Se Keirrison jogar pelo Real Madrid, Jamelli crê que o atacante será artilheiro| Foto: Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo

Anúncio de cronograma de obras alimenta novo estádio no ano de centenário

Neste segundo semestre, a diretoria do Coritiba alinhavou conversações, na busca por parceiros para a construção de um novo estádio. A W Torre foi a empresa escolhida para participar do processo, nos mesmos moldes do novo Palestra Itália, que será a nova casa do Palmeiras. O arquiteto Tomás Taveira ficou encarregado de desenvolver o primeiro esboço do novo Couto Pereira, que empolgou a torcida, porém o clube ainda espera o aval da prefeitura de Curitiba para tirar o sonho do papel, já a partir de 2010.

O anúncio de todo o cronograma de obras é aguardado para 2009, como mais um presente para os coxas-brancas. O projeto todo está previamente orçado em R$ 200 milhões, e atenderá às mais recentes especificações da Fifa.

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Assista ao passeio virtual pelo novo estádio do Coxa

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Resgate. Talvez não exista melhor palavra para definir a temporada 2008 do Coritiba. A equipe foi a mais consistente do estado quando o assunto é acerto dentro de campo. O time deixou para trás dois anos na Série B do Campeonato Brasileiro, voltou a conquistar o título estadual após um hiato de quatro anos e visualiza adiante um novo estádio para o futuro. Tudo isto às vésperas do ano em que o Alviverde completará 100 anos de história. E pensar que o início do ano foi de incerteza.

Candidato de oposição, Jair Cirino dos Santos assumiu a presidência do clube em dezembro do ano passado, após derrotar o candidato da situação, João Carlos Vialle, e o também oposicionista Domingos Moro. Cirino teve a responsabilidade de assumir a equipe que acabara de conquistar o título da Segunda Divisão nacional, mas que estava sem técnico e sem uma base totalmente formada. A transição não foi das mais fáceis, tanto que a contratação de Dorival Júnior para o comando técnico só foi definida alguns dias antes da estréia no Campeonato Paranaense, contra o Iraty.

A vitória conquistada naquele 10 de janeiro foi apenas a primeira de uma série que viria a coroar o trabalho da nova diretoria. Mas o caminho foi tortuoso.

Clássicos perdidos e eliminação na Copa do Brasil colocam pressão sobre Dorival Jr.

Sem renovar com o Cruzeiro, clube que classificara para a Libertadores no ano anterior, o técnico Dorival Júnior fez uma verdadeira "queda de braço" para fechar com o Coritiba. Antônio Carlos Xavier, o Tonico Xavier, tomou a frente das negociações, que esbarravam sempre na parte financeira.

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Em determinado momento, o próprio dirigente chegou a descartar o treinador, porém a insistência viabilizou o acordo. Logo que chegou, Dorival Jr. fez uma série de indicações para contratações. Certamente as mais acertadas do primeiro semestre foram a do zagueiro Maurício, com quem ele havia trabalhado no São Caetano-SP, e o meia Carlinhos Paraíba, que alternou altos e baixos.

Assim como havia feito na conquista da Série B, o Coxa formou seus alicerces no início de 2008 sobre os jovens jogadores formados pela base do clube, como o zagueiro Henrique, o volante Rodrigo Mancha, o lateral-esquerdo Ricardinho, os meias Marlos e Pedro Ken, e o atacante Keirrison. Mas nem assim as participações do clube no Estadual e na Copa do Brasil foram fáceis.

No Paranaense, o Coritiba perdeu os dois primeiros clássicos locais, para o Atlético Paranaense (0 x 2, no Couto Pereira) e para o Paraná Clube (1 x 0, na Vila Capanema). Somando-se a estes resultados o 3 x 1 imposto pelo J. Malucelli no Janguito Malucelli, o trabalho de Dorival Jr. foi contestado pela primeira vez.

O treinador, em sua defesa, sempre reclamou da falta de tempo para trabalhar, e frisava constantemente que a equipe estava em formação, ganhando corpo e ritmo de jogo, para crescer no momento certo da competição. Com este discurso, o treinador conseguiu trabalhar com mais tranqüilidade, pelo menos até encontrar o São Caetano na Copa do Brasil. Após eliminar o Tuna Luso-PA no primeiro confronto (0 x 0 em Belém e 6 x 0 em Curitiba), o Alviverde perdeu a partida de ida para o Azulão por 1 a 0, obrigando-se a vencer por dois gols de diferença para seguir. Contudo, o time paulista conseguiu segurar o 0 a 0 no Alto da Glória e eliminou o Verdão, resultado que voltou a colocar Dorival Jr. na berlinda.

