Futebol de botão
Variação
Sem Cavani, lesionado, Tabárez optou por não usar o esquema com três atacantes. Com apenas Forlán e Suárez na frente, quem mais auxilia o ataque é o meia González, aberto pela direita, fazendo parceria com o lateral Maxi Rodríguez e o lateral-esquerdo Álvaro Pereira, liberado para atacar por contar com a cobertura de Cáceres, meio zagueiro, meio lateral (como mostra o campo acima). Criatividade não é o forte do meio formado ainda pelos marcadores Arévalo e Pérez. A formação do Paraguai é mais simples: duas linhas de quatro e a dupla de frente.
Nícolas França nicolasf@gazetadopovo.com.br
"No começo foi difícil. Tomamos muita porrada"
Aos 34 anos, o centroavante Loco Abreu tem 15 só de seleção uruguaia. Ninguém melhor do que ele para explicar como a Celeste se reergueu. Foi o que o centroavante, de 1,93 m, fez no saguão do Hotel Intercontinental, local da concentração charrua no centro de Buenos Aires, atendendo com simpatia cada equipe de reportagem brasileira que chegava. Falou, em português, sobre o momento do Uruguai, além de algumas outras histórias, como a experiência jornalística quando era adolescente.
Buenos Aires - Era só dar uma circulada pelo hotel da seleção uruguaia, no centro da capital argentina, para perceber o prazer que os jogadores têm de estar ali. Como os brasileiros, a maioria deles atua na Europa. Mas ninguém está preocupado em perder férias. A vontade de ganhar a Copa América fala mais alto.
A geração de Forlán, Suárez, Lugano, Muslera e companhia quer carimbar com um título o renascimento do futebol no país.
Para isso terão de superar o Paraguai hoje, às 16 horas, no Monumental de Nuñez, o que garantiria à Celeste o 15.° título continental, deixando para trás a Argentina. O quarto lugar na Copa do Mundo de 2010 e o crescimento de produção durante a campanha, com direito à eliminação dos anfitriões nos pênaltis nas quartas de final, colocam os uruguaios como favoritos diante de um adversário que ninguém sabe muito bem como chegou. Os guaranis empataram os cinco jogos disputados.
"Vivemos um momento maravilhoso. Falta um título, que seria marcante", disse o zagueiro Lugano, ex-São Paulo e atualmente no Fenerbahçe, da Turquia, em uma passagem pelo saguão do hotel.
Por ali, além da imprensa de diversos países, estavam amigos dos jogadores e torcedores. Uma proximidade com o time inimaginável na concentração da seleção brasileira enquanto esteve na Argentina, por exemplo.
Diego Forlán, eleito o melhor jogador do Mundial do ano passado, também cruza o saguão como se não fosse a maior estrela charrua. "Somos mais uma equipe do que uma seleção. Estamos há muito tempo juntos e isso pode ser visto em campo", diz o jogador do Atlético de Madrid.
Pelos companheiros ele é visto como "muito importante", mas "uma peça", como deixou claro o parceiro de ataque Luis Suárez, do Liverpool. E o Uruguai está provando isso mesmo com a escassez de gols do seu camisa 10. Na Copa América, Suárez marcou três vezes duas na vitória sobre o Peru pela semifinal , o lateral-esquerdo Álvaro Pereira duas e o volante Diego Pérez uma.
Mas apenas vontade e sentido de grupo não colocariam uma seleção nesse patamar. Em 2006 o técnico Oscar Tabárez que já passou por clubes como Boca Juniors e Milan assumiu pela segunda vez a então derrubada Celeste e implantou um fundamental projeto de integração com as categorias menores.
"Os rapazes tem de estudar, conhecer futebol, competir... As seleções de base recebem outras estrangeiras. Também viajam pela América, pela Europa, tratando de nos adaptar à realidade internacional. Nesse processo apareceram os Cavanis, os Cáceres, os Suárez, os Hernández e alguns outros que estão guardados", conta "El Maestro", como é chamado.
Somente em 2011, o Uruguai sub-20 foi vice-campeão sul-americano, conquistando vagas no Mundial da categoria e na Olimpíada de Londres 2012 voltará a essa competição após 84 anos , e o time sub-17 vice do Mundial do México. O sucesso não é mesmo por acaso.
Ao vivo
Uruguai x Paraguai, às 16 h, na BandSports, SporTV e ESPN Brasil.
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