Preço de Arena para jogo na Vila Capanema e o torcedor com uma nova incumbência. Inflacionado, o Atlético abre hoje a venda avulsa de ingressos para o jogo de sábado, contra o Grêmio, na Vila Capanema, ao preço de R$ 150. Até mesmo o sócio, se escolher ficar no restrito espaço coberto do Durival Britto, terá de desembolsar R$ 50 a mais por partida além da mensalidade. Um ingresso individual na cadeira custará R$ 200 e pode chegar a R$ 300 no camarote.
Os valores para a retomada do Campeonato Brasileiro são mais altos do que os praticados, por exemplo, na Copa das Confederações. A competição, com a presença de quatro seleções campeãs mundiais, nos mais modernos estádios do país, tinha ingressos comercializados por R$ 114.
Nômade por causa da reforma da Baixada e jogando como inquilino, o "CAP precisará angariar recursos para o pagamento desses valores de aluguel", justificou o Rubro-Negro em seu site oficial. "O Clube Atlético Paranaense ratifica a necessidade de entendimento e compreensão de todos. Além disso, realmente precisaremos de um esforço adicional da nossa grande torcida", convocou o mesmo texto publicado ontem.
Até agora o Furacão havia ofertado ingressos unitários neste ano no valor de R$ 100 apenas aos torcedores adversários, reservando seu espaço aos sócios com acesso garantido via pagamento mensal. O novo valor, agora também cobrado dos rubro-negros, chega a ser 50% maior de acordo com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), em média, a variação de preços dos ingressos de futebol em Curitiba nos últimos três meses foi de 13,70%.
"Convenhamos que está caro, abusivo, porque a Vila Capanema não oferece tanto conforto. Considerando a inflação de 6% ao ano e os cálculos da inflação sobre inflação, seriam necessários sete anos para se chegar a um aumento como esse [50%]", analisou o coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo e especialista na área de formação e análise de preços, Lucas Desordi. "Se está R$ 150 na Vila, vai custar uns R$ 300 na nova Arena", comparou.
Para especialistas, os altos valores não são vistos como um simples reajuste, mas como a recorrente estratégia de vários clubes em majorar o tíquete unitário como forma de angariar mais sócios beneficiados por valores menores. Um expediente controverso. "É uma maneira de aumentar a quantidade de associados, pois não há lógica para cobrar esses valores. Claro que vale pagar R$ 70 [preço de um dos pacotes de sócio-torcedor]. Mas não se pode esquecer de que o desempenho do time é um componente fundamental. E a resposta pode não ser como se espera", afirmou o consultor em gestão esportiva Amir Somoggi.
"O que todos os clubes estão fazendo é praticar um preço proibitivo no ingresso avulso para levar o torcedor a se tornar sócio. Mas o torcedor não tem só essas duas alternativas. Tem uma terceira que é se afastar do clube. E é uma opção muito real", reforçou Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria.
O reajuste é questionado até por sócios. "Acaba afastando completamente o torcedor eventual. Se o futebol vai bem, ninguém se importa com cadeira coberta, descoberta, tanto faz. Mas o Atlético não vem jogando bem há muito tempo e só a torcida tem de fazer a sua parte?", questionou o sócio e servidor público estadual Juarez Vilela. Na 15.ª colocação no Campeonato Brasileiro, o Atlético volta a campo após ter empatado sem gols com o Cuiabá na terça-feira.
"Entendo que isso seja provisório, até a conclusão da Arena. Daí, cada sócio saberá onde será o seu lugar, na faixa de preços escolhida", disse o empresário Felipe Brunetta. Sócio-torcedor, ele se nega a pagar o adicional de R$ 50 por um lugar coberto e vai encarar o instável clima curitibano que registrou três vezes mais chuvas do que a média histórica só no mês de junho.
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