Ricardo Pinto comandou apenas três vezes o Paraná na Série B| Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo

Administração

Funcionários também reclamam

Além do técnico Ricardo Pinto, que trouxe novamente à tona os problemas financeiros do Paraná, os funcionários do clube também revelaram estar sem receber salários. A assessoria de imprensa do clube, porém, desmentiu ontem que tenha havido uma paralisação em protesto pelos atrasos salariais, como chegou a ser divulgado. Os funcionários solicitaram uma reunião com a diretoria para conversar sobre o assunto. O clube vai se manifestar hoje.

O atraso no pagamento dos funcionários chega a dois meses. "A coisa está feia, está complicada. Estamos com o salário de abril e maio em atraso e não há previsão do pagamento", revelou uma funcionária da sede da Kennedy, que não quis se identificar.

Em março, cerca de 40 trabalhadores do Centro de Treinamento Ninho da Gralha decidiram paralisar as atividades – o CT é administrado em parceria entre o Paraná e a empresa Bom Atleta Sociedade Empresarial (Base). Na época, eles reclamavam de salários atrasados. O grupo chegou a programar uma manifestação na sede da Avenida Kennedy, mas voltou atrás. (ARB e LB)

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Bastou ao Paraná um empate em casa com a Portuguesa, e a torcida contestar o trabalho do técnico Ricardo Pinto, para que velhos, mas insistentes problemas financeiros se transformassem no foco principal do noticiário tricolor. Após o jogo de terça-feira, o treinador disse não ter recebido salário nos últimos três meses. Informou ainda não ter em mãos um contrato assinado com o clube no qual trabalha desde fevereiro. Ontem, após as polêmicas declarações, a corrida para tentar contornar a questão começou.

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Na sede da Avenida Kennedy, representantes do principal patrocinador do time, a Sinoway, empresa chinesa de produtos agrícolas, se reuniram com o gerente social Luiz Carlos Casagrande, o Casinha, para tentar solucionar um problema que vem se arrastando há pelo menos três meses: o repasse das cifras do patrocínio aos cofres tricolores. O resultado do encontro, porém, não foi revelado.

Enquanto isso, funcionários da Vila Capanema, motivados pelo protesto solitário de Ricardo Pinto, resolveram pedir uma reunião fechada com a diretoria para cobrar dois meses de salários atrasados (leia mais nesta página). Mais uma vez, o assunto em ambas as sedes era um só: a falta de dinheiro.

De acordo com o que a Gazeta do Povo apurou, os R$ 100 mil men­­sais previstos de patrocínio, destinados a cobrir a maior parte do salário da comissão técnica, ga­­ran­­­­­­­­­tiriam também os ven­­cimen­tos de uma fatia considerável dos fun­­cionários do departamento de fu­­tebol, incluindo alguns jogadores.

Em viagem, o vice-presidente financeiro do clube, Celso Bit­­tencourt, um dos responsáveis pela negociação com a Sinoway, evitou tecer comentários. Ao ser questionado se havia atraso de salários ou no repasse da verba de patrocínio, limitou-se a dizer. "Eu não vou entrar nesse assunto, pois pretendo resolver até amanhã [hoje]", afirmou. O presidente em exercício do Paraná, Aramis Tissot, não foi localizado para dar explicações.

O único a se pronunciar abertamente foi Alessandro Kishino, membro do departamento jurídico paranista. O advogado garantiu que Ricardo Pinto tem, sim, vínculo trabalhista com o clube: "Ele está registrado, é funcionário do Paraná". Kishino chegou inclusive a redigir um contrato para o treinador. "Fiz o contrato lá atrás, quando chegou. Se foi assinado, não sei", contou, dizendo não saber se os salários estão atrasados.

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A situação tem se repetido nos últimos três anos, e influiu diretamente nos resultados na Série B do ano passado. Antes da parada para a Copa do Mun­­do da África do Sul, o Paraná detinha a liderança isolada. Na volta, um mês depois, despencou na tabela e chegou a se preocupar com o rebaixamento.