Efeito da liberação da venda de bebidas alcoólicas nos jogos da Copa, filas imensas se formaram nesta quinta (19) nas portas de banheiros do Itaquerão e estandes que comercializavam cerveja enquanto a bola ainda rolava.
A busca pela cerveja e seus efeitos podem ser considerados, então, dois dos responsáveis pelos vazios nas arquibancadas percebidos durante as transmissões pela TV.
Vinte minutos antes do fim do primeiro tempo do jogo entre Uruguai e Inglaterra, torcedores desocupavam seus lugares para garantir a cerveja.
A reportagem flagrou, uma hora antes do pontapé inicial, pelo menos um torcedor que preferiu não enfrentar a fila do banheiro e se "aliviou" na parte traseira de uma das barracas montada em uma das entradas do estádio.
Pouco antes do início do segundo tempo, torcedores saíam correndo com dois copos na mão para não perder o início do jogo. Alguns, que enfrentavam a fila por muito tempo, preferiram perder parte do segundo tempo e ao menos retornar com a cerveja.Com pressa para voltar ao seu lugar, o inglês Joe Fleetham, 27, espantou-se ao descobrir, por meio da reportagem, que é proibida a comercialização de bebidas alcoólicas em jogos do Brasileiro e na maioria dos estaduais. "Acho que não tem problema em vender [bebidas alcoólicas], dentro das circunstâncias corretas. É só haver moderação", opinou o inglês, enquanto se apressava em voltar já com o segundo tempo iniciado.
A todo momento era possível ver torcedores saindo de seus lugares para ir aos estande de bebidas. Um deles foi Wanderlei "Wendy" Siqueira, que bebeu dez cervejas -seis com o jogo em andamento. "Acho que o torcedor brasileiro médio não está preparado. Na Copa, pode, sim, porque é um pessoal de outro nível, mais esclarecido", avalia o médico Ivanildo Moreira, 36, enquanto carregava dois copos de cerveja.
A opinião de Moreira é compartilhada pelo médico Domingos Hernandez, que coordenou o atendimento médico pelo Comitê da Copa de São Paulo, nos dois jogos no Itaquerão. "No primeiro jogo [Brasil x Croácia] foram registrados 188 atendimentos. Posso dizer que mais da metade foi por conta de consumo de álcool. Isso mostra que não dá para liberar a bebida em jogos do Brasileiro ou dos Estaduais", argumenta, ao lembrar que nos jogos da Copa o público tem um nível socioeconômico superior e que há um controle maior de identificação dos torcedores. "O consumo [no primeiro jogo] foi muito alto. Considere que a média mundial de ocorrências médicas por conta de álcool em partidas de futebol é de apenas 0,02%."
Os dados de atendimento médico no Itaquerão e entorno da partida desta quinta (19) não havia sido consolidados até o encerramento desta reportagem.
Ao fim do primeiro jogo, era possível encontrar carros estacionados nas vias de saída do estádio, com alguns motoristas vomitando em córregos.
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