Um dos potenciais candidatos à presidência do Atlético nas eleições de dezembro, Henrique Gaede recusou nesta segunda-feira (21) o convite feito pelo presidente do clube, Mario Celso Petraglia, para ser um interlocutor do Rubro-Negro junto ao poder público. Na semana passada, por meio de uma nota oficial, Petraglia deu carta branca para que Gaede assumisse as negociações com Prefeitura de Curitiba e Governo do Paraná para resolver o imbróglio financeiro que envolve a reforma da Arena da Baixada.
“Se num primeiro momento suas palavras [de Petraglia] me causaram uma certa surpresa, após contextualizá-las, a surpresa deixou de existir. Explico, é que ‘não se ensina truque novo a cachorro velho’. Receber um convite dessa grandeza seria uma honra, caso não estivéssemos às vésperas de um processo eleitoral”, escreveu Gaede. Para ele, se o convite tivesse sido feito em outra circunstância, de outra forma, poderia ter sido aceito em prol do clube.
“Preciso saber se ele está mesmo disposto a flexibilizar as coisas, não sei o que ele pensa sobre o tema. Não sei dos detalhes do que foi conversado, negociado [com Prefeitura e Governo], em que fase está. Como atleticano, reconheço que o Mario é uma pessoa que ajudou muito, não tenho duvidas, mas não tem como ajudar se eu não souber o que de fato acontece”, disse depois, por telefone, à Gazeta do Povo.
Gaede ainda não considera certa sua candidatura. “Poderei sim ser um candidato, como sugere nosso presidente, mas faço parte de um grupo de pessoas que têm ideias de transformação e renovação, e assim é preciso que haja um amplo debate, para que aquilo que for idealizado na campanha possa ser viabilizado durante a gestão”, continuou.
De qualquer forma, Gaede evitou uma posição mais crítica em relação ao atual presidente atleticano. “Hoje não podemos generalizar a oposição, pois temos que definir se ela é ao Mario [Celso Petraglia] ou à política implementada por ele. Não sou contra ele, mas sim contra sua forma de gestão”, completou.
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Confira a carta-resposta divulgada por Gaede nesta segunda-feira:
“Passada a euforia, e a nova decepção do Atletiba, me ative a releitura da Carta intitulada “Um sincero convite ao candidato de oposição”, escrita por Mário Celso Petraglia, presidente do Clube Atlético Paranaense, e a mim parcialmente dirigida, onde sou convidado a ser o novo “procurador” do Clube na tentativa de um acordo com a Prefeitura.
Se num primeiro momento suas palavras me causaram uma certa surpresa, após contextualizá-las, a surpresa deixou de existir. Explico, é que “não se ensina truque novo a cachorro velho”.
Nosso presidente tem suas convicções, e acredita piamente no seu “projeto”, o qual, ao menos neste momento, não me cabe qualquer juízo de valor.
Assim, voltarei minha atenção apenas à resposta ao seu convite:
1) Nunca me furtaria a ajudar o Clube Atlético Paranaense. Para mim, por motivos óbvios; para outros, não tão óbvios assim. É que paixão não se explica, apenas se vive. Acredito que, dentro de uma nova política do futebol, há espaço para acolhê-la. Não vejo qualquer sentido em renegar esse sentimento, ou gerir um clube de futebol simplesmente a desconsiderando;
2) Receber um convite dessa grandeza seria uma honra, caso não estivéssemos às vésperas de um processo eleitoral que, aliás, ainda não apresenta todas as suas alternativas e variáveis. Poderei sim ser um candidato, como sugere nosso presidente, mas faço parte de um grupo de pessoas que têm ideias de transformação e renovação, e assim é preciso que haja um amplo debate, para que aquilo que for idealizado na campanha possa ser viabilizado durante a gestão. Não tenho qualquer interesse em ser “candidato de mim mesmo”, e muita água passará por debaixo dessa ponte, até que haja uma definição;
3) Mas nem só de paixão vive o homem. É preciso alimentá-la por meio da razão. E é aí que as maiores divergências passam a se apresentar. Não acredito mais na velha política, daquela que não considera a existência de amizades sinceras. Acredito na transformação por meio da transparência nas relações e no diálogo. Como também sou “cachorro velho”, já não tenho mais aptidão para aprender novos truques;
4) Quando me refiro a mudança de interlocução, não é apenas para casos pontuais. É necessária uma mudança da filosofia que promova um reestabelecimento da confiança. Isso infelizmente não pode ser explicado numa resposta que pretende ser objetiva;
5) Se enganam aqueles que pensam que faço parte do time do “quanto pior melhor”. Muito pelo contrário. Quero ver o Clube Atlético Paranaense patrimonialmente consolidado, dando valor ao seu apaixonado torcedor, batendo recorde de público – se possível, renda - e, principalmente, formando times competitivos que nos tragam possibilidades reais de títulos, em todas as competições. Acredito que conseguiremos, pois não pretendo fazer isso sozinho.
Por fim, e quanto às supostas relações de amizade que eu teria junto à Prefeitura, digo que para algumas soluções não bastariam relações de amizade. Independentemente de convicções políticas, sei que se trata de gente séria, que administra a cidade com base em decisões técnicas, e o encerramento natural de um ciclo de gestão é um dos seus importantes balizadores. Sabemos disso, “cachorros velhos” que somos. Exigir um encerramento antecipado desse ciclo não faria justiça à sua história junto ao Clube Atlético Paranaense.
Agradeço ao Presidente Mario Celso Petraglia pela oportunidade de minha manifestação, reconhecendo nele, publicamente, a figura de um grande Atleticano, que já contribuiu muito para com o nosso Clube.
Henrique Gaede
Torcedor do Clube Atlético Paranaense”
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