Coxa vai a julgamento semana que vem e entra 2010 sem casa
O Coritiba começará 2010 jogando fora do Couto Pereira. Essa é a tendência indicada ontem, com a abertura do processo contra o clube no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), pela batalha campal após a partida contra o Fluminense. O caso deverá ir a julgamento já na próxima semana. Se houver recurso, entra na pauta do Pleno somente em janeiro, após o recesso de fim de ano.
Justiça
Jurista cobra suspensão de um ano
Agência Estado
A interdição do Couto Pereira, a provável perda de dez mandos de campo e a multa em torno de R$ 200 mil soam ainda como insuficientes para a gravidade do incidente de domingo, pelo menos na opinião de alguns especialistas em direito esportivo. De acordo com o jurista Marcílio Krieger, ex-auditor do STJD, o Coritiba deveria ser suspenso o que o rebaixaria à Série D. Isso só seria possível com uma iniciativa da CBF, que teria de se valer do Artigo 48 da Lei Pelé, que permite a punição por meio de um processo administrativo.
Na avaliação da advogada Vera Otero, que defende mais de dez clubes de todas as séries do Brasileiro, a pena é branda. Ela considera uma anomalia do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) que a "barbárie" no Couto receba punição, em parte, equivalente a um caso ocorrido neste ano com o Juventude. "Perdeu três mandos de campo em razão de uma cusparada de um torcedor no bandeirinha. Não será desproporcional que todas aquelas agressões (em Curitiba) sejam penalizadas com dez perdas de mando de campo?", indagou.
Barras de ferro, pedaços de pau, cadeiras em abundância e muita sujeira. Ontem à tarde, funcionários do Coritiba ainda contabilizavam os estragos que a partida com o Fluminense causou ao Estádio Couto Pereira. Alguns trabalhando desde às 8 horas da manhã, eles tentavam esconder, ou pelo menos atenuar, o rastro de destruição que a queda para a Série B proporcionou ao centenário clube da capital.
Estava difícil. Dois carrinhos cheios, um com pedaços de ferro e de madeira de vários tamanhos, outro com cadeiras alviverdes e também pedaços delas circulavam pelo gramado.
Nas arquibancadas, alguns alambrados totalmente envergados formavam ótimos atalhos até o campo. Catracas arrancadas das entradas estavam jogadas no chão de cimento do estádio. Chinelos, camisas e bonés também estavam lá. Os cartuchos das balas de borracha atiradas pelos policiais eram encontrados com certa facilidade, bem como os restos de um capacete de um PM. Pouca coisa ficou intacta.
"Acho que já recolhemos umas mil cadeiras. Nunca tinha visto coisa igual", disse um funcionário que não quis se identificar, bem ao lado de uma enorme pilha de assentos arremessados para dentro das quatro linhas.
Fileiras inteiras de cadeiras simplesmente sumiram do setor Mauá. Outras, em menor quantidade, que estavam faltando das sociais, podiam ser encontradas ao lado do banco de reservas.
Embora o clube ainda não tenha fechado o balanço do prejuízo, estima-se que sejam necessários R$ 500 mil para recolocar o estádio em ordem, segundo informações da RPC TV. Só em cadeiras o investimento seria de R$ 80 mil.
Algumas lanchonetes também foram destruídas. Em uma delas, em meio a duas geladeiras depredadas, funcionários tentavam salvar o que restou. A grade que fechava a loja virou escudo contra os tiros da PM, dizia o responsável pelo estabelecimento, que preferiu seguir anônimo. Sua mulher, por outro lado, lamentava o assalto sofrido durante a confusão.
"Terrível. Eles colocaram camisas do Coxa no rosto e invadiram. Falavam que queriam dinheiro. Primeiro entraram três, depois veio uma "renca". Nós só corremos", contou, enquanto tentava limpar a imundice do local.
"Quando a Império desceu e começou a pular o fosso foi um caos. Até nossos potes foram parar lá dentro", completou.
Nem a sala da presidência foi poupada. Ela e outra anexa foram usadas como rota de fuga para um grupo de vândalos. Nada ficou no lugar. No entanto, quando a reportagem visitou o local, ela já estava arrumada e cheirando a produtos de limpeza.
Somente a placa que alertava os torcedores para não atirarem objetos no campo não foi tocada. "Pena: Interdição do Estádio". Foi o que aconteceu.
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Art. 211 Deixar de manter o local que tenha indicado para realização do evento com infraestrutura necessária a assegurar plena garantia e segurança para sua realização.
PENA: multa de R$ 1.000,00 a R$ 10.000,00 e interdição do local, quando for o caso, até a satisfação das exigências que constem da decisão.
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Art. 213 Deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto.
PENA: multa de R$ 10.000,00 a R$ 200.000,00 e perda do mando de campo de uma a dez partidas (...)
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Art. 233 Deixar de cumprir obrigação legal por fato ligado ao desporto, observada a competência da Justiça Desportiva prevista em lei.
PENA: multa de R$ 1.000,00 a R$ 10.000,00 e suspensão até o cumprimento da obrigação.
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