", explicou o diretor de marketing da Fifa, Thiery Weil.
A conta só foi fechada a uma semana da abertura por causa do atraso na obra, que impediu a Fifa de concluir o mapa de assentos. Ainda assim, é possível que alguns torcedores tenham em seus ingressos a indicação para cadeiras que não existem. Neste caso, serão remanejados para lugares similares.
Mais preocupante para a Fifa do que o torcedor chegar ao estádio e não encontrar seu assento é ele nem conseguir chegar. Temor já existente por causa dos protestos e reforçado pela greve de metroviários e agentes de trânsito, que ontem provocou congestionamentos em São Paulo. "Os torcedores precisam ter garantias de chegar ao estádio. O alvo das manifestações não pode ser a Fifa. Ela não é culpada pelos problemas", afirmou o vice-presidente da entidade, Jim Boyce.
A ideia de descolar a Fifa dos problemas do país foi cultivada durante entrevista coletiva após reunião do Comitê Executivo, ontem, na capital paulista. O secretário-geral Jérôme Valcke passou para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a resposta sobre dois assuntos: atraso nas obras e solução para os torcedores chegarem ao Itaquerão se houver greve no transporte coletivo. "Não vou colocar um diploma de preparação na parede do ministério. Depois do pontapé inicial, teremos outro ambiente no Brasil", esquivou-se Rebelo.
A confiança em virar o jogo assim que o torneio começar foi outra tônica do discurso. Recorrendo a clichês como samba, paixão pelo futebol e a natureza acolhedora do brasileiro, todos esforçaram-se em desenhar um cenário irreal, em que só faltou a exaltação à mulher.
"Estou muito feliz por estar aqui pelas próximas cinco semanas e aproveitar a atmosfera do samba e do futebol brasileiro às vésperas do maior show do mundo", afirmou o presidente da Fifa, Joseph Blatter. "Precisamos do apoio do povo e isso é importante. Estou certo de que, quando o pontapé inicial for dado, todo o país voltará à febre do futebol", reforçou.
Quase se desculpando, Rebelo afirmou que foi feito o possível para entregar uma boa Copa. E apegou-se à cordialidade do brasileiro para causar boa impressão nos estrangeiros. "Que se sintam em casa e guardem essa lembrança, não a das desigualdades que ainda marcam o país", disse.
Valcke afirmou estar confiante de que isso realmente irá acontecer. Segundo ele, os relatórios do Comitê Organizador Local passaram a sensação de que está tudo sob controle. "Não temos medo dos próximos dias. Vamos ver o que vai acontecer nas primeiras partidas", disse.
O dirigente evitou dizer se a Fifa está feliz com a Copa que começa em seis dias. Preferiu deixar o veredicto para 13 de julho, dia da final no Maracanã: "Aí poderemos demonstrar nossa satisfação e dar a nota, como se faz nos Jogos Olímpicos".
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