Lobatón, também chamado de Morcego, posa para foto em praia na capital peruana| Foto: Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo

O relógio marcava 15h12 de ontem, horário de Lima (três horas a menos em relação a Curitiba), quando Abel Augusto Lobatón Espejo atendeu ao telefone em bom português. "Tô a uma quadra do hotel, fica tranquilo que já chego."

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Cinco minutos depois, o ex-jogador do Atlético encosta seu sedan sul-coreano prateado na frente do número 1.959 da Av. Benavides. Desce e cumprimenta o repórter. Onde vai ser a foto? "Vamos fazer perto da praia. É a poucas quadras. Pode entrar no carro, sem problema", diz o peruano de 36 anos, aposentado do futebol há três, e conhecido em sua terra natal como El Murciélago – morcego – por suas orelhas de abano.

Longe de Curitiba há uma década, o ex-atacante não demora a emendar perguntas sobre o clube que defendeu pela primeira vez em 2000. Para ele, realmente, parece que o tempo parou no CT do Caju. "Quem está lá ainda? Gabiru? Kelly? Douglas Silva? Igor?", questiona. "O Bolinha [massagista] não veio? Mas por que não? Deve estar muito gor­­­­­do, eu falava para ele se cuidar", brinca, citando detalhes de suas idas ao extinto pagode Carambola, na Avenida Getúlio Vargas, reduto de boleiros curitibanos sem discriminação clubística.

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Mesmo sem mais nenhuma ligação direta com o único clube que defendeu no Brasil, Lobatón vai assistir ao jogo de hoje contra o Sporting Cris­­tal no Estádio Nacional. Seu irmão mais novo, Carlos Lobatón, é o meia cerebral do time celeste.

Nascido em Callao, cidade vizinha à capital do país, e torcedor do Sport Boys, porém, Murciélago também tem vários motivos para querer uma vitória de El Paranaense.

"Atlético foi um time muito bom para mim, a torcida gostava porque jogava com raça", lembra, imitando o cântico personalizado que ganhou desde que estreou com gol em um Atletiba, em 20 de agosto de 2000. "Ô mister Loba Loba, uh...".

A cabeleira, ora crespa ao natural, ora trançada, virou um modesto moicano graças a um treinador rígido demais. A profissão atual também é diferente. Lobatón tem uma empresa de eventos que traz bandas estrangeiras de salsa do tipo "timba love" para cantar em casas de show em Lima. O aparelho de som de seu carro não toca outro ritmo.

Divorciado, pai de três meninas e de Bryan, de 14 anos, que joga na base do Sporting Cristal, Lobatón por pouco não foi campeão brasileiro com o Furacão, em 2001.

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Poderia ter ficado no elenco se aceitasse o banco do técnico Paulo César Carpegiani, mas preferiu sair para não prejudicar sua carreira com a camisa branca e vermelha de sua pátria. "Se não jogasse lá, não jogava na seleção. Mas não me arrependo", garante o peruano mais atleticano de Lima.