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Os jornais quando morrem, não vão para o céu. Sobrevivem algum tempo nos corações e nas mentes dos seus leitores, mas, com os anos, esse amor e memória coletivos vão se dissolvendo. A imprensa brasileira perdeu o Jornal da Tarde, de São Paulo, periódico que revolucionou o mercado editorial pela diagramação moderna, reportagens investigativas, textos enxutos e de elevado padrão, enfim, tudo o que o leitor gosta de receber.

Há algum tempo perdemos O Estado do Paraná, onde comecei ainda na sucursal de Ponta Grossa, ao mesmo tempo em que escrevia na página esportiva do Jornal da Manhã local. O Estado do Paraná também foi um jornal avançado para a época, graças ao talento de Mussa José Assis e uma equipe de alto nível. Ficou a saudade da antiga redação na Rua Barão do Rio Branco, onde também era editada a vibrante Tribuna do Paraná.

O mesmo acontece no futebol, pois os clubes quando morrem também não vão para o céu. A única sobrevida certa é a de seu sucessor em campo, mas mesmo assim isso é relativo: o novo time nunca é a mesma coisa. O caso do Clube Atlético Ferroviário é emblemático, pois até hoje encontro torcedor se identificando como "Boca Negra".

Quando acontecem fusões surgem sequelas, a não ser quando se trata de clubes sem muito destaque, como aconteceu em 1930, quando o São Paulo da Floresta juntou-se ao Clube Atlético Paulistano para o surgimento do gigantesco São Paulo Futebol Clube.

Até ali, Corinthians e Palestra – depois da guerra, Palmeiras – reinavam absolutos no futebol paulista. Ou quando o Club de Regatas Botafogo uniu-se ao Botafogo Football Club para o nascimento do glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. Aqui, há 88 anos, América e Internacional encerraram as suas atividades e iniciaram a caminhada histórica do Clube Atlético Paranaense, cujo famoso acrônimo é CAP.

Das últimas fusões esportivas a mais importante foi entre Pinheiros e Colorado, para o lançamento do Paraná. Verificou-se a soma de tendências e opostos como Savoia, Água Verde e Pinheiros; Britânia, Palestra, Ferroviário e Colorado.

O Pinheiros credenciou-se com 22 mil sócios pagantes, grande estrutura de lazer e muito dinheiro; o Colorado entrou com o peso histórico representado pelo passado futebolístico da Vila Capanema e uma torcida bem maior do que a do novo parceiro. O equívoco foi anterior, com o fim da mística do Ferroviário, transformado em Colorado, nome com pouco impacto. Se tivessem mantido a forte marca criada pelo Ferroviário, ou optado por Boca Esporte Clube, a trajetória do time talvez fosse diferente.

Erros gerenciais e malfeitos à parte, o Paraná administra uma herança com muitos aspectos positivos, porém com o peso de concorrer em desigualdade financeira com a dupla Atletiba.

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