A presença de Tonico Xavier no departamento de futebol dava grande respaldo ao técnico, mas a saída do dirigente do posto, no fim de março (por incompatibilidades com pessoas da diretoria) parecia minar o caminho de Dorival Jr. O então vice-presidente de futebol, Édison Mauad, também saiu, e os dirigentes buscaram um coordenador de futebol remunerado (Paulo Jamelli, que estava no Barueri-SP) e promoveram Homero Halila a diretor de futebol.

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Passada a turbulenta eliminação na Copa do Brasil, o Coritiba se recuperou no Paranaense, fazendo uma segunda fase quase impecável, eliminando o Paraná com duas vitórias (1 x 0 e 0 x 2) e encarando o arqui-rival Atlético na decisão. Como o adversário tinha a vantagem na final, por ter a melhor campanha até ali, o Coxa logo buscou a vitória no primeiro confronto, e conseguiu, ganhando por 2 a 0 no Couto Pereira.

O jogo de volta seria na Arena da Baixada, e Dorival Jr. estava confiante, já que o time, como ele previa, estava maduro no momento certo. Apesar da derrota por 2 a 1 no reduto atleticano, o Verdão ergueu a taça, após um jejum de quatro anos sem conquistar o Paranaense. A equipe não pôde erguer o caneco na Arena, por uma imposição do Rubro-Negro, mas nem assim a festa foi menor, reunindo milhares de pessoas no Alto da Glória e nas ruas de Curitiba.

De volta à Série A, Coxa começa bem e Keirrison amplia horizontes

Passado o frenezi da conquista estadual, o foco do Coritiba voltou-se ao Campeonato Brasileiro. Seria a volta do clube, rebaixado em 2005. A estréia não poderia ser contra melhor adversário: o poderoso Palmeiras, de Vanderlei Luxemburgo, e que acabara de sagrar-se campeão paulista após um longo hiato de 12 anos. No encontro de campeões, o Couto Pereira se coloriu de verde e branco.

Duas mudanças na escalação do Alviverde paranaense em relação ao time campeão estadual. As entradas do volante Alê e do meia-atacante Michael, ambos vindos do Guaratinguetá-SP, fizeram toda a diferença ao Coxa. A equipe venceu o Palmeiras por 2 a 0 e cativou a torcida. Neste jogo, Keirrison não brilhou, acabou se machucando e ficaria fora por algumas rodadas, nas quais o torcedor do clube veria que os vôos do Verdão não seriam tão altos.

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Na rodada seguinte, derrota para o Figueirense em Florianópolis (2 x 1), em um jogo que ficou mais notório pela atuação ruim do Coritiba e pelo confronto de torcidas protagonizado na capital catarinense. Junto aos torcedores do Avaí, coxas-brancas se envolveram em uma "quebra-quebra" contra torcedores do Figueira que assustou a população local e deixou alguns feridos, além de muitos prejuízos.

Dentro de campo, o Alviverde conquistou dois empates contra São Paulo e Cruzeiro – ambos por 1 a 1 –, perdeu para o Botafogo fora de casa (2 a 1) e ficou no 0 a 0 com o Vitória, dentro do Alto da Glória. Com esta campanha, parecia que o Coxa deveria se contentar com uma posição intermediária, e quem sabe ficar feliz em permanecer na elite nacional.

O técnico Dorival Jr. batia na mesma tecla do estadual (‘temos uma equipe em formação, que precisa de um período de treinamentos para se encaixar"), irritando parte da torcida.

A vitória pouco convincente sobre os reservas do Fluminense (2 x 1), o empate nos minutos finais com o Atlético-PR (1 x 1) e a goleada de 3 a 0 diante do Internacional pouco ajudaram a melhorar o clima que pairava sobre o Coxa. Mas a partir desta derrota em Porto Alegre, o Coritiiba passou a crescer no torneio.

Veio uma goleada sobre a Portuguesa (4 x 0), um bom empate com o Goiás fora de casa (2 x 2) e a vitória sobre o então líder Flamengo, no Couto Pereira, por 1 x 0.

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Empolgado, o time ainda sofreu com alguns tropeços – derrotas para Atlético-MG, por 3 a 2, quando tinha 2 x 0 de vantagem, e 1 a 0 para o Grêmio, dentro de casa –, mas conquistou ótimos resultados fora de casa, ganhando de Náutico, Santos e Vasco. O 3 a 0 em cima do Sport na última rodada do primeiro turno deixava o torcedor confiante de que uma vaga na Taça Libertadores, no ano do centenário, era possível.

