O Morumbi recebeu, na noite desta quarta-feira, uma partida que seria digna de final da Copa Sul-Americana. O jogo, na verdade válido pelas oitavas-de-final, foi empolgante. Parecia de Libertadores. O São Paulo levou a melhor sobre o temido Boca Juniors, ao vencer por 1 a 0 e assegurar a vaga nas quartas, pois o jogo de ida foi 2 a 1 para os argentinos em La Bombonera e no empate no saldo de gols leva vantagem quem marca mais fora de casa. O próximo adversário sairá do duelo entre Milionarios (COL) e Colo-Colo (CHI), que fazem o jogo de volta no dia 4. O primeiro placar foi 1 a 1.
O Tricolor segurou a grande força do continente e ainda manteve os números a seu favor: segue sem perder em casa para os hermanos, agora em seis partidas na história dos confrontos, e também não é derrotado por uma equipe argentina no Morumbi há mais de 24 anos. O último tropeço foi para o Independiente, em um amistoso, no ano de 1973.
O clima era mesmo de final, ou de Libertadores: o torcedor são-paulino compareceu em massa - mais de 46 mil -, como pediram os jogadores e o técnico Muricy Ramalho, e empurrou a equipe, que adotou uma postura agressiva. O Boca também teve seus representantes, que lotaram o espaço destinado, e ainda tiveram apoio de alguns corintianos infiltrados na torcida "xeneize".
Só faltou o gol... Com toda essa atmosfera, não podia se esperar algo diferente de um jogão. E foi assim mesmo, desde o primeiro minuto. Aliás, a chance inicial foi do Boca, que assustou a torcida anfitriã. Dátolo tocou por cima de Ceni, e Miranda, ao tirar de cabeça, quase se atrapalhou. Leandro mostrou que o São Paulo estava em casa aos três minutos, ao entortar um adversário. Aos cinco, ele, de novo, chutou pertinho do gol de Caranta. A torcida levantou para comemorar, mas a bola não entrou.
O anfitrião criava mais, era agressivo, e o gol parecia questão de minutos. O time argentino marcava bem, e nas poucas vezes que chegava ao ataque assustava, como aos 16, quando Ledesma chegou na frente de Ceni, mas errou o chute. Aos 21, o Tricolor perdeu outro gol, com Borges, que viu Caranta segurar seu chute. Além de Leandro, Dagoberto também estava em noite inspirada, distribuindo dribles pela defesa do Boca. Que primeiro tempo! Mas o Tricolor ficou devendo o gol...
Assim que Chandia apitou o fim da etapa inicial, Ceni foi atrás dele reclamar da atitude dos jogadores do Boca, que tentavam fazer com que o tempo passasse logo e seguravam o jogo.
- Sabemos que eles são catimbeiros, mas não podemos ser coniventes com este tipo de atitude. Eles estão passeando em campo para pegar a bola, como vocês caminham para entrevistar um jogador - disse o camisa 1 tricolor à TV Globo.
Aloísio entra e decideMesmo após a reclamação de Ceni, o Boca voltou ainda mais lento. Como Borges não aproveitou a chance no primeiro tempo, Muricy apostou em Aloísio na segunda etapa. Mas a primeira chance foi de Palermo, que cabeceou de peixinho, com perigo, na frente do camisa 1 são-paulino.
A aposta do treinador tricolor surtiu efeito rapidamente: aos oito minutos, Dagoberto levantou a bola na área e Aloísio, entre dois marcadores, matou no peito e chutou sem chances para Caranta. Gol do São Paulo! Explosão da torcida no Morumbi!
Depois do gol, Aloísio, Souza e Leandro reclamaram de dores. Mas foi o último que precisou ser substituído por Hugo. Não deu mais para o Guerreiro. O Boca aproveitou para pressionar um pouco, mas viu sua melhor chance, com Palermo, parar nas mãos de Ceni.
Chandia seguia sem marcar qualquer falta e o jogo começou a esquentar. Paletta recebeu amarelo ao rebocar Dagoberto. Aloísio e Bueno, que acabara de entrar, trocaram empurrões e cotoveladas. Mas o árbitro achava tudo normal. Aos 37, a confusão aumentou em um lance de ataque na área do Boca: Breno e Palermo trocaram agressões e os demais jogadores se estranharam. Os dois atletas receberam cartões.
Os minutos finais foram de pressão total do Boca, principalmente pelo alto. Que sofrimento para a torcida são-paulina! Souza ainda teve chance de ampliar, aos 46, mas Caranta tirou com as pontas dos dedos. O Tricolor se classificou e viveu uma noite de Libertadores na Sul-Americana.
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