Desde a abertura para a participação dos sócios, em 2011, a eleição no Atlético tornou-se uma corrida comum pelos votos, como são as para a escolha de prefeito, governador ou presidente. E para ganhar a preferência, é preciso fazer campanha política.
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Leia a matéria completaNo último sábado (7), o processo se intensificou. Por causa do jogo do Furacão com o Avaí, na Baixada, as chapas tiveram programação cheia ao longo de todo dia nas imediações e a guerra política chegou a invadir as arquibancadas do estádio.
Três chapas concorrem pelas cadeiras do Conselho Deliberativo e Administrativo. Duas de oposição, a Atlético de Novo, do advogado Henrique Gaede, e a Democracia Coração Atleticano, dos empresários Nadim Andraus e Louremar Ribeiro, apoiados pelo ex-presidente do clube, José Carlos Farinhaki.
A outra é de situação, do atual presidente Mario Celso Petraglia. O grupo ainda não definiu nome nem candidato. O médico e vice-presidente atleticano, Luiz Salim Emed, pode ser o indicado. Petraglia anunciou que não irá concorrer, mas pode mudar de ideia e encabeçar a disputa.
As três brigam por um eleitorado de cerca de 10 mil votos, composto pelos associados com mais de três anos ininterruptos. Metade deve comparecer às urnas na primeira quinzena de dezembro – no pleito anterior, a Capgigante, de Petraglia, venceu com 3.213 votos, contra 1.565 da Paixão pelo Furacão.
“Cada voto precisa ser disputado, tem que ir atrás do torcedor. É, sem dúvida, uma campanha eleitoral normal e com muito trabalho pela frente”, diz Fernando Munhoz, advogado e coordenador da campanha da oposicionista Atlético de Novo.
De acordo com Munhoz, a campanha é bancada pelos integrantes do grupo e conta também com a ajuda de doações. “Temos alguns profissionais contratados, mas a maioria é de voluntários”, diz. Com Gaede para o Deliberativo, a chapa deve ter João Alfredo Costa Filho como candidato ao Administrativo.
Do outro lado da oposição, a chapa Democracia Coração Atleticano também está na caça aos eleitores. “A eleição ultrapassa as fronteiras de Curitiba. E nós temos que buscar os sócios, ouvir e apresentar as propostas”, diz Marcelo Lucas, coordenador financeiro do grupo.
Segundo Lucas, que trabalha com futebol e é braço-direito de Nadim Andraus, mais de 100 pessoas estão envolvidas no processo. “É um contingente grande, com diversos departamentos. É tão complicado como eleger alguém para um cargo público”, comenta. A chapa ainda não definiu quem será o candidato ao Administrativo.
Ate o início de dezembro, o sócio rubro-negro terá de se acostumar com a movimentação de uma típica corrida eleitoral, com adesivos, camisetas, comitês, propostas, carreata, cabos eleitorais e o corpo a corpo dos candidatos. Conheça abaixo como as coisas vão funcionar até a consagração do grupo que comandará o Atlético pelos próximos três anos.
Comitês
Cada chapa possui quartel-general próprio, local para fazer um churrasco, servir um pão com linguiça, definir as estratégias, guardar o material. Os três, claro, são próximos da Baixada.
O bunker da Atlético de Novo está na Av. Getúlio Vargas, aberto no final do mês passado. A Democracia Coração Atleticano usa uma casa na Rua Brigadeiro Franco, de frente para o Joaquim Américo, mesmo local que serviu aos propósitos da Capgigante na eleição anterior. Por fim, a chapa de situação deve abrir um endereço na Rua Brasílio Itiberê.
Cabos eleitorais
Campanha que se preze tem que contar com apoios de peso para convencer o eleitorado. A Atlético de Novo aposta em Marcus Coelho, presidente campeão brasileiro pelo clube em 2001 – o ex-atacante Renaldo também veste a camisa da chapa.
A Democracia Coração Atleticano tem no ex-presidente José Carlos Farinhaki seu grande “puxador” de votos. O Polaco foi um cartola popular no início dos anos 90, especialmente entre a torcida organizada Os Fanáticos, e principal articulador da volta do clube para a Baixada.
O principal cabo-eleitoral, entretanto, ainda não se manifestou. A Fanáticos aparece como neutra no processo. Certeza de grande número de votos, a facção tem sido cortejada pelos dois grupos de oposição. Em 2011, apoiou a Capgigante.
O grupo de situação ainda não se manifestou. No pleito anterior, Petraglia reuniu boa parte do time campeão brasileiro em 2001 para fazer boca de urna na Baixada durante o dia de votação.
Propostas
Como toda eleição, há espaço farto para apresentar propostas. Das mais simples até as mais absurdas. A maioria pouco concreta, como melhorar o rendimento da equipe e até recuperar a “raça” dos jogadores.
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Na eleição passada, a chapa Capgigante, do presidente Petraglia, apontou quantos títulos o Atlético conquistaria em 10 anos (até 2021): um Mundial, um Brasileiro, duas Copas do Brasil, uma Sul-Americana e seis Paranaenses. Em quatro anos, o Furacão faturou apenas o título da Marbella Cup, em 2013, torneio amistoso disputado num balneário da Espanha. Desta vez, o grupo de situação ainda não se manifestou.
A chapa Atlético de Novo tem como objetivo reaproximar o torcedor do clube, resgatar o “atleticanismo”. Trata ainda da reformulação do plano de sócios, revisão da política de ingressos, maior transparência, criação de um conselho gestor etc.
A Democracia Coração Atleticano, por sua vez, apresenta um diferencial polêmico. Propõe uma mudança no estatuto para criar um conselho consultivo com vaga reservada para torcedor, podendo ser de torcida organizada ou não. O grupo também aposta em devolver o “Atlético aos atleticanos” e dar prioridade ao futebol.
Material
Camisetas, adesivos, banners, bandeiras, jornais, panfletos, não há limites para a promoção das chapas que pretendem comandar o Furacão. Neste sábado (7), a Confraria do Atlético, grupo que apoia Mario Celso Petraglia, fará um “adesivaço” para promover o grupo de situação.
As oposicionistas Atlético de Novo e Democracia Coração Atleticano também prometem grande distribuição de material antes do confronto do Furacão com o Avaí. Não será surpresa se a arquibancada da Baixada virar palco para o confronto político.
Propaganda política
A eleição deste ano já superou as demais em termos de propaganda das chapas, por causa das redes sociais. Facebook, Twitter, Instragram e WhatsApp são as ferramentas mais eficientes para atingir os torcedores atleticanos.
As duas chapas de oposição já trabalham forte no meio virtual, cada qual com suas páginas próprias. A Atlético de Novo foi além e apresentou dois vídeos com Henrique Gaede, candidato à presidência do Deliberativo, nos moldes dos programas políticos de televisão. Peça produzida pela agência Deiró.
E quando se trata de redes sociais, não faltam também desinformação e ataques de toda sorte. Trabalho sujo feito pelos próprios integrantes das chapas, pelos entusiastas, torcedores comuns, muitas vezes usando perfis anônimos e fakes.
Financiamento
A grana para pôr a campanha na rua é assunto tabu, mesmo considerando que se trata de um pleito para entidade privada. Nenhuma das chapas gosta de abrir de onde vem o dinheiro para bancar comitês, material, jantares e deslocamentos.
Integrantes da Atlético de Novo afirmam que a chapa é sustentada pelos voluntários. Não há patrocínios. Na Democracia Coração Atleticano, Nadim Andraus tem colocado a mão no bolso para bancar boa parte dos gastos.