No começo de carreira, bem antes de se tornar titular absoluto do Atlético e o atual jogador com mais partidas pelo clube (232), dois fatores foram fundamentais para Manoel despontar no futebol.
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O primeiro é relacionado à alimentação do zagueiro de 1,81 m e 82 kg. Arroz, feijão, farinha e peixe, muitas vezes pescado por ele mesmo, faziam parte da dieta do maranhense do interior de Bacabal, município de 60 mil habitantes distante 250 km da capital São Luís.
O outro e decisivo fator para o sucesso do atleta é a determinação de quem carpia roça de arroz, milho e mandioca todos os dias, mas estava resoluto a mudar de vida. "Não vou ficar cavando pé de porco [carpindo] a vida inteira", garantiu Manoel, então com 13 anos, segundo o relato da mãe, Antônia da Silva, 77 anos, com quem fala "todo o santo dia" por telefone, entre a novela e o Jornal Nacional.
A partir desse momento, as coisas tomaram outro rumo na carreira dele. Mudou-se para a capital para tentar a sorte nas categorias de base do São Luís. Lá, viveu por mais de um ano com um grupo de intercambistas sul-coreanos que queriam aprender a jogar bola. Mas foi ele quem aprendeu uma lição da cultura oriental.
"O treino era às 16 horas, mas duas horas antes os coreanos já estavam dentro do campo trabalhando. Eram jogadores medíocres, mas que evoluíram por causa da dedicação. Imagine então o Manoel, que já era bom, mas sempre ia ao treino junto com eles", relembra Flávio Aragão Macau, diretor da primeira escolinha de futebol frequentada pelo zagueiro que hoje é aclamado pela torcida atleticana e pela crítica como um candidato à seleção brasileira.
Paulo Baier, amigo e companheiro de Atlético desde 2009, fez o pedido após a "monstruosa" atuação contra o Palmeiras, quarta-feira, pela Copa do Brasil. O técnico Dirceu de Mattos, que o levou para as categorias de base do Nacional de Rolândia, último clube do jogador antes de chegar ao CT do Caju, faz coro pela amarelinha. "Já no juvenil ele tinha muita vantagem sobre os meninos da mesma idade", lembra.
Geninho, responsável por lançar o defensor em 2009, em uma partida contra o Flamengo, no Maracanã, também corrobora da ideia. "Ele não joga menos do que os que estão lá. Se derem a chance ele se apresenta e joga com naturalidade", diz ele, que destaca a força, a velocidade e o jogo aéreo, além da personalidade forte, como principais características do camisa 3.
A personalidade fez Manoel querer deixar o Atlético algumas vezes. Com a mudança pronta, ele foi convencido pelo procurador, Neco Cirne, a permanecer. Salário baixo e transferências negadas foram os motivos.
"Chegou bastante coisa. Corinthians, Inter, São Paulo, Grêmio e Cruzeiro já o sondaram. Espanhóis e russos também", conta Cirne. "Mas hoje ele está feliz aqui. Já conversamos com o presidente, que deu um aumento considerável. Se houver uma proposta razoável ele não vai tentar segurar", completa o empresário.
Nada mal para quem começou ganhando cerca de R$ 2 mil mensais. "A gente que é pobre não pensa que vai dar certo. Pensa, mas não pensa. Quando ele começou jogando eu só queria ver ele feliz, fazendo o que tinha vontade", relembra a orgulhosa mãe Antônia.
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