Ciente de que a saída de Keirrison é inevitável e que pode ficar sem um centavo após abril de 2009, a diretoria do Coritiba não dá o braço a torcer. O clube aposta em uma ação judicial que tramita há oito meses para ter direito ao lucro da venda do K9. Na última quinta-feira, a Mais Sports, empresa dos irmãos Marcos e Naor Malaquias, definiu a venda de 80% dos direitos econômicos do jogador à Traffic, empresa de marketing esportivo parceira do Palmeiras. E o Coxa espera ficar com o valor (não revelado) deste negócio e dos 20% que detém sobre o atacante, os quais podem ser negociado em breve.
No dia 15 de fevereiro deste ano, o departamento jurídico do Coxa entrou com uma ação na 19.ª Vara Cível de Curitiba, contra a então Massa Sports, agora Mais Sports. No entendimento do clube, ocorreram problemas na renovação do contrato do K9, em maio de 2006. Na ocasião, o jogador estava se recuperando de uma lesão no joelho e assinou até abril de 2009. Os advogados do Verdão entendem que este vínculo mais recente anulou o contrato anterior, que previa a partilha de 20% para o Coritiba, 40% para os irmãos Malaquias, e os outros 40% sendo alvo de uma disputa entre os Malaquias e o Astral, time amador de Curitiba e de propriedade de Gabriel Massa, filho do apresentador Ratinho e antigo sócio na Massa Sports.
Com um acordo no fim de setembro deste ano, os Malaquias ficaram com a parte que era discutida em juízo, somando um total de 80%, e mudaram o nome da empresa para Mais Sports. Mas a ação alviverde prossegue em andamento, aguardando um parecer da juíza Júlia Maria Tesseroli.
"Não entraríamos na justiça sem ter um bom embasamento jurídico. Achamos que existe a possibilidade de reavermos os 100% do Keirrison. O processo está bem instruído", disse o presidente do clube, Jair Cirino, por telefone, à Gazeta do Povo Online. "Quando a sociedade na Massa Sports foi rompida, entendemos que o Coritiba acabava por ficar com a totalidade dos direitos do jogador. A ação é passível de sentença agora, mas não sabemos quando isto vai acontecer. Depende do trâmite jurídico", completou o diretor jurídico do clube, Gustavo Nadalin.
Do outro lado, o empresário de Keirrison, Marcos Malaquias, mostra-se despreocupado com a tentativa do Coxa em tentar ficar com a totalidade do K9. "Eles podiam ter 100% do jogador quando nós demos a possibilidade de compra, mas não o fizeram. Acho que esta ação já nasceu morta, não tem fundamento algum. Eles me colocaram na justiça, mas eu nunca vou acionar o clube. Temos uma boa relação com a diretoria, e não queremos entrar em polêmica", resumiu o procurador do atacante.
O que está definido mesmo é que no dia 2 de novembro Keirrison assinará um pré-contrato com a Traffic, e é aguardado no Palmeiras em 2009. O Coritiba não quer anular este acerto, mas sim lucrar com ele (especula-se que a empresa pagou R$ 7 milhões pelos 80% do atacante).
Agora a empresa de marketing tenta antecipar para janeiro do próximo ano a apresentação no atacante no Parque Antártica, porém o Verdão diz que, se a proposta da empresa não satisfazer os interesses do clube, o K9 fica no clube até 30 de abril, quando expira o seu compromisso. Nem mesmo a chance de não ver nenhum centavo sobre a saída do avante assusta a diretoria alviverde. "O Coritiba não é um associação com fins lucrativos. Só vamos liberá-lo antes do fim do contrato se for oferecido um valor compatível, o que não ocorreu até agora", garantiu Jair Cirino.
Neste ponto, Marcos Malaquias concorda. "O Keirrison vai fazer o que o Homero (Halila, diretor de futebol do Coxa) mandar. Ele fará o que for determinado pelo clube até abril", concluiu.
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