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Toda eleição é saudável, afinal, é melhor o eleitor sair de casa para votar – mesmo sendo contra o voto obrigatório – do que ficar em casa sem votar, lendo e ouvindo notícias censuradas pela ditadura. Para muitos é um incômodo ter de votar, para outros é uma alegria poder escolher o seu candidato.

O problema do Brasil não é o excesso de eleições, mas sim a falta de partidos políticos organizados, bem-estruturados, com programas definidos, éticos e com propostas que, efetivamente, atendam ao interesse público. O excesso de partidos de aluguel corrói o regime democrático e não existe democracia sem partidos fortes. Preocupação que todos deveríamos ter.

Discute-se muito e decide-se pouco neste país. Não há político que não se ache intelectual e, consequentemente, que não seja narcisista, como é raro o intelectual que não se considere um gênio e não se imagine fazendo – mesmo quando escreve croniquetas e poesias de pé-quebrado – política. Normalmente, o intelectual racionaliza o político (dando um invejável senso de legitimidade filosófica ou jurídica aos seus atos) e o político desmonta o intelectual que se vê obrigado a morder a própria língua.

Por isso que livros escritos com tendências para samba-exaltação, biografias que bajulam heróis de ocasião, filmes produzidos com a finalidade de enaltecer políticos não conseguem separar o autoamor da cretinice que grassa e assola o jardim onde florescem as nossas celebridades.

Como a pátria é o último refúgio dos canalhas – eis a frase famosa – a julgar pelos pronunciamentos dos políticos corruptos pegos com a boca na botija nos últimos tempos, a falsa religiosidade deve ser o penúltimo refúgio dos canalhas.

Nove entre dez picaretas ameaçados pela cassação ou por uma temporada atrás das grades agradecem a Deus, às suas famílias, aos verdadeiros poucos amigos e enaltecem os anos de serviço prestados à pátria. E esse maroto costume se aplica, lamentavelmente, à chamada "pátria de chuteiras". Quantos cartolas saíram tocados de seus clubes, de federações, ou, recentemente, da presidência da CBF e não deixaram de exaltar os anos de dedicação à causa do esporte, mesmo que tenham arruinado financeiramente clubes e entidades por onde passaram.

A bola da vez é o senhor Carlos Arthur Nuzman que, aos 70 anos de idade, partiu para seu 5.° mandato à frente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Ninguém nega a capacidade e o talento do presidente Nuzman que teve o mérito de revolucionar o vôlei nacional a partir de 1975, quando assumiu o comando da Confederação Brasileira de Vôlei e incrementou o processo de revitalização dessa modalidade.

A questão é a sua longevidade no posto, agora com a imagem arranhada em meio ao caso de furto de documentos nos Jogos de Londres. Além do que, eleição rima com renovação.

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