O Coritiba corre risco de não poder mandar jogos em seu estádio durante todo o ano de 2010 e parte da temporada seguinte. Ontem, o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, denunciou o clube pela selvageria ocorrida no Couto Pereira logo após a partida contra o Fluminense, domingo o empate por 1 a 1 decretou o rebaixamento do clube à Segunda Divisão.
Ele enquadrou o Alviverde nos artigos 211 (por ausência de infraestrutura), 233 (inobservância do Estatuto do Torcedor) e, triplamente, no artigo 213 (por desordem e tumulto, arremesso de objetos no gramado e invasão de campo). Se a condenção for com pena máxima, a punição do Coxa não terá precedentes na Justiça desportiva brasileira: o clube perderá 30 mandos de campo e pagará uma multa cumulativa que pode chegar a R$ 620 mil.
"Será a primeira vez (se ocorrer a punição máxima). Mas se justifica pois a quantidade de infrações e infratores é muito grande. Não há nenhum precedente (no futebol brasileiro)", analisa Schmitt.
A punição exemplar pedida pelo procurador só foi possível com o entendimento de que, pela intensidade dos distúrbios, havia motivos para desmembrar as condutas previstas no artigo 213 em cada um de seus incisos e, assim, triplicar a pena inicial, que seria de 10 jogos e R$ 200 mil.
A Gazeta do Povo teve acesso à petição enviada para uma das comissões disciplinares do STJD, que será julgada na terça-feira, no Rio de Janeiro. Nela, o procurador trata o ocorrido como "batalha campal do Couto Pereira" e tenta deixar bem claro, com fotos, matérias de jornal e internet, que houve falha do Coritiba na realização do evento.
A denúncia pegou de surpresa o Coxa, que planejava sua defesa imaginando menos severidade da procuradoria. De acordo com o advogado José Mauro Couto Filho, contratado especialmente para defender o clube neste caso, houve exagero. Embora admita que uma tendência para tornar o caso do Alviverde um exemplo, o advogado tentará mostrar ao tribunal que o Coritiba fez tudo o que estava a seu alcance para evitar a confusão.
"É um excesso. A ideia de invasão é única. E tem de levar em conta que de 40 mil torcedores apenas uns 50 invadiram. O Couto Pereira tem avisos para sua torcida em todos os cantos. Vamos mostrar que tudo que era possível ser feito o clube fez", disse José Mauro Couto Filho, que é vice-presidente Jurídico do Botafogo e também filho do auditor José Mauro Couto de Assis, membro do pleno do STJD.
Outros denunciados
No mesmo processo também foram denunciados Osvaldo Dietrich, ex-presidente da torcida organizada Império Alviverde e hoje funcionário do departamento de marketing do Coritiba, e o Fluminense. Dietrich foi enquadrado no artigo 185 praticar agressão física por fato ligado ao desporto, com pena de até 720 dias de suspensão. O clube carioca foi citado no 215 por atraso no início da partida e do segundo tempo; no máximo pagará um multa de R$ 1 mil por minuto de retardamento.
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