Luiz Felipe Scolari durante o treino de reconhecimento do gramado do Estádio Nacional, em Brasília: o lema é usar a seleção para revigorar a carreira| Foto: Albari Rosa, enviado especial/Gazeta do Povo

Desde o fracasso no Chelsea, em 2009, Luiz Felipe Scolari deixou o primeiro escalão dos treinadores – posição que o gaúcho passou a frequentar com o pentacampeonato da seleção brasileira no Mundial de 2002, no Japão e na Coreia do Sul. A Copa das Confederações é a chance dele de voltar à elite.

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Para tanto, Felipão aposta na estratégia bem-sucedida há mais de 10 anos. Não busca apenas a formação de um time, com onze jogadores e disposição tática bem definida. Confia na gestação de uma irmandade em torno da sua figura carismática – a reencarnação da Família Scolari.

Em todas as entrevistas e atitudes, os jogadores – ou filhos, irmãos, como queiram – evocam o compromisso com a unidade e o bem-estar do grupo. "O Felipão avalia tudo. Questão de horário, disciplina, a rotina do dia a dia é muito importante. Ele busca um grupo ideal", comenta o goleiro Júlio César, o "primogênito", aos 33 anos.

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"Independentemente da qualidade, fora de campo parece que somos amigos desde criança, não tem vaidade. Maravilhoso de trabalhar", reforça Neymar, um dos caçulas, com 21 anos.

Se o ambiente saudável é fundamental, o treinador também mostra convicção com o aspecto tático. Depois de experimentar outras formações, adotou o esquema 4-2-3-1, com dois volantes, três meias-atacantes e um centroavante.

"As ideias na nossa cabeça estão 100%. Como devemos jogar, atacar, defender. Falta conhecer o jogador um pouco, saber como ele gosta de se movimentar. Erros sempre vão ter, mas estamos bem conscientes", comenta o lateral-esquerdo Filipe Luís.

Para alcançar esse nível de obediência dos atletas – no gramado e fora dele – Scolari está cercado de pessoas de confiança. A começar por sua "versão miniatura", Flávio Murtosa, assistente-técnico e companheiro de caminhadas por 30 anos, apelidado de "Baixo".

O preparador-físico Paulo Paixão é outro camarada de longa data. Além da dupla, Felipão repete o sistema vitorioso de 2002, com um diretor técnico experiente. Da outra vez, foi Antônio Lopes. Agora, Carlos Alberto Parreira, o campeão do tetra.

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"O Parreira me ajuda, observa uma situação que não estou gostando. Essa é uma das funções que ele tem feito e me ajuda muito. Posso dialogar. Depois peço para o Murtosa. Tento trabalhar com todas as visões. E aí vem a minha", comenta Scolari.

Confortável e com uma competição importante em seu país, quem sabe o treinador retome a trajetória vitoriosa iniciada no Grêmio, quando apareceu com seu estilo "copeiro e peleador", e seguiu por Palmeiras e Cruzeiro, sempre com títulos.

De Minas Gerais, assumiu a seleção brasileira, em situação semelhante à deste ano. Um ano antes da Copa, substituiu Emerson Leão – desta vez, pegou o lugar de Mano Menezes.

Depois da quinta estrela com o escrete canarinho, Scolari encarou outro desafio. Com a seleção portuguesa, foi vice-campeão da Eurocopa, disputada em casa, em 2004, e acabou em quarto lugar na Copa da Alemanha, em 2006.

Depois, recebeu a oportunidade de dirigir o Chel­­sea, clube novo rico da Inglaterra. No Stamford Bridge iniciou a derrocada. De lá, partiu para uma aventura nos, com o Bunyodkor, entre 2009 e 2010, até retornar ao Palmeiras. Somente no Parque Antártica recuperou um pouco do prestígio, com a taça da Copa do Brasil de 2012.

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