O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), Antônio de Souza Ramalho, afirmou nesta quinta-feira que um alerta sobre problemas na base de sustentação do guindaste que tombou no Itaquerão havia sido feito horas antes do acidente que matou dois operários na quarta. Segundo ele, a operação seguiu mesmo assim e não foi interrompida pelos responsáveis pela obra no estádio do Corinthians, que receberá a abertura da Copa do Mundo.
"Um técnico de segurança da obra do Itaquerão já havia detectado que a base de sustentação do guindaste não era suficiente, e esse técnico chamou um engenheiro de segurança, que também detectou o problema e avisou os responsáveis da obra naquele setor do estádio", revelou Ramalho. Ainda de acordo com ele, a ordem foi para que os trabalhos prosseguissem.
O presidente do Sintracon-SP também contou que esse alerta estaria "documentado" e que teria sido dado por volta das 8 horas da manhã de quarta-feira - portanto, aproximadamente quatro horas e meia antes da tragédia. Depois do acidente, representantes do sindicato começaram a apurar possíveis causas do acidente junto aos operários da obra. "Soubemos desse fato à noite", informou Ramalho.
Para o sindicato, a possível causa do acidente no Itaquerão é falha humana. "Trabalhamos com as hipóteses de que houve erro de cálculo ou da base ou do peso da peça. Acidentes desse tipo sempre são erros humanos, ou do operário ou do engenheiro", explicou Ramalho.
O Sintracon-SP afirmou que tem recebido várias denúncias envolvendo as condições gerais da obra do estádio do Corinthians sendo que a maioria delas têm sido sanadas. A única que o sindicato admitiu que tem encontrado problemas para solucionar teria a ver com o excesso de horas trabalhadas no canteiro de obras do Itaquerão.
Diante da denúncia, a Odebrecht e o Corinthians divulgaram uma nota oficial para afirmar "que não houve nenhum alerta prévio ao acidente" e também "negam a ocorrência dos eventos relatados" pelo presidente do Sintracon-SP. O comunicado ressalta ainda que esse sindicato "não representa os trabalhadores que realizavam as operações de movimentação de guindaste e colocação de estrutura metálica" no estádio corintiano. E lembra que, até então, a construção do Itaquerão "havia registrado 9,5 milhões de horas trabalhadas sem acidentes graves".
Interdição
A Defesa Civil de São Paulo terminou no início da tarde desta quinta-feira a vistoria no Itaquerão e decidiu manter a interdição inicial de 30% da área leste do estádio corintiano, onde houve o acidente com um guindaste, na última quarta, que matou dois operários no canteiro de obras do local. A área interditada corresponde a aproximadamente 5% do estádio que está sendo construído para abrigar o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014, além de outros jogos da competição.
De acordo com o coronel Jair Paca de Lima, coordenador da Defesa Civil de São Paulo, a estrutura geral da arena que irá receber o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014 não sofreu danos. "É bom que se diga que a estrutura básica do estádio não foi afetada", garantiu.
O coronel informou ainda que o auto de interdição já foi emitido e, caso a construtora deseje fazer alguma intervenção na área interditada - mesmo que uma simples retirada de entulho -, precisará pedir autorização ao órgão e à Prefeitura de São Paulo.
A respeito do que teria causado o acidente, o coronel explicou que quem vai determinar isso é a perícia técnica. "Na nossa opinião o que aconteceu foi uma falha de procedimento", avaliou. O coordenador também foi questionado sobre a base onde estava o guindaste. "Eu vi que sobre o solo existia uma camada de pedra e chapa de aço. Eu não percebi se houve afundamento, mas isso será avaliado pela perícia", explicou Lima.
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