"As mais desmedidas e insanas atitudes contrárias às obras no Estádio do Atlético passaram a ser tomadas, desde 2007. Os vereadores coxas travaram os projetos; o dinheiro do BNDES demorava para ser liberado; a pobre e inconsequente imprensa coxa publicava, todos os dias, um monte de inverdades sobre a construção; os clubes adversários fizeram de tudo para atrapalhar os planos do Atlético. A campanha contrária foi enorme e absurda. A autofagia e a dor de cotovelo imperaram, demonstrando a incompetência e a incongruência dos invejosos."
Trecho do livro Arena da Baixada 100 anos sobre o estádio e a Copa.
"Uma obra de torcedor, para torcedor". Não há resumo melhor para o livro Arena da Baixada 100 anos, escrito pela empresária Milene Szaikowski e pelo historiador Heriberto Ivan Machado.
Publicado neste mês de forma independente pelos autores, a obra conta em detalhes e de maneira didática toda a história do primeiro estádio construído no Paraná para receber um jogo de futebol.
Aficionada pela história do Atlético, Milene é a criadora do Círculo da História Atleticana, que reúne torcedores, personagens ilustres e ex-jogadores para conversas e discussões sobre o dia-a-dia do clube. A partir dessa paixão, da amizade e admiração pelo professor Machado (autor de outras obras relacionadas à história do futebol paranaense) e da descoberta de que sua árvore genealógica tinha "galhos" dentro do velho Joaquim Américo, a ideia de escrever o livro veio como um estalo.
O trabalho de pesquisa foi minucioso e exigiu bastante esforço e disciplina para não publicar dados equivocados. "Foram muitas tardes de pesquisa na Biblioteca Pública, Museu Paranaense e em jornais da época", disse Milene. Um dos maiores desafios foi encontrar a ficha técnica do primeiro jogo realizado no estádio.
Pensava-se que o primeiro jogo tinha sido realizado em 1914. Contudo um jogo de dezembro de 1913, mais precisamente no dia 21, era tido como lenda até pouco atrás teve sua realização confirmada. "Nós tínhamos encontrado o convite para a inauguração, mas naquela época às vezes adiavam o jogo e não tínhamos certeza se ele havia acontecido de fato. Recentemente o Professor Heriberto encontrou um jornal que tinha a ficha técnica do jogo e pudemos confirmar que a Inauguração aconteceu mesmo em 1913".
Em 100 anos de história, o grande trunfo da Baixada é a própria Baixada. Para Milene, ao longo dos anos tentou-se mudar o local do estádio atleticano com vários projetos diferentes. "O lugar idealizado por Joaquim Américo em 1912 permaneceu firme e forte, mesmo com todas as dificuldades que o Atlético enfrentou para mantê-lo". Os períodos em que teve que se ausentar, seja por reforma do estádio, seja pelo acanhamento das instalações e quase abandono em algumas gestões, foram determinantes para que a mística da Arena se mostrasse efetiva. "O Atlético é o que é graças à Baixada".
Diversos personagens foram marcantes na história do estádio e são citados pelos autores, partindo do ex-presidente Joaquim Américo, o atual Mário Celso Petraglia, o ex-presidente José Carlos Farinhaki, Alfredo Gottardi ("Que cuidou do gramado como se fosse dele", escreveu) e a torcida Os Fanáticos como "a cara da Baixada".
A velha Baixada, o Farinhakão, a primeira Arena e a nova Arena da Baixada. Em fatos, fotos e emoções (basicamente para os atleticanos, a obra tem pelo menos um deslize histórico movido pela paixão dos autores: a descrição do episódio para a escolha da praça esportiva como palco da Copa), o livro apresenta ao torcedor uma espécie de caderno de memórias. Para guardar como um álbum de família.
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