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Ye Shiwen foi a primeira mulher a bater um recorde mundial desde o banimento dos supermaiôs | Leon Leal/ AFP
Ye Shiwen foi a primeira mulher a bater um recorde mundial desde o banimento dos supermaiôs| Foto: Leon Leal/ AFP

As acusações, por enquanto infundadas, contra a nadadora chinesa Ye Shiwen, uma das grandes polêmicas dos Jogos de Londres, revelaram que potências esportivas como os Estados Unidos não se esquecem das obscuras práticas esportivas por parte dos chineses nos anos 90, quando muitos atletas da natação foram pegos em exames antidoping. Quase 20 anos se passaram e desde então, a China adotou rigorosas leis antidoping e tentou lavar sua imagem em Jogos Olímpicos.

Quando Shiwen nadou os 400m medley com um tempo de 4min28s43, jornalistas esportivos voltaram ao Mundial de Roma, em 1993, um dos casos mais descarados de doping em massa. As nadadoras chinesas, que tinham despontado em Barcelona-92 (quatro ouros) e no Mundial de Perth-91 (outros quatro), protagonizaram um dos campeonatos mais contestados da história ao conquistarem 12 das 16 medalhas de ouro - e seis pratas - no quadro feminino.

Apenas grandes campeãs como a alemã Franziska van Almsick ou a americana Janet Evans conseguiram vencer as chinesas, o que também levantou muitas suspeitas. Naquele tempo, os exames antidoping eram menos avançados e, em 1994, nos Jogos Asiáticos de Hiroshima, foram confirmados vários casos de doping pelo time chinês. Sete nadadoras chinesas testaram positivo para esteroides, fazendo com que a China só ganhasse um ouro no torneio.

Na ocasião, a China acusou o Japão pelo escândalo (uma mostra da histórica rivalidade dos dois países), mas em 1996, a piora no nível técnico foi confirmada nos Jogos de Atlanta, quando as nadadoras chinesas só levaram um ouro (Le Jingyi, 100m livres). E no Mundial de Perth-1998, Yuan Yuan, uma nadadora de peito, foi pega no aeroporto de Sydney com 13 envelopes de hormônio de crescimento na sua mala de mão e banida do esporte. No mesmo campeonato, outros quatro nadadores testaram positivo e foram expulsos do torneio.

A China tentou esquecer aqueles anos com a candidatura para os Jogos de 2008, o que obrigou o país a tomar medidas sérias contra o doping. Hoje em dia, os nadadores chineses fazem cerca de 2.500 exames anuais, supervisionados pela FINA e pela Agência Mundial Antidoping.

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