• Carregando...

Dentro de seis dias, a seleção brasileira abre a Copa do Mundo de 2014 contra a Croácia, na Arena Corinthians. Tempo curto para Luiz Felipe Scolari ajustar os últimos detalhes na equipe tanto dentro como fora de campo e reforçar algumas certezas construídas ao longo do um ano e meio da sua segunda passagem pelo time nacional. No primeiro grupo estão a situação de Oscar no time, a proteção ao vulnerável lado esquerdo da defesa e mesmo a relação da equipe com o torcedor. No segundo, a consolidada ascensão de Willian, o status de Neymar como estrela da companhia e a permanência de Paulinho como titular pela absoluta falta de concorrência.

As certezas

Neymar é o cara da seleção

Os 30 dias de inatividade no Barcelona não atrapalharam Neymar. Contra o Panamá, assumiu a responsabilidade de tirar o time de um beco sem saída, com poucas opções ofensivas e vaias da torcida. Hoje, contra a Sérvia, terá uma marcação mais organizada e qualificada pela frente. Deve chegar ao jogo contra a Croácia em uma condição melhor que a da estreia da Copa das Confederações, quando a saída arrastada para o Barcelona pôs algumas dúvidas sobre ele estar preparado para lidar com a pressão de ser protagonista. O Brasil irá tão longe quanto Neymar jogar bem. E se a seleção for campeã, seu craque sairá do torneio como forte candidato a melhor do mundo. "Não é uma coisa que tenho como meta. Objetivo que eu tenho é ser campeão. Independentemente de prêmio, do que vai acontecer no final individualmente", afirmou.

Willian ganhará espaço no time

O meia do Chelsea levou para o amistoso em Goiânia o ótimo rendimento dos treinamentos em Teresópolis e admitiu: está colocando uma interrogação na cabeça de Felipão. O tamanho dessa interrogação até a estreia – e mesmo a transformação dela em exclamação – terá uma medição importante hoje, contra a Sérvia. Com boa capacidade de drible, movimentação e armação, é forte candidato a virar titular. Seria a repetição de uma marca das seleções brasileiras campeãs mundiais. Exceto em 1970, os times dos quatro outros títulos ganharam titulares ao longo da disputa. Oscar que se cuide.

Hulk e mais dez

O atacante ganha cada vez mais moral com Felipão. Ao contrário de Oscar, o paraibano cresceu com a sombra de Willian. Tem sido um dos melhores nos treinos e fez gol no primeiro amistoso. Mais do que isso, mantém intacta uma aplicação tática que encanta o treinador. Sua volta para ajudar na marcação permite um descanso a Neymar. E Hulk ainda nem está na melhor forma física. Pela projeção do preparador Paulo Paixão, só na terceira partida o camisa 7 – e a seleção toda – estará na melhor forma. O que, no caso de Hulk, é nitroglicerina pura.

Felipão botará mais pressão nos jogadores

Enquanto Parreira destila o neozagallismo, com o discurso de que o Brasil é o grande favorito e está com a mão na taça, Felipão intensifica a cobrança aos jogadores. Tanto nos treinamentos, como ficou claro na já famosa bronca pública de domingo, como nas entrevistas e nas conversas com campeões mundiais agendadas para os próximos dias. O discurso corrente de que ganhar a Copa do Mundo em casa será algo único para os jogadores traz a reboque o reverso da moeda: perdê-la também será uma marca eterna. "Temos ainda um bom caminho a percorrer", alerta.

Paulinho será titular

Uma temporada ruim na Europa e a proeza de se machucar em uma dividida com o nanico Bernard pareciam abrir a porta de saída do time titular para Paulinho. Bastaram 90 minutos contra o Panamá para tudo voltar ao devido lugar. Ramires, elogiado por Felipão na véspera do jogo, só cresceu quando o técnico corrigiu seu posicionamento. Hernanes entrou no segundo tempo e errou passes primários. Paulinho jogará contra a Sérvia para reafirmar sua condição de titular. Problemas físicos? Felipão responde: "Se fosse hoje [ontem] o jogo da Croácia, ele estaria em campo."

As dúvidas

Oscar será titular?

O meia do Chelsea terminou a temporada na reserva. Perdeu jogos importantes das rodadas finais do Campeonato Inglês e da semifinal da Liga dos Campeões. Na época, disse que sentia dores no músculo adutor da coxa. Em Teresópolis participou de todos os treinamentos, mas sua atuação contra os panamenhos foi abaixo da crítica. "Todo mundo ficou um tempinho sem jogar. Eu um pouco mais, voltei nas últimas partidas da temporada. Mas contra a Sérvia eu já recupero", assegurou. Melhor para ele, acossado pela ascensão de Willian.

A pressão no início do jogo funcionará?

Uma das marcas da seleção na Copa das Confederações foi a marcação pressão no início do jogo, sufocando os adversários. Algo que, encerrada metade da preparação para a Copa, o time não conseguiu repetir em treino ou jogo. Felipão precisa encontrar novamente a chave para ligar o time desde o início, algo não só técnico e tático, mas também psicológico. E ter alternativas à mão. A ligação direta com os zagueiros é uma delas, mas precisa ser aprimorada. Foi uma esticada errada de David Luiz que fez a torcida em Goiânia começar a vaiar o time.

A seleção terá o 12º jogador?

As vaias em Goiânia, cidade geralmente carinhosa com a seleção, indicaram uma tolerância baixa que pode ser perigosa. Os jogadores pediram paciência – e mesmo uma trégua nos protestos. "Sou totalmente a favor de protestos, não vim de família rica. Só não concordo com críticas a jogadores", disse Neymar. "É complicado esquecermos os problemas do país, mas peço a todos que deixem isso de lado agora e torçam por nós. Depois voltamos a cobrar", reforçou Daniel Alves. Os dois próximos jogos servirão de termômetro, por serem em São Paulo, cidade geralmente mais ranzinza com a seleção. Já ficou claro, porém, que a comoção do Hino Nacional só continuará se o time entrar a mil por hora.

Como Felipão protegerá Marcelo?

Até o frágil Panamá criou jogadas em cima de Marcelo. Vulnerabilidade que se torna preocupante diante da Croácia, que tem Olic movimentando-se bem pelos lados do campo, ou o México, que dá liberdade aos alas graças à linha de três zagueiros. Luiz Gustavo é o bombeiro oficial do lateral-esquerdo, o que exige uma coordenação tática apurada para não abrir um buraco no meio de campo. Dentro dos jogos, Felipão já tem recorrido em alguns momentos a uma linha de três zagueiros. Outro socorro é o retorno constante de Hulk, trocando de lado com Neymar na hora da marcação.

O desequilíbrio muscular de Thiago Silva é uma fatura quitada?

O capitão perdeu parte dos treinamentos em Teresópolis e o amistoso em Goiânia por causa de um desequilíbrio muscular detectado nos exames. A questão é se essa carência foi corrigida a ponto de permitir ao zagueiro jogar o máximo na Copa. A dupla de zaga é o ponto alto da seleção brasileira ao lado de Neymar, mas o setor demonstrou dificuldades com bola parada nos treinos. A deficiência de Marcelo na marcação e a irregularidade de Daniel Alves na última temporada não dão brecha para o Brasil ter seus anjos da guarda fora da condição ideal.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]