Saltadores são a esperança do país no Mundial
Com a pista comprometida pelo doping, as esperanças brasileiras se voltam para o campo em Berlim. A aposta é nos saltadores. Mesmo os favoritos dependem da superação para melhorar o desempenho brasileiro em Mundiais, que desta vez dificilmente encerrará o tabu de ouros. Em 12 edições o país conquistou cinco medalhas de prata e cinco de bronze.
As estrelas
O fenômeno
O homem mais veloz do mundo não foi o mais rápido em 2009. Recordista dos 100 m com 9s69 e vencedor de três ouros em Pequim, Usain Bolt não passou dos 9s79 na temporada. Mesmo sem o foco no cronômetro promete pensar em recordes só em 2010 , garante ser imbatível. Pior para o seu desafiante Tayson Gay. O jamaicano define o encontro como apenas uma corrida e não um combate.
O desafiante
O atual campeão mundial dos 100 m e 200 m, o norte-americano Tayson Gay fez a melhor marca da temporada (9s77, não homologada). Ele garante estar pronto para superar Bolt. Com uma lesão na coxa em Pequim, diz ter adiado para a Alemanha o grande duelo com o velocista jamaicano. O encontro nos 100 m será amanhã. Um recorde encerraria dez anos sem um norte-americano fazer o melhor tempo nos 100 m.
A favorita
Atual bicampeã olímpica e mundial, a russa Yelena Isinbayeva viveu uma experiência inusitada há menos de um mês do Mundial. Sem perder uma competição no salto com vara desde 2004, ficou em segundo no Meeting de Londres, no fim de julho, atrás da polonesa Anna Rogowska. Nada que tire o favoritismo na busca pela terceira medalha de ouro consecutiva na competição.
O recordista
O cubano Dayron Robles, campeão olímpico e mundial dos 110 metros com barreiras, é o grande nome da equipe de seu país no Mundial. No fim de julho, ele ganhou o Super Grand Prix de atletismo, em Mônaco, com a marca de 13s06, sua segunda melhor do ano, mesmo tendo ficado quatro meses sem competir. É dono do recorde da prova, com 12s87.
O tricampeão
Quem deve reinar com tranquilidade nas provas longas é o etíope Kenenisa Bekele. Tricampeão mundial nos 10.000 m (2003/2005/2007) e medalhista de ouro nos 10.000 m e 5.000 m dos Jogos de Pequim, ele é o favorito para vencer novamente estas provas na Alemanha.
O atletismo brasileiro estreia hoje no Mundial de Berlim maculado pelo maior escândalo de doping do país. Flagrantes em série do uso de substâncias proibidas diminuíram a quantidade (de 45 para 42 inscritos), a qualidade e o ânimo do Brasil na competição. A disputa vai até o dia 23 no Estádio Olímpico de Berlim, com 47 modalidades e 2.500 atletas de 213 nações.
Para ampliar ainda mais o constrangimento, a Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo) decidiu obrigar os brasileiros a realizar exames de sangue antes das disputas.
Diante do declínio técnico e dos problemas fora da pista, as chances do país são remotas. "No masculino, não dá para pensar em medalha. Nem com injeção na barriga. A situação é tão séria, que até os atletas recentemente acusados de doping não conseguem bater recordes de 10 anos, como os 200 m, de Claudinei Quirino (19s89). Pior é a situação dos 100 m, que já dura 20 anos, batido em 1988, por Robson Caetano, com 10 segundos cravados", disse em entrevista esta semana ao UOL, o professor de educação física Fernando Franco. Ele desenvolve projeções com base nos recordes mundiais e ranking da IAAF.
O prognóstico sombrio que não inclui o feminino (ler mais nesta página) parte da própria Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). "Falar em medalhas é complicado. Esperamos uma grande atuação de nossos atletas, mesmo eles tendo enfrentado uma situação extremamente desagradável aqui", disse o superintendente da entidade Martinho Nobre dos Santos.
O golpe de flagrantes por atacado foi duro, mas ele acredita ter sido superado. "O ambiente melhorou, embora alguns, mais ligados aos atletas atingidos ainda sintam isso. Mas temos certeza de que eles vão superar tudo e competir bem no Mundial", espera o dirigente, um dos responsáveis pelas investigações.
Josiane da Silva Tito (4x400 m), Luciana França (400 m com barreiras), Jorge Célio da Rocha Sena (200 m e 4x100 m), Bruno Lins Tenório de Barros (200 m e 4x100 m), Lucimara Silvestre da Silva (Heptatlo) e Evelyn Carolina Oliveira Santos (4x100 m) já estavam na Europa quando a Confederação divulgou o resultado positivo para a substância Eritropoietina (EPO). Lucimar Teodoro (400 m com barreiras) foi suspensa pelo uso do estimulante femproporex.
Todos integravam a equipe Rede Atletismo comandada pelos técnicos Jayme Netto Júnior e Inaldo Sena, que assumiram a culpa pela contaminação.
Foi um desmanche nas pistas. A baixa coletiva comprometeu a participação individual e desmontou os revezamentos, que tiveram de ser remontados às pressas.
No masculino, onde o país conquistou suas maiores glórias (bronze (1999) e prata (2003) em Mundiais e prata na Olimpíada de Sydney-2000, Nilson de Oliveira André e Aílson Feitosa reforçaram a equipe dos 4x100 m masculino e devem ficar na reserva do quarteto Sandro Viana, Vicente Lenílson, José Carlos Moreira e Basílio de Moraes. "Estão todos abatidos. O que aconteceu foi muito grave e estamos tentando esquecer", desabafou Viana.
Bárbara Farias de Oliveira integrou o conjunto feminino do 4x400 m na vaga de Josiane. Já Ana Cláudia Lemos substituirá Evelyn nos 4x100 m. Ela disputou o revezamento em Pequim e no último fim de semana foi campeã brasileira sub-23 dos 100m e do revezamento 4x100 m em São Paulo. "Estou bem este ano e vou lutar para tentar um lugar na equipe titular", afirmou a velocista com esperança de ajudar o atletismo brasileiro superar o maior trauma da sua história.
Ao vivo
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