Vlacke participou de esquema de venda de ingressos da Copa do Mundo de 2014.| Foto: SM/YJ/SERGIO MORAES

Depois de ser acusado de ter operado um sistema de venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, o francês Jérôme Valcke deixou o cargo de secretário-geral da Fifa nesta quinta-feira (17). Ele passou a ser investigado pelo Comitê de Ética a pedido da própria Fifa. Sua saída foi anunciada em comunicado oficial, com “fins imediatos”, pela entidade. “A Fifa anunciou hoje que o seu secretário-geral Jérôme Valcke foi colocado em licença e liberado de suas funções efetivas imediatamente até novo aviso”, diz o comunicado, sem citar a palavra renúncia.

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“Além disso, a Fifa tomou conhecimento de uma série de denúncias envolvendo o secretário-geral e solicitou uma investigação formal pelo Comitê de Ética da Fifa”, afirma. Valcke tornou-se conhecido no Brasil depois de dizer que o país precisava de “um chute no traseiro” para acelerar a preparação para o Mundial.

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Agora, ele é acusado de ter fechado acordos para ficar com 50% dos lucros da venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, num esquema com ágio de mais de 200% nos valores das entradas e que teria envolvido mais de 2 milhões de euros (R$ 8,6 milhões) apenas para o bolso do dirigente.

Num esquema que revela um “mercado negro” de ingressos operando dentro da própria Fifa, as acusações foram apresentadas nesta quinta por Benny Alon, empresário israelense e americano que desde 1990 trabalha com a venda de entradas para os Mundiais. Sua empresa, a JB Marketing, ainda apontou para o “desaparecimento” de 8,3 mil entradas para a competição e que teriam de ter sido vendidas pela empresa no torneio.

No Brasil, ainda durante o Mundial, o diretor da empresa Match, responsável pela venda de pacotes de hospitalidade que incluíam as entradas para os jogos, Raymond Whelan, chegou a ser preso acusado de ceder tíquetes para serem vendidos pelo mercado negro, mas foi liberado e o caso foi encerrado. Procurada, a Fifa não se pronunciou durante todo o dia. Mas, extraoficialmente, Valcke mandou recados de que é inocente, de que jamais recebeu dinheiro de Alon e que o contrato da JB foi encerrado justamente porque se descobriu que os ingressos eram vendidos acima do preço.

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Valcke, que já deixou claro que deixaria a Fifa em fevereiro, vivia uma pressão ainda maior por uma renúncia diante das revelações.

Há três meses, documentos apontaram que ele sabia e assinou a transferência de US$ 10 milhões para o ex-vice-presidente da Fifa, Jack Warner. O dinheiro foi considerado pelo FBI como suborno.