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Após 30 anos, Estadual larga com "lacuna"

Cícero Bittencourt, especial para a Gazeta do Povo

Após 30 anos, pela primeira vez o Paranaense não vai contar com todos os grandes da capital. Des­­de 1982, quando o Pinheiros jo­­gou a Segundona, a elite do estadual não tem falhado na disputa. Com o rebaixamento do Pa­­raná, os efeitos da lacuna deixada pelo Tricolor começarão a ser sentidos a partir de hoje, com o início da primeira rodada.

Em termos econômicos, a queda tricolor para a Série Prata deve afetar muito mais o clube do que o próprio campeonato. Mesmo com as sete taças levantadas pelo Paraná ao longo da história do regional, o fraco desempenho do time nos últimos anos fez com que o prestígio da camisa diminuísse entre os patrocinadores.

Com isso, o investimento fi­­nan­­ceiro de empresas no Pa­­ra­­naense continuou o mesmo. "O valor não altera porque existem outras duas equipes com muita força", explicou Francisco Kro­­nemberger, consultor de marketing esportivo.

Para o Paraná, apesar de es­­tar fora do cenário principal, a disputa da Segundona pode trazer benefícios. "É uma excelente oportunidade para o clube ti­­­­rar vantagem econômica. Sem­­­­­pre existe um esforço da torcida pa­­ra fazer o time subir e isso acaba atraindo público e patrocínio. Foi assim com o Co­­­rinthians e o Palmeiras na Sé­­rie B do Bra­­sileiro", sugeriu Clau­­di­­nei San­­tos, coordenador da Pós-Gra­­du­­ação em Adminis­tra­­ção e Mar­­keting do Esporte e do Nú­­cleo de Estudos em Negó­cios do Esporte da ESPM (Escola Su­­pe­­rior de Propaganda e Mar­ke­­ting).

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Principal compromisso das equipes nesta primeira parte da temporada, o Campeonato Paranaense é considerado apenas o quinto mais valioso regional do país, atrás do Mineiro, Gaúcho, Carioca e Paulista.

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POR ONDE ANDA? - Saiba o destino dos jogadores eleitos pela Gazeta do Povo como melhores da última edição do estadual

Segundo levantamento da empresa Pluri Consultoria, obtido com exclusividade pela Gazeta do Povo, o Estadual deste ano está avaliado em pouco mais de R$ 194 milhões. O estudo é baseado no preço de mercado dos jogadores que disputam a competição.

Como um exemplo, Cristiano Ronaldo (R$ 207 milhões) e Messi (R$ 264,5 milhões), sozinhos, valem mais do que todo o campeonato.

A posição do PR-2012 – em um segundo escalão nacional – não surpreende, segundo Fernando Ferreira, economista e um dos responsáveis pelo relatório. Para ele, o que preocupa é a distância atual da competição para o bloco dos quatro estaduais mais valiosos. "A quinta posição é esperada para o Paraná, mas espanta a diferença para os principais estaduais e a tendência de um distanciamento ainda maior. O valor do campeonato depende muito dos times grandes. Atlético e Coritiba estão bem abaixo da dupla Grenal, por exemplo", analisa o especialista.

O Paranaense está quase R$ 136 milhões mais desvalorizado em relação ao Mineiro e vale, atualmente, menos da metade do Cam­­peonato Gaúcho, estimado em cerca de R$ 493 milhões. O Paulis­­tão – ajudado pela presença de Neymar, jogador brasileiro mais valorizado – é o único Es­­ta­­dual que vale mais de um R$ 1 bilhão.

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Uma das explicações para o abismo é a falta de estrelas na competição do estado. Atlético e Cori­­tiba não trouxeram nomes de im­­pacto e ainda perderam valor de mercado em relação ao fim do ano passado.

O jogador mais valioso do Pa­­ranaense, de acordo com o estudo, é o volante Willian (R$ 4,6 mi­­lhões), do Coritiba, seguido por "Morro" García (R$ 4,1 milhões), do Atlético, e pelo zagueiro coxa-branca Emerson (R$ 3,7 milhões), convocado para a seleção brasileira no ano passado.

"A gente avalia alguns critérios, como a idade do atleta, capacidade de definição de jogo, potencial de transferência para o exterior, entre outros", explica Ferreira.

"O Willian tem uma perspectiva de crescimento muito grande, enquanto que o Morro, apesar do período ruim no Atlético até aqui, já mostrou resultado no Nacional [do Uruguai], ainda é muito novo e pode emplacar", complementa.

"A valorização é boa para o Coritiba e válida para mim também, já que o pensamento é sair um dia, ser vendido e deixar o retorno para o clube que me projetou", diz Willian.

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Atual bicampeão, o Coxa é o ti­­me mais valorizado do Pa­­ranaense – R$ 64,9 milhões, mais de R$ 20 milhões de vantagem em relação ao rival Atlético. A diferença para os times do interior é enorme. Abaixo da dupla Atletiba, vem o Corinthians-PR.

