O pior episódio de violência do futebol paranaense teve a primeira e previsível consequência. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) confirmou a interdição cautelar do Estádio Couto Pereira. O palco do confronto provocado por parte da torcida alviverde após o jogo entre Coritiba e Fluminense, no domingo, está fechado até o julgamento em primeira instância, semana que vem. Como o desfecho do processo está previsto só para 2010, o Coritiba começará o ano desabrigado.
A esperada decisão preventiva do tribunal, anunciada na tarde de ontem, encorpou o noticiário policial no qual se transformou o rebaixamento do Coxa. O impacto da queda foi suplantado pelas cenas de violência vistas no domingo em Curitiba. Nem o título brasileiro do Flamengo, após 17 anos, ganhou tamanha repercussão quanto as agressões e vandalismo desencadeados após o empate por 1 a 1, decisivo para o descenso.
A selvageria ganhou a mídia nacional e internacional. Foto de um torcedor ensanguentado ilustrava a página inicial do site espanhol As. "Sangue e pranto no descenso do Coritiba", dizia uma das manchetes.
Ontem pela manhã, sem tempo para lágrimas, funcionários do clube começaram a limpeza do estádio. O que era para ser a esperada varredura dos papéis picados usado para a festa no início do jogo se transformou em perícia da polícia técnica e levantamento dos danos, que podem chegar a R$ 500 mil. Mastros de bandeiras, paus, pedras, extintores, caixa de som e até uma calça feminina queimada estavam entre os resquícios da barbárie.
Os gastos serão ainda maiores para consertar falhas na segurança escancaradas pela súmula entregue ontem à tarde pelo árbitro Leandro Vuaden, ao relatar a invasão generalizada e agressões sofridas pelo trio de arbitragem.
O episódio provocou reações na polícia e na Secretaria Estadual de Segurança Pública. Ao contabilizar os danos a 34 ônibus, em 5 terminais e no atendimento de 20 vítimas inclusive uma enfermeira que perdeu três dedos da mão por causa de uma bomba caseira , o secretário Luiz Fernando Delazzari voltou a defender a extinção das organizadas no estado e a prisão dos culpados.
Enquanto a polícia prendia um dos agressores e procurava outros suspeitos, o Coritiba buscava um comando. Escondido desde domingo após ameaças de morte, o presidente Jair Cirino silenciou sobre a selvageria, a queda e também a respeito do futuro alviverde.
Uma reunião realizada na noite de ontem, em lugar não anunciado por questões de segurança, trataria das próximas medidas tomadas e da condução do clube às vésperas da eleição rotativa (no mínimo três nomes devem ser substituídos) no Conselho Administrativo, presidido por Cirino.
As inscrições das chapas podem ser feitas até amanhã. Mas nem mesmo antigos opositores, como o ex-presidente Giovani Gionédis, declararam interesse em assumir tamanho ônus.
Nas ruas, os coxas-brancas lamentavam a queda e mais ainda a vergonha pelo vexame protagonizados por parte do público intitulado como torcedor e que ainda trarão estragos às finanças e à imagem do clube.
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