“O ‘homem bom’ se revelou um traidor! Traidor da confiança, embora se dissesse satisfeito e amigo. Fez tudo de causa pensada, de forma premeditada. Mesmo com meus 68 anos, faltam-me palavras para expressar a falta de ética do sr. Vilson.”| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Entenda o caso

Com a Arena fechada para as obras da Copa, o Atlético precisou buscar uma casa temporária para mandar os jogos.

11/1/12 - Atlético protocola ofício na Federação Paranaense de Futebol (FPF) indicando o Couto Pereira como o local para mandar os jogos no Estadual.

12/1/12 – O Coritiba se nega a emprestar o Couto.

13/1/12 – FPF obriga o Coxa a alugar o estádio ao Atlético a R$ 30 mil por jogo. O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) concede liminar permitindo que o Coritiba não ceda o Couto.

17/1/12 - Paraná nega a oferta do Atlético, de dar 10% a 15% da bilheteria para jogar na Vila Capanema. Na contra-proposta, o Tricolor pede R$ 120 mil por jogo. Depois faz nova oferta: R$ 1,1 milhão pelos 11 jogos no Estadual.

18/1/12 – FPF protocola no TJD pedido para cassar a liminar concedida ao Coritiba.

19/1/12 – TJD mantém a liminar. FPF homologa primeiro jogo do Atlético no Germano Krüger, em Ponta Grossa.

25/1/12 - Pleno do TJD decide a favor do Coritiba, que não empresta o Couto ao rival.

26/1/12 – FPF recorre da decisão do tribunal local no STJD.

27/1/12 – Atlético aceita proposta do Corinthians-PR e passa a usar o Ecoestádio.

1º/2/12 – O torcedor André Scaramussa Lopes morre atropelado ao atravessar a BR-277 na saída da partida entre Atlético e Roma no Ecoestádio. Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Ministério Público pressionam o Atlético a mandar seus jogos em outro local.

15/2/12 - Atlético chega a um acordo com o Paraná para mandar seus jogos do Estadual e da Copa do Brasil na Vila a R$ 50 mil por partida.

4/4/12 – Durante sessão na Câmara dos Vereadores, Petraglia afirma que o Paraná pediu R$ 75 mil por partida do Brasileirão na Vila.

5/4/12 – O presidente do Paraná, Rubens Bohlen, garante que não aluga a Vila Capanema para a Série B.

19/4/12 – O pleno do STJD arquiva a ação movida pela FPF solicitando que o Coritiba ceda o Couto Pereira.

16/5/12 – Atlético indica Couto e Vila para a Série B.

21/5/12 – CBF confirma a Vila como casa do Atlético.

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Petraglia volta à internet para atacar o Coxa

Mario Celso Petraglia, presi­­dente do Atlético, usou o site oficial do clube, logo pela manhã, para dar a sua versão sobre a polêmica em torno do aluguel do Couto Pereira. E aproveitou para cutucar Vilson Ribeiro de Andrade, mandatário coxa. "A última expressão do Maniqueísmo em nossa aldeia tem colocado o Clube Atlético Paranaense no polo do mal, enquanto tudo mais que há é posicionado no campo do bem. Aí, a artilharia pesada se volta contra nós, Atleticanos, enquanto os demais - principalmente os coxas – posam de paladinos da moralidade, arautos da verdade e muralhas da ética", escreveu ele, na carta intitulada Vítimas e Vilões. "Além de não cumprir a palavra empenhada [cedendo o estádio], o sr.Vilson nos enganou, pois nós confiamos nas palavras dele e, por isso, nada fizemos politicamente para pressionar a CBF. O ‘homem bom’ se revelou um traidor!", emendou, em outro trecho.

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A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não quis comprar briga com o Coritiba e acatou o apelo do clube de não ceder o Estádio Couto Pereira ao Atlético para a disputa da Série B do Brasileiro. Por outro lado, colocou o Paraná na parede ao indicar a Vila Capanema como a casa rubro-negra nos três primeiros jogos do Furacão como mandante no Nacional – Barueri (1.º/6), Ipatinga (5/6) e Goiás (16/6).

