Difícil o torcedor rubro-negro que não se lembre de Oséas. Entre 1995 e 1997, o baiano, hoje com 44 anos, fez história no ataque do Atlético . Ficou famoso não só pelos gols e pela dupla com Paulo Rink, mas por ter chegado à seleção com a camisa atleticana e, em especial, pelas tranças no cabelo - marca registrada do artilheiro. E principalmente pelo primeiro título da Série B do Brasileiro, em 1995, conquistado na vitória por 4 a 1 sobre o Central de Caruaru, que completa 20 anos neste 16 de dezembro.
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O ídolo, que hoje é empresário do setor imobiliário em Salvador (BA), esteve em Curitiba nesse mês, quando participou do jantar da chapa Atlético de Novo, de oposição na eleição rubro-negra no início de dezembro. E Oséinha da Bahia, como era chamado pelos companheiros, mostra que não perdeu o bom humor. Lembra os melhores momentos na Baixada, com o título da Série B de 95, em que foi o artilheiro com 14 gols, e do famoso “gol de alambrado” no último minuto no clássico com o Coritiba no Brasileiro de 96.
Como é voltar para Curitiba e rever o torcedor rubro-negro?
Faz tempo que eu não vinha para Curitiba. Para mim é um prazer imenso voltar aqui. Eu devo tudo ao Atlético. É um clube que eu nunca vou esquecer, porque me projetou nacionalmente, me fez ser convocado para a seleção. Voltar aqui é muito gostoso, ver esse carinho imenso da torcida. Chegar aqui e ver um torcedor me mostrar uma foto dele ainda garotinho comigo na antiga Baixada não tem quem pague. Ai vem outros torcedores e dizem que são atleticanos por minha causa. Eu só tenho a agradecer.
Esse mês completa 20 anos da conquista da Série B de 95, em que você fazia dupla de ataque com o Paulo Rink. Como é revê-lo e se lembrar do título?
Tenho uma amizade muito grande com o Paulo Rink. Temos uma história dentro de campo e fora dos gramados mais ainda. A dupla Oséas e Paulo Rink marcou demais. A Série B foi um título muito importante para todo mundo. Mas não foi só Oséas e Paulo Rink que fizeram sucesso. Nós todos crescemos juntos, tanto os jogadores quanto o clube. Era um grupo de jogadores unido, com uma comissão técnica fantástica, comandada pelo Pepe, que só pensava em ser campeão. Por isso levantamos a taça em 95.
O que te fez virar ídolo no Atlético ?
Pelo Atlético eu dava o máximo, não que pelos outros clubes eu não tenho feito isso, mas era a loucura do torcedor atleticano que me motivava. Eu nunca fui habilidoso, então aproveitava o meu ponto forte, que era o cabeceio e a força física. Mas para isso dar certo tinha que ter treinamento. Eu treinava muito e tinha muita gente boa no time. Por exemplo, o Alberto na lateral direita, ele passava e cruzava a bola na cabeça.
Qual jogo pelo Atlético que você não tira da memória?
Quando fomos campeões [diante do Central de Caruaru, vitória por 4 a 1 na Baixada no quadrangular final]. Naquele dia, fomos até a churrascaria e ver todo mundo junto dando risada, comemorando é inesquecível. Esse dia nunca saiu da minha memória.
E o gol inesquecível?
Foi um contra o Coritiba que eu marquei no finalzinho [no Brasileiro de 1996].Aquele dia é uma história. Eu não estava legal nesse jogo e a torcida do Coxa pegando no meu pé. Quando eu fiz o gol no último minuto, subi lá no alambrado e no outro dia no treino vi a altura e pensei: eu subi aquilo tudo isso mesmo? A emoção de você fazer um gol no seu maior rival, no fim do jogo, e ver aquela loucura não tem quem pague.
Os outros jogadores sempre falam que você era o cara mais engraçado do grupo. Por que esta fama?
Sou um cara meio tímido. Mas como sou baiano, levo tudo na alegria, por isso o pessoal do time falava que eu era o cara mais engraçado. Oséinha da Bahia é só alegria. Rever os grandes amigos é muito bom. A gente sabia a hora certa de tomar uma cerveja. Nosso grupo tinha a liberdade de fazer um churrasco depois de uma vitória e essas coisas só fortalecem.
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Como era jogar na antiga Baixada?
Vocês sabem, né, caiu na Baixada o bicho pegava. Vinha qualquer time aqui e sentia o caldeirão. Nós sabíamos da força da torcida e isso contagiava demais os jogadores, era o nosso 12º jogador. Por exemplo, em um intervalo que estávamos perdendo, lá do vestiário a gente sentia o estádio tremer com a torcida cantando. Aí meu amigo, no segundo tempo a história era diferente. Quando eu entrava no estádio e via aquela multidão já arrepiava. Até hoje eu me arrepio quando me lembro.
Você ainda trabalha com futebol?
Moro em Salvador, sou soteropolitano, então não tem como viver longe da terra que eu amo. Mas não estou mais trabalhando com futebol. Trabalho como empresário, principalmente no ramo imobiliário, e administro os negócios que eu consegui graças ao futebol para tentar dar o melhor para minha família e meus filhos.
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