Legado negativo
Mesmo com a vontade dos vereadores de que o Atlético arque com o excedente do valor das obras justificando um legado positivo, o presidente do clube analisa a questão de outra forma. "O nosso patrimônio será maior, teremos um estádio novíssimo que levará um tempo para sofrer novos investimentos, mas teremos o outro lado da moeda. A manutenção é gigante, o custo de eletricidade também, o número de funcionários, tudo isso repercute no orçamento", comentou Malucelli.
O exemplo que o mandatário do Rubro-Negro deu foi do consumo de energia elétrica. Hoje, o clube gasta cerca de R$ 40 mil por mês em contas da Copel. Depois da Copa, esse valor saltaria para aproximadamente R$ 280 mil mensais. "Quem vai pagar essa conta mês a mês? O Atlético", questiona e responde de pronto Malucelli.
Inexperiente, Ibiapana deve herdar o futebol
Como já se desenhava nos últimos dias, Valmor Zimermann, diretor, e o empresário Ademir Adur, espécie de consultor informal, saíram do comando do departamento de futebol. Com isso, o mais cotado para assumir a posição é Alfredo Ibiapana, que já trabalhava nos bastidores ao lado dos dois ex-dirigentes. Conselheiro do Atlético, Ibipiana é dono de uma empresa de segurança privada. Se contra ele pesa a pouca experiência no comando do futebol, a favor está o apoio de Zimermann e Adur.
A diretoria do Atlético se reuniu ontem com representantes da Comissão da Copa da Câmara Municipal de Curitiba e não deu boas notícias aos vereadores. A previsão de custos para a conclusão da Arena da Baixada visando ao Mundial de 2014 disparou de R$ 135 milhões para R$ 220 milhões, já contabilizando na conta a isenção fiscal por parte do poder público nos três níveis. O acréscimo de quase 63% se deve, principalmente, a novas exigências feitas pela Fifa depois da última edição do torneio, na África do Sul, em 2010.
O cálculo atualizado leva em conta a construção de um centro para a imprensa de 5 mil metros quadrados (R$ 12 milhões), a troca de todas as cadeiras do estádio por outras "reclináveis" (R$ 11 milhões), a aquisição de um gerador de energia elétrica (R$ 3 milhões), um sistema de ar condicionado nas áreas VIP e camarotes (R$ 1,5 milhão) e o rebaixamento do gramado com nova drenagem (R$ 1,5 milhão).
Só as exigências por parte da entidade alcançam R$ 29 milhões o restante da diferença é relativo à própria execução da obra. O aumento no orçamento superou muito a previsão inicial e otimista , que se especulava em torno de R$ 40 milhões. Independentemente do valor, o Atlético, segundo a sua diretoria, não vai arcar com nada além do que o acordado entre o clube, a prefeitura e o governo do estado, que dividiriam os R$ 135 milhões iniciais em partes iguais.
"Quero deixar bem claro que desses R$ 45 milhões, o Atlético já gastou R$ 17 milhões [com projetos]. É o único que já gastou no estádio para a Copa. A prefeitura não colocou um centavo na Arena e o governo do estado também não", afirmou o presidente do Rubro-Negro, Marcos Malucelli.
A reclamação do mandatário atleticano vai além, principalmente porque não seria necessário tanto dinheiro para terminar o estádio nos moldes que o clube necessita. "Com R$ 30 milhões concluímos a Arena e teremos um estádio para 40 mil pessoas, bonito, moderno e novo. Para termos a Copa vamos ter que gastar 50% a mais do que necessitamos. O esforço do Atlético já foi além das suas necessidades, mas não poderá ir além das suas condições", seguiu Malucelli.
Com a negativa do Furacão em bancar o aumento, os vereadores saíram da reunião incertos sobre como cobrir o novo valor, deixando o imbróglio na mão justamente de quem não quer arcar com a despesa. "É uma questão a ser respondida pelo clube, que é responsável pelo estádio. Há um interesse grande de que a Copa seja realizada aqui e agora precisamos procurar uma saída e garantir recursos. Eles [os recursos] têm que vir pela iniciativa privada ou financiamentos pelo BNDES, mas a contratação é de responsabilidade do clube", disse o presidente da comissão, vereador Pedro Paulo (PT).
O grupo se reuniará com o governador Beto Richa para buscar uma solução. (sem data definida). De qualquer forma, Paulo aposta suas fichas no encontro com a presidente Dilma Rousseff, programado para o próximo dia 30 a reunião será com representantes de todas as 12 cidades-sede. "No final do mês, em Brasília, podemos acreditar que uma saída será oferecida. É a nossa expectativa", concluiu o parlamentar.
Deixe sua opinião