A decisão da entidade máxima do futebol nacional foi unilateral e pegou de surpresa a diretoria tricolor. "Chegou apenas agora à noite essa determinação e amanhã [hoje] vamos analisar com mais calma para termos uma posição oficial", declarou o superintendente do Paraná, Celso Bittencourt.

O Tricolor já havia se posicionado contra uma possível escolha do estádio ao enviar um ofício à CBF informando que a Vila Capanema estaria fora de cogitação, principalmente em razão do excesso de jogos – o time joga simultaneamente as Séries B do Paranaense e do Brasileiro. No entanto, o clube ofereceu a Vila Olímpica como opção para o Rubro-Negro.

Apesar de ser uma determinação, o Paraná não pretende sair com o bolso vazio caso não consiga reverter a situação. "O uso de um patrimônio não pode ser feito sem que o clube receba por isso", acrescentou Bittencourt. O aluguel para cada partida do Estadual e da Copa do Brasil saiu por R$ 50 mil, mas a diretoria tricolor pretendia aumentar a pedida para R$ 75 mil durante o Brasileirão.

A decisão da CBF saiu exatamente no dia em que o presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia, publicou uma carta no site oficial do clube acusando o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, de ser um "traidor". Segundo o dirigente rubro-negro, Vilson não teria cumprido o suposto acordo entre os times que cederia o Alto da Glória ao rival para a disputa da Segunda Divisão.

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A carta, aliás, foi um indício da negativa do pedido atleticano de contar com o Couto Pereira. A resistência do Alviverde havia aumentado nas últimas semanas. Da mesma forma, o Rubro-Negro montou uma estratégia para tentar convencer a CBF. Levou o presidente da FPF, Hélio Cury, e o advogado do clube, Domingos Moro, ao Rio de Janeiro, mas a pressão não surtiu efeito.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Atlético, mas foi informada de que o clube não se manifestaria a respeito da indicação do estádio do Paraná. O presidente da FPF, Hélio Cury, também foi procurado, mas não atendeu às ligações.

Entrevista

"Trair o Petraglia melhora o meu currículo"

O senhor leu a carta do Petraglia?

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O dia que eu ler carta do Petraglia pode me internar.

Mas ele acusou o senhor de traidor?

Mas trair o Petraglia melhora o meu currículo. Vou ser levado nos braços pelo povo de Peabiru [sua cidade natal].

Mas houve traição?

Nunca traí ninguém. [Vale] o pensamento da torcida do Coxa e do Atlético também. Se procurar as pesquisas, 90% dos atleticanos são contra jogar no Couto. O Petraglia quer porque é uma obsessão pessoal para tentar dizer que quem manda no futebol do Paraná é ele.

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Leia a entrevista completa com Vilson Ribeiro de Andrade

Foi feito algum acordo para ceder o Couto Pereira?

Não.

E como foi a decisão final?

Eu levei ao conselho, que negou, e eu comuniquei ao Petraglia. Aí ele fez um e-mail desaforado para mim, mas eu não entro nessa neura.

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Ele diz que deixou de agir politicamente por ter recebido a sua garantia.

Isso nunca foi tratado. Eu disse que levaria para o conselho e que precisaria da aprovação. Agora ele inverteu porque recebeu um não da CBF também.

Ele defende que o senhor teria escondido a necessidade de aprovação do conselho.

Ele mente copiosamente nisso.

Você pretende levar isso à Justiça?

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Não. Se ele acha que eu sou traidor, eu me sinto honrado. Tenho 63 anos e pega a minha ficha corrida. Agora pega a dele. Ninguém chega a CEO na maior multinacional do mundo se trai as pessoas. Ninguém vai jogar na lama.

Como você espera que isso termine?

Eu quero que o Petraglia seja feliz, que termine o estádio, que construa o sonho dos atleticanos e nós vamos construir os nossos.

Colaborou Adriano Ribeiro.