“Estádio é um problema do Atlético, que precisa honrar o que assinou”. “Não há rubrica no orçamento da cidade destinada a clube de futebol”. “Não será usado dinheiro público no estádio. O clube contratará a obra por conta própria e terá que ir ao mercado captar os recursos”. “O potencial construtivo foi um instrumento aprovado pela Câmara de Curitiba para alavancar o dinheiro necessário”. “Tem que haver reflexão sobre o tema, pois a capital está recebendo mais de R$ 1 bilhão em investimentos. Isto também é contrapartida, pois são obras que foram agilizadas por conta de Curitiba ter se viabilizado como cidade-sede da Copa.”
A transformação no discurso sobre o financiamento da Arena pertence ao ex-secretário municipal da Copa em Curitiba, Luiz de Carvalho. Ele foi preso pela Polícia Federal na última quinta-feira (11), em operação contra evasão de divisas e lavagem de dinheiro entre o Brasil e países do exterior. Foram presas 11 pessoas suspeitas de lavar R$ 3 bilhões em três anos.
Não há informações de investigação em andamento sobre a atuação política de Carvalho.
Secretário municipal de Turismo desde 2005, e bem relacionado nos bastidores políticos, foi nomeado para exercer a função de “Gestor da Cidade - sede Curitiba, da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014”, em 8 de junho de 2009. Cerca de um ano depois, em 20 de setembro de 2010, era testemunha no convênio tripartite entre estado, município e Atlético.
Em 2012, Carvalho assinou ao lado do prefeito Luciano Ducci dois decretos sobre a instituição e repasse do potencial construtivo para bancar a reforma da Arena. Muito discutido, o uso da moeda imobiliária encontrou no secretário um grande defensor.
Sem conseguir a reeleição, Ducci deixou a prefeitura. A saída de Luiz de Carvalho, entretanto, era cogitada antes do pleito, por desgaste interno. Reginaldo Cordeiro assumiu a pasta na gestão Gustavo Fruet.
A reportagem tentou contato com a Polícia Federal obter novas informações sobre as operação, mas o processo esta sob segredo de Justiça. “Na sexta-feira o delegado [Alberto Ferreira Neto] que coordena a operação cobrou dos advogados que não se manifestassem”, disse à Gazeta do Povo o advogado do ex-secretário, Felipe de Carvalho. Ele estava em São Paulo, para onde foram encaminhados os suspeitos, que estão sendo submetidos a acareações e coleta de depoimentos.