O ex-presidente do Coritiba, Aryon Cornelsen, que morreu no fim da noite desta terça-feira (13) aos 89 anos de idade, em Curitiba, em decorrência de uma hemorragia interna causada por uma úlcera, era considerado um dirigente completo por quem conviveu com ele. Jogador das categorias de base, do time principal, presidente, conselheiro e diretor, Tito, como era chamado por familiares e amigos próximos, ficou marcado por ter iniciado a construção do estádio Couto Pereira, bem como por ter colocado fim à era amadora no futebol do clube alviverde.
"Ele foi completo, um conquistador. Fez tudo que uma pessoa poderia fazer pelo clube", disse Dirceu Krüger, ídolo alviverde nas décadas de 1960 e 1970. "Sem ele, o estádio ainda estaria como era, pois não havia dinheiro. Ele acabou com o amadorismo e começou o profissionalismo autêntico. Valorizou o jogador", concordou o jornalista e amigo Vinícius Coelho.
Nascido em 3 de março de 1921, Cornelsen começou sua vida no Alviverde aos 11 anos de idade. Participou, inclusive, da partida de inauguração do antigo Belfort Duarte como ponta-esquerda da equipe infantil.
"Ele nunca poderia imaginar que depois iria ser o responsável pela demolição daquele palco e ergueria o novo estádio", lembra Coelho.
O dinheiro para a construção o atual estádio coxa-branca veio com a criação do "Bolão Premiado", uma espécie de loteria criada em 1956, no primeiro ano de Cornelsen como presidente. Em oito anos no comando do clube, foram cinco títulos estaduais, a melhor média entre todos os mandatários da equipe do Alto da Glória.
"Não há como medir um perda dessas. Ele é patrimônio histórico do clube, agregou em todos os sentidos. Sempre amou o Coritiba e mesmo depois de 1963 (quando deixou a presidência) sempre ajudou e continuou um apaixonado", declarou Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do conselho administrativo coxa-branca.
Como jogador, Cornelsen entrou para o elenco principal em 1940 e participou do jogo de inauguração do estádio Pacaembu, em São Paulo. Quatro anos depois, formado em direito, chegou a abandonar a carreira. Porém, a paixão pelo esporte falou mais alto. Retornou em 1949, mas por causa de uma grave lesão foi obrigado a encerrar definitivamente sua trajetória dentro dos gramados no mesmo ano.
"Ele era uma pessoa que não machucava ninguém, era muito apegado à família, passava os fins de semana brincado com os netos. Só brigava mesmo quando era pelo Coxa", resume Coelho. "Homens passam e as obras ficam. A dele ficou, sempre com muito caráter e humildade, voltado às coisas do Coritiba", concluiu Andrade.
O corpo de Aryon Cornelsen foi cremado na tarde desta quarta-feira. As cinzas do ex-presidente, conforme desejo dele, serão jogadas no gramado do Couto Pereira.
Deixe sua opinião