O time de Felipão treinou ontem no Presidente Vargas: estádio corre o risco de ficar relegado, sem futebol depois da Copa| Foto: Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo

O local de treinamentos da seleção brasileira em For­­taleza está condenado a se tornar um filhote de elefante branco. Reformado em 2011 por R$ 50 milhões, o Estádio Presidente Vargas tem agenda garantida apenas até a Copa-2014. Depois, terá de recorrer a clubes sem torcida ou eventos de outros segmentos para se manter em uso. Situação que leva a prefeitura de Fortaleza, proprietária do aparelho, a cogitar transformá-lo em um "sambódromo" para festa junina e entregar sua gestão à inicia­­tiva privada.

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Construído em 1941, o PV foi fechado em 2008 para reformas de modernização. A ideia era remodelar o estádio para ser usado durante as obras do Castelão e, depois, retomar o status de segunda casa de Ceará, Fortaleza e Ferroviário. A primeira parte do plano deu certo. Entre 2011 e 2012, o trio mandou seus jogos no estádio com capacidade para receber 20 mil torcedores. A segunda, não.

Em março, o Ferrim assinou contrato de exclusividade com a Arena Castelão. No início de junho foi a vez do Vo­­zão. O Fortaleza está próximo de um acerto, mas, como não assinou, segue sendo a única esperança do município para manter o uso do PV para o futebol. "Estamos tratando um contrato de arrendamento nos moldes do Engenhão, mas ainda é uma conversa muito solta", diz Márcio Lopes, secretário municipal de Esportes.

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Caso não haja acordo com o Leão, restariam como opções de donos da casa o Tiradentes, quarta força da cidade, e o Maracanã, da região metropolitana. Os dois clubes mandaram seis partidas do Estadual no PV, com média de 596 pagantes.

Na iminência de ficar com um estádio às moscas, a prefeitura negocia a realização de outros eventos. Segundo Lopes, já há sondagens para shows, MMA, motocross free style e um festival de quadrilhas juninas. "Seria um sambódromo para festas juninas", diz o secretário, que, neste ca­­so, admite repassar o está­­dio para a iniciativa privada. "Hoje eu quero a prefeitura no comando de tudo. Mas o estádio nunca teve utilização multiuso e seria interessante isso ser feito por uma empresa especializada. Uma ONG nos apresentou um estudo nesse sentido, mas nada ficou definido", acrescentou, sem dar detalhes.

A situação do PV deve seguir indefinida até a Copa, período em que o estádio servirá de local de treinamentos. Uso que exigirá mais gastos. Neste ano já foi feito um investimento de R$ 55 mil para preparar o gramado para a Copa das Confederações. Para o Mundial, a grama teria de ser trocada e receber sistema de drenagem, hoje feita naturalmente pelo solo arenoso abaixo do campo. Uma fatura de R$ 1,5 milhão. "Temos quatro tipos de grama e a Fifa exige uma só. Vamos conversar com a CBF e a Fifa. Se a orientação for trocar, fazemos", afirma.

Certo mesmo é que será cada vez mais difícil para os grandes times da cidade usarem o PV. "Não vou ficar preso a Ceará, Ferroviário e Fortaleza para ter jogo no PV. Eles terão de entrar na fila de agendamento como qualquer outro evento", avisa.

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