Los Cardales - A Copa América ainda não contagia Buenos Aires. Mesmo a pouco mais de uma semana da partida inaugural do evento o encontro dos donos da casa com a Bolívia, no dia 1º de julho o assunto dominante é a possibilidade de o River Plate, dono da segunda maior torcida da Argentina, ser rebaixado à Segunda Divisão pela primeira vez em 110 anos de existência.
A tragédia que espreita os arquirrivais do Boca Juniors toma conta de todos os programas esportivos, tanto no rádio quanto na televisão. O meio-campo Javier Saviola, cria do clube, atualmente no Benfica-POR, lamentava a situação no canal a cabo ESPN, ontem à noite. "É triste ver que o River está assim. Mas não há muito a se fazer, é preciso pensar positivo", falou.
O tema também estampa as capas dos jornais e, principalmente, esquenta o debate no frio das ruas da capital. Nem a presença incomum de Lionel Messi em Buenos Aires, treinando com a seleção, merece tamanha deferência quanto o sofrimento dos Milionários.
"O que está acontecendo com o River é mais importante do que qualquer outra coisa, incluindo o melhor jogador do mundo. Estamos falando de um dos times mais importantes do planeta. De algo que, se acontecer, seria um vexame sem precedentes. Por isso, tudo está em segundo plano", afirma o músico Nicolás Sueldo, torcedor do Independiente.
Até mesmo na seleção argentina o assunto recebe destaque. Após a vitória por 4 a 0 sobre a Albânia, em amistoso jogado na segunda, o técnico Sérgio Batista comentou: "É um clube grande e ninguém gosta de vê-lo assim. Mas tem time e condições de permanecer na Primeira Divisão".
Hoje à noite o River entra em campo para o primeiro confronto da repescagem (chamado de promoción). Atuando fora de seus domínios, enfrenta o Belgrano. O representante de Córdoba segunda cidade mais populosa da Argentina tenta trilhar o caminho contrário, na busca por uma vaga na elite do futebol portenho.
O jogo de volta será no domingo, marcado para o Monumental de Nuñez, morada do time no passado apelidado de La Maquina e sede da seleção argentina na Copa América. "Enquanto esse segundo confronto não acontecer, vai ser assim mesmo. O jeito é esperar e sofrer", conta o vendedor Damián Otero, apaixonado pelo River.
No campeonato argentino, o descenso é definido pela média de pontos das últimas três edições. O sistema chamado de pormedio protege os clubes grandes de descer ao inferno em uma campanha mal-sucedida eventual. O envolvimento com a repescagem escancara a decadência do River, 33 vezes campeão nacional, dois títulos de Libertadores e um Mundial.
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