Fotografados em março ao lado do atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e de seu antecessor, José Maria Marín – este indiciado pela justiça norte-americana no escândalo de corrupção no futebol mundial –, os mandatários da dupla Atletiba foram estimulados a comentar o caso durante a coletiva de anúncio de um novo patrocinador conjunto para ambos os clubes.
Mario Celso Petraglia, presidente do Atlético, foi bastante incisivo. “Diria até que se tivesse que se abraçar com capeta para melhorar o futebol paranaense, para expurgar os incompetentes, Mario Celso Petraglia faria. Não tenho rabo preso com ninguém, de estar ao lado alguém que estiver problemas até ser julgado e condenado”, bradou. “[Valeria a pena] Por qualquer apoio que viesse de onde viesse para acabar com a era Onaireves no Paraná, já são 30 anos...”, explicou.
Já o homem-forte do Coritiba, Rogério Bacellar, adotou um discurso mais político, mantendo a linha defensiva ao falar sobre a aproximação com a entidade que rege o futebol nacional – e que será alvo de uma CPI no Senado. Junto com a dupla, na foto tirada pela assessoria de imprensa da CBF, estava o então candidato à principal cadeira da Federação Paranaense de Futebol, Ricardo Gomyde, que representava a oposição e acabou perdendo a disputa eleitoral com Hélio Cury.
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“O Coritiba e o Atlético não foram à CBF para pedir apoio ao Gomyde. Fomos a uma reunião e o Gomyde foi como meu convidado”, disse Bacellar. “Fotografia com o Marín é praxe, todos os clubes fazem. Para mim, não denigre nada. O que nós queremos é o crescimento do futebol do Paraná. Não temos interferência na CBF e apoiamos o candidato que achávamos o melhor”, acrescentou.
Na entrevista coletiva, Petraglia foi quem mais se manifestou sobre as operações internacionais contra a corrupção. “Nós assistimos, sofremos todos os anos e estamos felizes por um lado. Temos a impressão de que o império acabou”, disse Petraglia, referindo-se ao caso Ivens Mendes de 1997 – o clube foi envolvido em um escândalo de corrupção na arbitragem do Brasileiro, chegou a ser punido e foi posteriormente inocentado, assim como Petraglia teve seu banimento decretado e mais tarde revogado –, e sobre a impossibilidade de o Atlético jogar a final da Libertadores de 2005 na Baixada.
“Na Commebol esse senhor [Eugênio Figueredo, ex-diretor] que hoje está preso nos tirou a possibilidade de vencer a competição [Libertadores]. Sabemos como tudo isso funcionava, tínhamos sempre a esperança de que esse dia chegaria. Hoje temos certeza que tudo será diferente, para benefício dos clubes, do futebol brasileiro”, acrescentou o presidente rubro-negro, que voltou a cutucar os dirigentes locais. Em outra resposta, lembrou “que tivemos problemas com a Federação pelo mesmo modelo corrupto, mas não tivemos ainda a condição de fazer a reforma que gostaríamos e precisamos”.
“Quem deve é que pague. Pensei que não fosse viver, mas felizmente tive o prazer e a satisfação de ver isso”, vibrou o presidente rubro-negro. “Não que eu seja rancoroso, que esteja alegre e feliz por terem pagado o preço. Estou feliz por ver que o futebol, essa paixão das multidões, vai ter um novo momento e vai ficar livre dessas pessoas que se apropriaram e que têm o interesse pessoal em primeiro plano”, afirmou.
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