Portão fechado: imprensa brasileira teve de driblar os seguranças para registrar o treino do Furacão| Foto: Albari Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo

Opinião

Portunhol para desvendar o Atlético

Fernando Rudinick, enviado especial

Ontem pela manhã, o fotógrafo Albari Rosa e eu fomos a Rímac, na Região Metropolitana de Lima, onde fica La Florida, o centro de treinamentos do Sporting Cristal. Após a "conferência de prensa", como dizem por aqui, o "profe" Daniel Ahmed, como também repetem os peruanos, saiu da sala tranquilamente. Para o desespero de quem "habla solamente portunhol", o Atlético virou o grande assunto dos colegas periodistas.

E eu, por tabela, tive de responder com sotaque e tudo, em entrevistas gravadas e ao vivo, para rádio, jornal e televisão.

Como joga o El Paranaense? Quem são os principais jogadores? Por que Adriano não vai jogar? O que os atleticanos sabem sobre o Cristal? Qual a escalação do time?

Foram mais de 30 minutos tentando passar o máximo de informações de um clube fechado, mas tão fechado, que nem na Libertadores, onde os treinos teoricamente seriam abertos foram fechados para parte da imprensa brasileira e até para alguns peruanos desavisados. Cerrados.

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Começa hoje, às 22 horas, em Lima, no Peru, a quarta empreitada da história do Atlé­­tico pela América. Catorze anos depois de estrear na Li­­ber­­tadores, também na capital peruana, o Furacão vive uma controvérsia financeira em sua tão esperada volta à elite do futebol continental.

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Sob o comando de Vagner Mancini, o clube garantiu vaga na fase eliminatória do torneio, contra o Sporting Cris­­tal, na última rodada do Brasi­­leiro. Mas com o caixa no vermelho por causa da reforma da Arena para a Copa do Mun­­do, os investimentos no futebol foram brecados.

Após todo o esforço para alcançar a rara classificação, o time que estreia hoje recebeu apenas contratações cautelosas, como Sueliton e Paulinho Dias, que vieram em fim de contrato, e o jovem Lucas Olaza, contratado por empréstimo.

O Rubro-Negro trocou de técnico – chegou o espanhol Miguel Ángel Portugal –, perdeu cinco titulares (Luiz Alberto, Pedro Botelho, Everton, Léo e Paulo Baier) e mandou um elenco muito jovem para começar a decidir se avança ou não à fase de grupos.

Caso vença essa etapa, ganha um alento financeiro de pelo me­­nos US$ 900 mil, cerca de R$ 2,2 milhões, fora a exposição internacional da marca. Seguindo a filosofia da diretoria: aposta baixa para tentar colher lucro alto, exatamente como aconteceu na surpreendente campanha de 2013.

Por outro lado, fracassar logo na primeira barreira da Li­­bertadores seria um baque. O tão necessário dinheiro da Conmebol cairia para apenas US$ 250 mil, aproximadamente R$ 650 mil, sem contar a perda da chance de embolsar posteriormente uma classificação às fases posteriores, como quando protagonizou a decisão com o São Paulo, em 2005.

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Para quem comprometeu as receitas de tevê até 2018 e até o próprio centro de treinamentos por causa do Mundial, a eliminação, financeiramente falando, é inviável.

Perder para os Cervezeros no placar agregado – o jogo de volta é na próxima quarta-feira, em Curitiba –, teria ainda outro agravante para o decorrer de 2014.

Como o Brasileiro tem início em maio, com interrupção em junho para o Mun­­dial, e a Copa do Brasil só co­­meça a partir das oitavas de final para o Atlético, do ponto de vista técnico e econômico o primeiro semestre estaria comprometido para o time principal.

O cenário desafiador para o clube se completa ainda com a punição de 12 partidas no Nacional – 6 com portões fechados e 6 com perda do mando de campo – por causa da briga de torcedores em Joinville, em dezembro.

"O grupo está fechado. Sa­­bemos que temos poucos jogadores, mas é um grupo de qualidade, que fechou para a Libertadores e vai buscar a classificação a todo custo", cravou o atacante Éderson.

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Décimo quarto time mais valorizado entre os 38 que disputam a Libertadores (R$ 109 milhões de valor de mercado), de acordo com levantamento da Pluri Consultoria, o Atlético começa hoje a decidir seu futuro próximo.

Lima ‘esquece’ o Sporting Cristal

Na semana em que o Spor­­ting Cristal estreia na fase eliminatória da Libertadores, as capas dos principais jornais de Lima falam, especialmente, da pré-temporada do Universitário e das contratações do Alianza. Nas ruas, a movimentação da torcida celeste é pequena, quase nula. Não há clima de decisão. Mesmo sem previsão de esgotar todos os 45 mil lugares do Estádio Nacional, o técnico da equipe, o argentino Daniel Ahmed, diz acreditar que o apoio das arquibancadas será fundamental para a decisão do confronto. "Temos de fazer valer o fator casa, nos fortalecer aqui. Ganhar para ter esperança de avançar", disse, em entrevista no CT La Florida, em Rímac, na Região Metropolitana de Lima. "Não me vejo não passando de fase", completou ele, que vai estrear hoje, no duelo pela Libertadores.