A seleção brasileira terá, hoje, o seu mais intenso contato com o torcedor até o início da Copa de 2014. Um treino aberto e gratuito, para 20 mil pessoas, no Estádio Serra Dourada, em Goiânia. A atividade é uma exigência da Fifa. A escolha do local, a última prestação do pagamento de uma dívida política com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), deixada pelo ex-pre­­­­­­sidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira.

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Goiânia seria sede da Copa no plano inicial do governo brasileiro. Um pacote de 17 cidades, barrado pela Fifa, que bateu o pé em no máximo 12 estádios. Próxima à capital federal Brasília e à turística Cuiabá, Goiânia acabou sobrando. Como consolo, ficou com a promessa de receber a seleção mesmo fora da Copa.

O compromisso era uma retribuição de Teixeira à atuação de Perillo nos bastidores. Eleito ao Senado em 2006 com a CBF entre seus doadores de campanha (ajuda de R$ 50 mil) e vice-presidente da Casa, o tucano era o líder da bancada da bola, grupo de parlamentares que defendem os interesses da confederação. Foi decisivo para barrar a criação de uma CPI para investigar lavagem de dinheiro no futebol brasileiro. O pedido tramitou em 2007, enquanto o Brasil era escolhido sede do Mundial. O tucano viajou para o anúncio, na Suíça, como representante do Senado.

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Eleito governador em 2010, Perillo recebeu de Tei­­xeira a promessa de abrigar a preparação do Brasil para o Mundial e ser uma das sedes da Copa América de 2015. Em 2012, José Maria Marín reafirmou o compromisso do antecessor, durante a passagem por Goiânia para o Superclássico das Américas. Como o país abriu mão de organizar o torneio continental, a preparação da Copa das Confederações acabou oferecida em troca.

A estada no Planalto Central incomodou Luiz Fe­­­­­­li­­pe Scolari. O treinador conseguiu reduzir de duas para uma semana o período na cidade, mas não se livrou de realizar um treino na Serrinha, estádio reformado por R$ 2,5 milhões. Dinheiro pago pelo governo goiano, o que motivou investigação do Ministério Público local. Foram outras quatro atividades no CT do Goiás, cercado de prédios que permitiam ampla visão do que acontecia no campo.

A volta às vésperas da Copa quita a dívida, mas não sem causar transtorno à seleção. Primeiro será o clima. O frio úmido de Teresópolis dá lugar ao calor seco de Goiânia. Ontem à tarde, a diferença de temperatura entre uma e outra era de 14ºC.

O deslocamento pela cidade também exigirá uma operação reforçada. Professores, agentes de trânsito e técnicos administrativos da rede municipal de ensino estão em greve. Há um protesto previsto para amanhã, a duas horas do amistoso contra o Panamá, marcado para as 16 horas. A concentração dos grevistas será a 3,5 quilômetros do Serra Dourada.

Para facilitar a operação de segurança e preparar o estádio para o amistoso, o treino de hoje será aberto para 20 mil pessoas, embora o Comitê Organizador Lo­­cal tenha disponibilizado até 30 mil ingressos. No sábado houve a distribuição de 5 mil entradas. As demais estarão nas bilheterias hoje, a partir de meio-dia, quatro horas antes do treino embrulhado de presente para o governador goiano.

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