Claudio Dalledone Júnior foi chamado para ajudar Anderson Silva| Foto: Henry Milléo / Gazeta do Povo

Anderson Silva alegará que os anti-inflamatórios usados na recuperação da fratura da sua perna esquerda induziram um falso positivo no exame antidoping a que foi submetido, em janeiro, nos Estados Unidos.

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O resultado do teste, divulgado na terça-feira, indicou que o lutador usou de drostanolona e androsterona na preparação para o UFC 183, em que enfrentou e venceu Nick Díaz, no sábado. As duas substâncias anabolizantes são proibidas pela Comissão Atlética Nevada, responsável por regulamentar o UFC.

A estratégia de defesa está sendo desenhada pelo advogado criminalista Claudio Dalledone Júnior, amigo pessoal do Spider. Na quarta, os dois conversaram por telefone. Anderson está em Las Vegas, onde tem residência e participação da gravação do reality show The Ultimate Fighter 4.

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"O Anderson nega a ingestão de qualquer medicamento proibido", diz Dalledone. "Mas nossa postura não será de enfrentamento à comissão organizadora de Nevada nem ao UFC. Nossa postura será se esclarecimento. Ele não precisa se defender. Ele só precisa esclarecer o que aconteceu", prossegue o advogado, que está buscando profissionais para atuar na defesa do lutador em Las Vegas. Silva também tem um escritório em Curitiba que o representa junto ao UFC.

Segundo Dalledone, uma "alta autoridade em farmacologia" foi contratada para emitir um parecer explicando o que aconteceu. O médico do lutador e diretor da Comissão Atlética de MMA do Brasil, Marcio Tannure, deve revelar todos os medicamentos administrados para Silva no último mês e auxiliar o especialista.

A tese pode prosperar. De acordo com Roseli de Lacerda, professora associada do departamento de farmacologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), "medicamentos anti-inflamatórios, como corticoides, podem dar falsos positivos em testes antidoping."

Enquanto isso, Dalledone diz que Silva vai tocando a vida normalmente nos Estados Unidos e que já começou a gravar o reality show no qual será um dos treinadores – o outro é o também curitibano Maurício Shogun.

Isso pode ser um sinal de que o lutador brasileiro não receberá a mesma punição que Thiago Tavares, suspenso por nove pelo uso da mesma drostanolona, em 2013. Aliás, pode representar a absolvição total de Anderson, já que não pegaria bem ter como tutor de promessas do esporte um lutador pego no doping. Além disso, milhões foram investidos na forma de patrocínio em Silva, o lutador mais bem pago da história do UFC.

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ComplicadoresTannure, médico de Silva, já foi acusado de administrar substâncias proibidas fora do prazo para o lutador Antônio Pezão, em 2013. Depois do empate contra Mark Hunt, uma das melhores lutas da história dos peso-pesados do UFC, segundo Dana White, chefe da franquia, Pezão foi pego no exame com uso acima do permitido de TRT (Terapia de Reposição de Testosterona), uma forma de restabelecer os níveis do hormônio, que caem por problemas de saúde ou com o passar dos anos. O lutador Vitor Belfort é um dos atletas autorizados pelo UFC a fazer uso regular da TRT, até um determinado período antes das lutas. O médico de Silva se defendeu dizendo que somente seguiu as orientações do médico pessoal de Pezão.

Dalledone tem no currículo dois casos controversos ligados ao esporte. Ano passado ele defendeu o ex-vereador Juliano Borghetti, preso na confusão entre a torcida de Atlético e Vasco durante a última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, na Arena Joinville. Antes, ele trabalhou na defesa do goleiro Bruno, ex-Flamengo, no caso de assassinato de Eliza Samudio.