A Polícia Civil cumpriu 12 mandados de busca e apreensão na casa de nove funcionários e três ex-funcionários do Atlético nessa quarta-feira (29). A ‘Operação Tempestade’ apreendeu cerca de 800 itens, entre camisas, agasalhos, chuteiras e diversos materiais esportivos do clube. O prejuízo estimado é de pelo menos R$ 100 mil.
Sete pessoas já foram conduzidas ao 10.º Distrito Policial, no bairro Sítio Cercado, e prestaram depoimentos. Todas confessaram ter desviado material em algum momento. Os envolvidos serão indiciados e podem ser condenados por crime de furto, receptação e formação de quadrilha.
FOTOS: Veja imagens dos materiais apreendidos. Tem até agasalho do Antônio Lopes
A investigação se estendeu por um mês e meio e começou após uma denúncia feita pelo próprio clube. Materiais de uso exclusivo dos atletas estavam sendo comercializados na internet, o que chamou a atenção. “Foi apreendido muito material. São camisas, agasalhos, camisas de treino, até sunga usada por jogadores”, contou o investigador Luiz Schmidt.
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Outras pessoas já foram identificadas e o número de indiciados deve aumentar. A maior parte do material apreendido foi encontrada com um ex-funcionário do clube. Essa mesma pessoa já tinha inclusive exemplares da camisa atual atleticana, entregue ao clube há pouco mais de um mês. Segundo os investigadores está claro que este ex-funcionário continuava com acesso aos materiais.
O advogado deste torcedor esteve na delegacia, mas preferiu não comentar a prisão por não ter tido acesso ao processo. Seu cliente é apontado como um dos mentores dos desvios e se gabava de ter conseguido comprar seu apartamento só com os valores obtidos pelos desvios.
“Funcionários têm direito a certo número de materiais, mas eles conseguiram burlar esse sistema e pegavam a quantia que quisessem. E isso acontecia há muitos anos”, explicou o delegado titular do 10.º DP, Edward Ferraz. “Todos os ouvidos admitiram os crimes. Vamos ouvir o clube e avaliar se todo o material apreendido é oriundo da prática do furto, para encaminhar a conclusão do inquérito”, acrescentou.
Segundo a polícia, o Atlético confirma que o tipo do material apreendido é, em sua maioria, de uso exclusivo dos atletas, não sendo dado como presente ou recompensa aos funcionários.
De acordo com o advogado Conrado Gama Monteiro, que representa o Atlético, o clube ficou surpreso com o envolvimento de tantos funcionários. “Já havíamos identificado um furto, mas esse caso acabou desencadeando a identificação de todos os outros. Fomos surpreendidos”, explicou, sem conseguir mensurar o prejuízo.
Os mandados foram cumpridos nos bairros São Braz, Sítio Cercado, Alto Boqueirão, em Curitiba; Guaraituba e Alto Maracanã, em Colombo; e na Fazenda Rio Grande.
Entre os materiais apreendidos, estão várias camisas de treino, uniformes usados pela comissão técnica, bermudas térmicas ainda no pacote, luvas novas, chuteiras no valor aproximado de R$ 300 – algumas novas – e bolas oficiais, que custam cerca de R$ 500.
A polícia ainda investiga a participação destes funcionários e de outros terceirizados no roubo de 19 televisores de 29 polegadas e do desvio de material de construção durante a Copa do Mundo. “O clube registrou um B.O. [Boletim de Ocorrência] sobre o desaparecimento de aproximadamente R$ 120 mil em materiais de construção no ano passado, enquanto a Espanha estava no CT do Caju”, explicou o investigador.
Todos os envolvidos permanecem em liberdade, mas podem, caso indiciados e condenados, cumprir penas de um a quatro anos de reclusão. Aqueles que ainda trabalham no Atlético serão demitidos.
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