“Cada treinador que é demitido no Brasil é mais um gol para a Alemanha”. Foi com essa alusão à goleada por 7 a 1 imposta pela Alemanha sobre o Brasil na Copa de 2014 que o técnico Milton Mendes avaliou sua demissão do Atlético, selada após a derrota para a Ponte Preta, domingo (27), na Baixada. O revés representou a sexta partida seguida do Furacão sem vencer no Brasileirão.
O treinador revelou que compreende a decisão da diretoria, mas não escondeu o sentimento de decepção pelo que definiu como o fim precoce de um projeto de longo prazo. “De minha parte, sempre estive preparado para me manter no projeto do clube. Sou um treinador de projetos. E um projeto, quando é forte e duradouro, tem pontos positivos e negativos. Estamos [futebol brasileiro] voltando à estaca zero”, disse Mendes, em entrevista ao canal SporTV, nesta segunda-feira (28).
De minha parte, sempre estive preparado para me manter no projeto do clube. Sou um treinador de projetos. E um projeto, quando é forte e duradouro, tem pontos positivos e negativos. Estamos [futebol brasileiro] voltando à estaca zero
Os pecados de Milton Mendes no Atlético
Gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e vaidade... Saiba onde o técnico se encaixa em cada um dos pecados capitais
Leia a matéria completaNa sua chegada, em maio, Mendes chegou a dizer que ficaria por dez anos no Furacão. O técnico demitido reforça a crença que tinha no projeto atleticano ao relatar que recusou convites de outros clubes ao longo da trajetória do time no Brasileirão. Um deles veio do Sport, após a demissão de Eduardo Baptista. Como Mendes optou por permanecer na Baixada, o time pernambucano acertou com Falcão.
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“Tive alguns convites ao longo da campanha no Brasileiro e não saí, justamente pensando no projeto. Os jogadores tentaram, nossa equipe é uma das que mais constrói jogadas, mas não finaliza. Quando a bola não entra, não adianta. Sobrou para mim”, admite Mendes, para quem a juventude do elenco atleticano pesou para que o time não conseguisse repetir, no segundo turno, o desempenho surpreendente que apresentou no turno inicial da Série A.
“Pensava que o segundo turno seria melhor, mas quando o campeonato começou a afunilar, nossa equipe começou a sofrer por ser muito jovem. Precisava de experiência, traquejo e lastro em primeira divisão para suportar a dificuldade do campeonato”, analisa Mendes.
Por fim, o treinador avalia como positivo seu retrospecto à frente do Furacão. Foram ao todo 34 partidas, 16 vitórias, cinco empates e 13 derrotas, com aproveitamento de 51,9%. “A equipe fica com 38 pontos na Série A e praticamente nas quartas de final da Sul-Americana. Saio com o sentimento e o coração tranquilos. A direção entende que o elenco precisava dessa mexida. Do ponto de vista deles, eles têm alguma razão. Mas tem coisas que a gente concorda e outras não”, encerra.
Projeto “antigo”
Mais do que a demissão do terceiro treinador do clube no ano, o desligamento de Milton Mendes do Atlético representa o fim de um projeto iniciado pelo clube em junho de 2014.
Culpa da diretoria ou do técnico? Falta de planejamento? Colunistas opinam
Leia a matéria completaNa ocasião, após ser demitido pelo Paraná, Mendes foi procurado para treinar a equipe sub-23 do Furacão. Recusou, mas permaneceu no radar rubro-negro. Em seguida, teve o nome sugerido pela diretoria atleticana à Ferroviária, clube com quem o Furacão mantém parceria desde 2004.
Após conquistar a Série A-2 do Paulista pela Ferrinha no início do ano, desembarcou na Baixada em maio para livrar o time do rebaixamento no Estadual. Antes, o Furacão já havia testado Claudinei Oliveira e Enderson Moreira. Mendes conseguiu o objetivo e chegou a surpreender no primeiro turno do Brasileirão, mas não resistiu à queda de rendimento no segundo turno. Cinco meses depois assumir, foi demitido.
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