Nesta parte final, Keirrison mostrou-se decisivo, principalmente nas partidas longe do Couto Pereira. O nome do jogador atingiu as manchetes nacionais e o Palmeiras – por meio da sua parceira, a Traffic – tentou de todas as formas contratá-lo, porém a diretoria coxa-branca bateu o pé e garantiu a permanência do K9.

Inconstâncias nas escalações e no returno deixam Coxa em posição intermediária

Mesmo nas vitórias, Dorival Júnior sempre se via em meio a perguntas, como sobre os motivos que o levavam a alternar a escalação da equipe em tantas oportunidades. É verdade que o Coritiba enfrentou muitas lesões e perdeu diversos atletas nas rodadas iniciais do Brasileirão, porém o treinador mudava a equipe de acordo com o adversário, o que muitas vezes não era entendido pela torcida e pela imprensa. A polêmica maior veio quando o comandante alviverde escalou apenas um atacante.

Em jogos como contra o Náutico e Vasco, a tática deu muito certo. Mas na estréia do returno, com o Palmeiras, foi visto como equivocada e conservadora. A derrota de 1 a 0, em um jogo no qual o Coxa poderia ter conseguido um resultado melhor, apenas aumentou esta contestação sobre o treinador. A goleada sobre o Figueira (3 x 0) e os empates contra São Paulo (2 x 2) e Cruzeiro (1 x 1), então adversários diretos pelo G-4, apenas mantiveram vivas as esperanças do torcedor do clube em ver o Alviverde abocanhando uma vaga na Libertadores.

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Entretanto, faltou uma boa seqüência de vitórias para que o clube arrancasse rumo a este objetivo. Tropeços contra Botafogo (1 x 0, em casa) e diante da Portuguesa (0 x 0, no Canindé, mas a Lusa já brigava para não cair) custaram caro, e nem mesmo boas vitórias contra o Fluminense (3 x 2, no Maracanã) e sobre o Internacional (4 x 2, em Curitiba) fizeram o time engrenar. Dorival Júnior procurou não alimentar grandes esperanças na torcida, afirmando apenas que o time "seguia em formação", e que vinha fazendo uma ótima campanha, pois voltava à Série A e não possuía uma equipe de "medalhões".

Esta postura, embora realista, não agradava e gerou muitas críticas. A diretoria sempre deu seu respaldo, e procurou deixar claro que a meta era renovar com o técnico para 2009. Mas o empate com o Goiás em casa e a humilhante goleada de 5 a 0 para o Flamengo colocaram um ponto de interrogação na permanência do treinador.

Nesta altura, o Coritiba já estava distante de uma vaga na Libertadores, a pressão era grande, porém as conversações para uma renovação começaram. O procurador de Dorival, Édson Khodor, chegou a vir a Curitiba para tratar do novo contrato, mas o empate de 0 x 0 com o ameaçado Náutico e a derrota de 2 a 0 para o lanterna Ipatinga-MG deixaram o treinador longe de uma unanimidade. Diante disto, e de recentes boatos de que estaria negociando com outros clubes por valores astronômicos, Dorival Jr. anunciou, na véspera da partida com o Grêmio, que não ficaria no ano do centenário.

A notícia não chegou a surpreender ou preocupar torcida e diretoria, porém era aguardada para mais adiante. Os dirigentes alviverdes não sabiam o tamanho da dor de cabeça que o anúncio causaria. Em campo, o Coxa ainda perderia para o Grêmio (2 x 1), mas com a goleada de 5 a 1 sobre o Santos – com quatro gols de Keirrison –, o clube carimbaria o passaporte para o Copa Sul-Americana de 2009. Não era este o torneio internacional almejado pela torcida, porém a campanha até ali só ficava atrás de cinco clubes – São Paulo, Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo –, os únicos que brigavam diretamente pelo título e pelas vagas na Libertadores. Ou seja, para um clube que vinha de um recente acesso, o Alviverde estava fazendo uma ótima campanha.

Na despedida da torcida, dentro do Couto Pereira, derrota para o Vasco (0 x 2), e o Verdão fechou sua participação no Brasileirão com um revés de 4 a 3 diante do Sport, concluindo sua participação na 9.ª colocação, com 53 pontos (14 vitórias, 11 empates e 13 derrotas). Fez, pela primeira vez em suas participações em Brasileiros, um artilheiro: Keirrison fechou o campeonato com 21 gols, mesmo número de Kleber Pereira (Santos) e Washington (Fluminense). O K9 ganhou ainda o prêmio de Craque Revelação do torneio.

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Ainda sem técnico, o Coritiba já trabalha para um 2009 recheado de conquistas. O clube terá Campeonato Paranaense, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana pela frente. E a diretoria garante: o clube vai lutar pelo título em todas elas.