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Épico x Trágico. Sensacional x Terrível. Lenda x Trauma. Um único jogo, com consequências tão distintas. Um caso raro de vencedores e vencidos diante de um placar igual. "O jogo do Ziquita?", perguntaram alguns dos personagens procurados pela Gazeta do Povo para esta reportagem em 2008, quando o lendário 4 a 4 entre Atlético e Colorado, no dia 5 de nevembro de 1978, pelo Campeonato Paranaense completou 30 anos.

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SLIDESHOW: Confira lance a lance a "beatificação" de São Ziquita

Oficialmente, o privilégio coube a 8.276 pessoas presentes na antiga Baixada, no primeiro turno da Chave G, classificatória para a final do Paranaense. São tantos, porém, os que juram ter visto a proeza do artilheiro rubro-negro que a capacidade do estádio teria de comportar um público muito maior.

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Doze minutos, apenas isso, promoveram um atacante de comum a notável. Nesse curto período, ele transformou um 4 a 0 do Boca-Negra em um 4 a 4 valorizado como um triunfo vermelho e preto. Ainda hoje, quando a coisa aperta, alguém da torcida do Atlético grita: "Chama o Ziquita." "São Ziquita", como alguns batizaram na época.Não é fácil esquecer do que Ziquita foi capaz. Da vergonha da derrota para o êxtase de um empate triunfal.

Acompanhe a reconstituição do que aconteceu na partida em relatos de 2008 à Gazeta do Povo:

"Era o primeiro turno do último quadrangular e as duas equipes disputavam vaga na decisão. O técnico do Atlético, Diede Lameiro, armou a equipe para ganhar, só que o Colorado foi mais agressivo."Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo.

"Saí cedo de casa para encontrar um amigo antes da partida. Era um jogo importante."Antônio Marques Sasse, torcedor do Atlético.

"Nosso time era muito bom e entramos em campo subestimando o Colorado".Dionísio Filho, ex-lateral-direito do Atlético.

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"Começamos bem. Abrimos o placar no primeiro tempo, aos 35 minutos. No segundo, o time cresceu e os gols começaram a sair. Um atrás do outro (Levir Culpi, aos 3’, Da Silva, aos 21’ e Tyrso, aos 26’)."Zequinha, ex-zagueiro do Colorado.

"A derrota estava configurada. Muitos torcedores começaram a deixar o estádio."Heriberto Machado, historiador e atleticano.

"A equipe ficou meio atordoada. Não fui muito feliz naquela partida. Acabei substituído (por Lula) e devia estar mesmo atrapalhando porque saí e começou a reação."Aladim, ex-atacante do Furacão e atualmente vereador.

"A torcida vaiava, jogava latas de bebida no gramado. Piorou ainda mais quando o zagueiro Ademir foi expulso."Antônio Marques Sasse."O pessoal estava desanimado. Mas eu ainda acreditava e comecei a falar: vamos lá, vamos lá, não importa a derrota, vamos tentar."Ziquita, ex-atacante do Atlético, que ao contrário do que muitos falam, começou jogando a partida.

"Aí baixou o Pelé no Ziquita". Hélio Alves, supervisor do Atlético em 1978.

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"O Ziquita começou a falar: ‘joga a bola pra mim, joga a bola pra mim’. Quando ele marcou o primeiro, aos 31 minutos, foi pegar a bola no fundo da rede e disse que iria empatar." Dionísio.

"Nossa equipe estava tão bem que, quando o Ziquita marcou, o nosso pessoal reclamou entre si porque queriam ganhar de goleada, de tão fácil que estava. Não passou pela cabeça de ninguém que ele poderia fazer mais gols."Ary Marques, ex-lateral-direito do Colorado.

"Então começou algo incrível. O Atlético veio para cima e aconteceu aquelas coisas do futebol que não têm explicação. Faltavam menos de 15 minutos e a equipe desandou, não havia como prever aquilo. Começaram a levantar bola na nossa área, um trombava no outro e a bola sobrava para quem? Ziquita."Zequinha, ex-zagueiro do Colorado.

"Eu estava atrás da meta onde saíram todos os gols. Quando ele fez 4 a 2, aos 35 minutos, eu fiquei preocupado. Mas, quando o Ziquita marcou o terceiro, aos 36’, tive a certeza de que o Atlético iria empatar. Era uma coisa incrível, uma pressão. A torcida começou a voltar para o estádio." Edson Militão, colunista da Gazeta do Povo.

"Naquela época, abriam-se os portões na metade do segundo tempo e, com aquela reação, além dos torcedores que tinham ido embora, alguns que estavam na região começaram a ir correndo para o estádio."Hélio Alves.

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"Aos 43’, o endiabrado Ziquita marcou o quarto gol: 4 a 4. Era o empate. E aos 44’, ele cabeceou uma bola no travessão de Alexandre e quase fez o quinto. Pois é, o Atlético saiu de uma derrota iminente para um empate consagrador. Que espetáculo! Um futebol de altíssima qualidade foi jogado nesses minutos. Um filme do jogo ainda está presente na minha memória. Imagens inesquecíveis."Heriberto Machado.

"Foi absurdamente extraordinário. Épico. Foi aquela farra no estádio, uma bagunça. Um jogo tão antológico que anos depois as pessoas vinham me contar que tinham se emocionado com o jogo, e nem eram atleticanos, moravam até em outros estados."Carneiro Neto.

"Foi a atuação mais sensacional que eu vi de um jogador na minha carreira em 40 anos no futebol."Hélio Alves.

"Nunca vi alguém ganhar tanto dinheiro. A torcida estava tão feliz que invadiu o vestiário e começou a dar dinheiro para o Ziquita. Ele fez uma trouxa com a camisa do Atlético e encheu de dinheiro." Dionísio.

"De tudo aquilo, o que mais me marcou naquele dia foi um senhor humilde que chegou para mim e disse: ‘esse dinheiro é do leite do meu filho e vou te dar.’ Eu disse que não queria, que não poderia aceitar. Mas ele insistiu porque precisava retribuir tanta alegria que eu tinha dado à torcida."Ziquita.

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"Quem olha o placar, simplesmente, não imagina o que representou. Aparentemente poderia ser um resultado bom fora de casa para o Colorado, e um ponto só para o Atlético. Só quem assistiu sentiu que entraria para a história." Edson Militão.

"Foi pior que uma derrota, foi uma tragédia. Ninguém esquece o pior jogo da vida. Até hoje tem gente que lembra e cobra." Zequinha.

"Na hora, não caiu a ficha direito. Só depois fomos sentir o estrago que aquela partida causou. Abalados, perdemos o segundo jogo, na Vila Capanema, fomos eliminados e um monte de jogadores foi mandado embora."Ary Marques.

"Foi o jogo da minha vida. Um jogo que mostrou a força do Atlético e o poder de uma torcida." Ziquita, o herói.

Lance a lance, a "beatificação" de São Ziquita

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