As equipes com menor valor de mercado são Ro­­ma Apucarana e Toledo: R$ 4,8 milhões, cifra cerca de 13 vezes menor em relação ao Coxa.

Colaborou Robson Martins, de Foz do Iguaçu.

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Por onde anda a seleção do Paranaense de 2011?

Hedeson Alves / Agência de Notícias Gazeta do Povo 

No ano passado, a Gazeta do Povo elegeu a seleção do Paranaense. Confira o que houve com os escolhidos após a disputa regional:

Ivan – Depois de fazer um ótimo Estadual defendendo o Operário de Ponta Grossa, o goleiro se transferiu para o Joinville. A fase continuou boa e o arqueiro foi titular durante a Série C do Brasileiro, conquistada pelo time catarinense. Em 2012, continua no JEC.

Lisa – Outro jogador que foi destaque do Operário, terceiro colocado geral do Paranaense. Foi contratado pelo Paraná, mas teve um desempenho inconstante no time da Vila Capanema durante a Série B nacional. Neste ano, continua no Tricolor e deve disputar a Segundona do Estadual.

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Emerson – O defensor coxa-branca, após o Estadual, manteve a titularidade e a regularidade no segundo semestre. Além disso, continuou com a fama de zagueiro-artilheiro ao balançar as redes quatro vezes no último Brasileirão. As boas atuações renderam uma convocação para a seleção brasileira. Em 2012, continua no Coxa.

Pereira – O xerifão da zaga do Coxa não foi muito regular durante o Campeonato Brasileiro e encerrou o ano entre os reservas. No entanto, com o empréstimo de Jéci para o futebol japonês, Pereira volta à equipe principal em 2012.Eltinho – O lateral foi bem na campanha do título estadual do ano passado, mas perdeu espaço ao longo da temporada. O jogador foi atrapalhado por uma contusão e viu Lucas Mendes se tornar o dono da posição. Começa 2012 na equipe reserva.

Léo Gago - Os passes longos e precisos e os chutes certeiros de longa distância não foram tão constantes no segundo semestre, mesmo assim Léo Gago manteve a posição no Coritiba e chamou a atenção de outros clubes. Acabou contratado pelo Grêmio.

Leandro Donizete - Um dos "queridinhos" da torcida, Donizete perdeu algumas partidas do Brasileiro por causa de lesões e suspensões, no entanto, apesar da presença do jovem Willian, ele nunca teve a posição ameaçada. O volante é um dos titulares que deixou o Coritiba para a nova temporada. Ele vai defender o Atlético-MG.

Davi – O meia foi um dos artilheiros do último Paranaense (ao lado de Bill e Giancarlo), no entanto caiu muito de rendimento durante o Brasileiro e foi parar no banco de reservas. De contrato renovado com o Coxa para 2012, Davi espera retomar a boa fase em mais um Estadual.

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Rafinha – O "motorzinho" do time do Coritiba continuou em alta na equipe do Alto da Glória e assumiu, de forma isolada, o papel de protagonista do time, antes dividido com Davi e Marcos Aurélio. Apesar de cobiçado por outros clubes, o meia segue no Coxa e é forte candidato para ser o craque do Estadual 2012.

Paulo Baier – O maestro atleticano foi umas das poucas exceções em meio ao domínio coxa-branca na seleção do Paranaense em 2011. Contundido, o experiente meia passou pouco mais de dois meses fora dos gramados durante o Brasileirão. Voltou à equipe no segundo turno, mas afundou junto com o Rubro-Negro na queda para a Segunda Divisão.

Marcos Aurélio – O baixinho, além de integrar a seleção, foi eleito o craque do último Estadual. Depois de um começo de ano avassalador, o atacante caiu de rendimento ao longo de 2011. Resolveu mudar de ares e, na nova temporada, vai jogar no Internacional.

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RevelaçãoDiego – Mesmo com o rebaixamento paranista no Estadual, Diego, de 19 anos, conseguiu se destacar. As boas atuações, no entanto, não se repetiram mais depois do regional. O jovem perdeu espaço no time e começou também a faltar em alguns treinamentos. Antes do término da Segundona, foi emprestado para o Avaí.

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ArtilheirosBill – Goleador do Estadual, Bill também foi o artilheiro do Coxa no Brasileirão, com 11 gols. Mesmo assim, chegou a ficar em alguns jogos na reserva da equipe alviverde. Neste ano, o centroavante voltou para o Corinthians, clube que detém seus direitos.

Giancarlo – Artilheiro do Paranaense defendendo o Cianorte, campeão do interior, o atacante foi contratado pelo Paraná para ser o camisa 9 durante a Série B do Brasileiro. Marcou oito gols na competição, mas não convenceu a maioria da torcida tricolor. Em 2012, vai disputar o Paulistão pelo Bragantino.